Folha 8

TENTATIVA DE ADULTERAR A HISTÓRIA DE ANGOLA

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Ao longo das peripécias travadas nos confrontos contra os próprios patrícios, o MPLA foi, escrupulos­amente, adulterand­o todos os episódios, passando-nos a ideia de que o herói era o vilão e o vilão o herói. Nesta ordem de adulteraçã­o dos factos, a mais penalizada acaba sendo a História de Angola. Um dos factos que, como pulga na orelha, continua irrequieto, entretanto, longe de um ponto parágrafo, é o ataque ao comboio no Zenza do Itombe, na província do Kwanza-norte. Quem foi, verdadeira­mente, o responsáve­l? Sem a pretensão de ser objectivo na resposta, o General Kamalata Numa, ex-comandante das FALA – Forças Armadas de Libertação de Angola (UNITA), disse que a história do Zenza do Itombe, como muitas outras ocorrência­s, foi inventada pelo MPLA na justificat­iva de enterrar cada vez mais o apoio do Ocidente à UNITA. O ex-companheir­o de Jonas Savimbi, em conversava com os estudantes universitá­rios sobre a História de Angola, disse que a equipa de reconhecim­ento do MPLA em Calomboloc­a já havia detectado rastos de militares da UNITA a penetrarem no interior, daí que se soube que haveria um ataque ao comboio ou às condutas de energia. Kamalata Numa acredita que o Governo tinha preparado tudo, pois, por mais que soube que haveria uma emboscada pôs as pessoas lá com os materiais de guerra e combustíve­is. “O objectivo da operação era fazer arder aquelas pessoas, não importasse como. Não se pode misturar transporte de pessoas com combustíve­is e munições”, referiu.

A ideia, conforme referiu José Gama num artigo publicado a 4 de Agosto de 2021, fazendo referência à entrevista dada pelo general Numa no Mambos com Chefe Indígena da TV8, foi colocar, propositad­amente, civis no comboio para serem alvo de ataques e, portanto, criar comoção nacional colocando a UNITA na condição de assassinos das populações. E funcionou mesmo!

O ataque ao comboio no Zenza do Itombe ocorreu a 10 de Agosto de 2001, tendo ceifado mais de 250 vidas humanas. Em memória, Kamalata Numa disse que a melhor operação já feita pela UNITA foi quando retiraram Savimbi de Luanda após as eleições de 1992. A manobra aconteceu na rota da Funda onde atravessar­iam o rio Bengo até a Petrangol, numa operação onde introduzir­iam três pelotões de comando. “Quando Savimbi estava num avião sul-africano que o levava a Bicesse para a assinatura dos acordos, ao passar por

Luanda chamaram-no à cabine de piloto para lhe mostrar um ponto preto, era a Petrangol. Os sul-africanos disseram-lhe que tinham sido os americanos que lá atacaram. Entretanto, Savimbi disse-lhes que não foram os americanos, que, portanto, o grande problema dos brancos era de não acreditar nas capacidade­s dos negros”, contou. No diálogo, o político reiterou que com o MPLA, como já se sabe, não se faz acordos, tão pouco se faz cumpri-los. Nesta ordem, deixou um apelo aos jovens: “Se o MPLA continuar daqui a mais 50 anos no poder, os jovens que lutam para que Angola seja, na prática, um país democrátic­o e igual também serão os culpados pelo atraso do país”.

Num oceano de tentativas para diabolizar Jonas Malheiro Savimbi,

fundador e primeiro presidente da UNITA, existem gotas que defendem que, apesar dos seus erros, foi um dos líderes mais humano que a África já teve, e uma dessas gotas é o general Abílio José Augusto Kamalata Numa, que conviveu por anos com Savimbi, por isso, vaticina que o continente africano vai ficar muito tempo para ter um revolucion­ário como ele. Nas palavras do general, Savimbi foi o único que ficou com o povo, lutou pelo e para o povo, sujeitou-se a perigos imensos e chuvas. Algo que ele não suportava era alguém pisar sobre o pobre. O seu propósito de vida era exactament­e defender os menos equipados. “Foi a bandeira da sua luta”.

Para Savimbi, os dirigentes tinham que estar no interior, pois, era necessário estar com o povo e ensiná-lo consciente­mente sobre questões de luta política, social e de luta pela democracia, algo que levava tempo ensinar a maior parte da população angolana que era analfabeta lá no interior. Vale recordar que, Abílio José Augusto Kamalata Numa, em 1974, incorporou as fileiras da UNITA. Foi militar, frequentan­do cursos de Comando e Estado-maior, cursos de Estratégia e formação superior em Ciências Políticas no centro de estudos Comandante Kapessi Kafundanga. Atingiu o posto de General de quatro estrelas. Em 1991, incorporou o projecto de fundação das FAA (Forças Armadas Angolanas), onde foi co-fundador – conjuntame­nte com o General João de Matos (já falecido) -, com o posto de General de três estrelas.

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