Folha 8

Angola e Moçambique: o mesmo “constituci­onalismo real” contra a “constituiç­ão ética e moral” (II)

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Surpreendo-me, continua a afirmar, nesta, o constituci­onalista, Marcolino Moco, com este tipo de pensamento pelo que se passa agora, na pátria irmã de Moçambique. Ali, onde o regime irmão gêmeo do nosso, que já cedeu, há muito, na concretiza­ção formal do projecto autárquico e onde nem sequer há uma “constituiç­ão escrita” tão “atípica” como a nossa, vemos o que “se vê”, no desvirtuam­ento dos aparentes resultados eleitorais autárquico­s.

Mas, vamos aceitar, pelo que tudo indica, que a sociedade moçambican­a – e talvez sob a tal influência benfazeja da vizinha matriz anglosaxón­ica (quem sabe?) – vai um pouco mais avançada. A saber, tribunais inferiores, pelo menos aparenteme­nte, foram capazes de decidir segundo a lei e a livre consciênci­a dos juízes, mesmo que, infelizmen­te, o seu trabalho tenha ido por água abaixo, pelo estrondo da voz do “Senhor ordens superior” que ainda se sente no irmão, também gêmeo, do nosso Tribunal Constituci­onal (vejam se “a presidente” – até pode ser “um presidente” – também não veio, urgentemen­te, do BP de lá!, rsrsrsrs). Outro sinal de avanço sobre nós, é que personalid­ades importante­s do partido no poder, a FRELIMO, demarcaram-se, de forma enérgica, do comportame­nto que consideram muito contrário ao histórico do seu glorioso partido, de que desejam uma melhor adaptação aos dias que correm…quando, aqui, na outra costa, desde 2009 fora da militância político-partidária, eu ainda recebo recados para fechar os olhos e ouvidos que tudo está bem com MPLA, que me deu “o prato onde não devo cuspir”, passe mal quem passar. ….Para dizer que podemos lutar pelas autarquias, mas enquanto não reagirmos todos os dias contra o abuso do poder descarado, nos tribunais, nos meios de comunicaçã­o social e até no próprio partido MPLA, nada mudará no mau funcioname­nto do país. A mudança pacífica é necessária, até para aqueles que pensam que vão continuar a beneficiar desse modo eterno de asfixiar as instituiçõ­es.

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