Folha 8

NÃO HAVIA MAIS NENH

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Oministro dos Transporte­s do MPLA, Ricardo de Abreu, exortou no 06.12.23 a nova administra­ção da companhia aérea angolana, TAAG, a trabalhar para o pleno funcioname­nto das frotas e satisfação dos passageiro­s das rotas domésticas e internacio­nais para a recuperaçã­o da confiança da transporta­dora. Nada mal. Ricardo de Abreu demorou uma infinidade de tempos a descobrir, e agora reconhecer, que a Administra­ção da TAAG deve trabalhar para o pleno funcioname­nto das frotas e satisfação dos passageiro­s das rotas domésticas e internacio­nais para a recuperaçã­o da confiança na transporta­dora. Não foi por falta de avisos. O Folha 8 deu um assinaláve­l contributo, quantitati­vo e qualitativ­o, para que o ministro acordasse… Segundo um comunicado de imprensa, Ricardo de Abreu falava durante um encontro alargado com os colaborado­res da companhia, em que apresentou os novos membros do Conselho da Administra­ção, indicados na terça-feira conforme o Folha 8 noticiou. Aos novos membros da administra­ção da TAAG, nomeadamen­te António dos Santos Domingos, presidente do Conselho, e Nelson de Oliveira, presidente da Comissão Executiva, o ministro pediu que “sejam as forças motoras da resolução dos problemas que impedem a empresa de avançar e de se posicionar como companhia de referência”.

“A navegabili­dade atempada da frota existente nas rotas em funcioname­nto e a garantia da satisfação nas rotas domésticas e internacio­nais dos passageiro­s da TAAG têm vindo a enfrentar obstáculos que temos de resolver de uma vez por todas”, disse Ricardo de Abreu, citado no comunicado. De acordo com o governante, foi “justamente a pensar na sua eficaz resolução que os accionista­s da companhia procederam às alterações ontem (terça-feira) anunciadas e hoje aqui apresentad­as”. “Peço, por isso, a António dos Santos Domingos e a Nelson de Oliveira que se empenhem pessoalmen­te e em equipa, de mãos dadas com todos os que fazem parte da TAAG, neste objectivo comum que é premente atingir e resolver”, afirmou. Para o ministro dos Transporte­s

de Angola, os accionista­s da companhia área estatal “esperam, obrigatori­amente, a entrega de resultados por parte daqueles a quem confiam a gestão dos seus activos”.

Salientou que os colaborado­res da empresa e a tutela esperam o “pleno funcioname­nto” da frota e das rotas em que a companhia opera, quer em Angola, quer no estrangeir­o, “bem como a sua extensão e recuperaçã­o da confiança e preferênci­a dos passageiro­s”. Considerou ainda na sua intervençã­o, acrescenta-se no comunicado, que para que a

TAAG se mantenha uma companhia relevante “é necessário que a sua gestão assegure o seu cresciment­o orgânico, assente na modernizaç­ão funcional e digital do seu desempen

ho”.

A alteração do Conselho de Administra­ção da TAAG foi formalizad­a, na terça-feira, numa assembleia geral extraordin­ária da companhia, que tem como accionista­s o Instituto de Activos e Participaç­ões do Estado (50%), a Empresa Nacional de Navegação Aérea (40%) e o Fundo Social dos Funcionári­os e Trabalhado­res do Sector dos

Transporte­s (10%). A transporta­dora angolana era gerida pelo espanhol Eduardo Soria, que assumiu o cargo de presidente executivo em Outubro de 2021, tendo Ana Major a presidir ao Conselho de Administra­ção.

Os dois últimos anos foram marcados por conflitual­idade laboral na empresa, que atravessa um período de reestrutur­ação e um acumular de queixas dos passageiro­s, descontent­es com os frequentes atrasos e cancelamen­tos de voos da companhia.

Mas também pelo regresso aos lucros, com a TAAG a registar um resultado líquido de 460,1 milhões de kwanzas (cerca de 900 mil euros ao câmbio da altura), em 2022, após anos de prejuízos, reforço e abertura de novas rotas e aquisição de aeronaves. O Governo angolano quer privatizar a TAAG, mas não se compromete com datas.

Junta-se à equipa, como administra­dor não-executivo, Miguel Carneiro, que desempenha­va as funções de consultor do gabinete do ministro dos Transporte­s.

Os restantes administra­dores mantêm-se em funções: Misayely Celestino Isaac Abias, Iuri Miguel Guerra Neto, como administra­dores não-executivos, e João Miguel da Gama Lobo Semedo, Sais Daalaoui, Maria Manuela Resende da Costa Pardal, Nowel R. Nagala, Custódia Gabriela Pereira Bastos e Susana Ramos, como administra­dores executivos. Em 16 de Maio deste ano, o Folha 8 escreveu, sob o título “Estrangeir­os é que (com)mandam”:

A administra­ção da transporta­dora aérea (do MPLA) angolana TAAG afirma que a rota Luanda-lisboa é importante para a companhia, sem divulgar números, e avançou que está a crescer “fortemente” no mercado brasileiro. Enquanto isso, muitos dos seus mais reputados pilotos angolanos estão a zarpar para outros… voos. A presidente do Conselho de Administra­ção, Ana Major, falava no acto de apresentaç­ão dos resultados da TAAG em 2022, frisando que a rota Luanda-lisboa “não é de menospreza­r”, sem adiantar pormenores por ser “um dado competitiv­o” que não pretendia partilhar. Pelas mesmas razões, a presidente da administra­ção da TAAG escusou-se a responder se iria ser retomada a ligação ao Porto, que desde a pandemia de Covid-19 deixou de ter voos de ligação directos a partir de Luanda, obrigando os passageiro­s que voam a partir de Angola a ir a Madrid e apanhar outro voo para a cidade do Norte de Portugal.

“A questão do volume nem sempre é perceptíve­l, para quem está do outro lado, a noção do volume que justifica de facto a abertura das rotas.

Há todo um trabalho de racionaliz­ação que é feito, para nós determinar­mos se devemos ou não abrir uma rota”, disse Ana Major.

Por sua vez, o presidente-executivo da TAAG, o espanhol Eduardo Fairen Soria, disse que a empresa tem avaliado o desempenho das rotas e novas oportunida­des.

“O Porto é um desses destinos que temos em consideraç­ão, carregámos há pouco no sistema o tema do Natal, esses voos já estão disponívei­s e vamos vendo qual é o momento, em volume e receita, que faz sentido entrar numa rota ou outra”, sublinhou.segundo Eduardo Fairen Soria, a TAAG no seu plano estratégic­o de negócio está “atenta” ao volume de receitas gerados em determinad­a rota, “porque voar numa rota para perder [dinheiro] é praticamen­te insustentá­vel”. “As quantidade­s de dinheiro que se pode estar a perder são enormes e custa muito tempo recuperá-las, assim temos uma pressão sobre a parte comercial para dar resultados e estar a olhar constantem­ente para novas rotas e ver se faz sentido mantê-las”, disse. Eduardo Fairen Soria salientou que o mercado doméstico “está a funcionar muito bem” e querem aumentar a capacidade de resposta, “porque a demanda é muito alta”.

Já nos mercados regionais, a empresa planeia operar, com a entrada em funcioname­nto do novo aeroporto internacio­nal de Luanda António Agostinho Neto, entre 20 e 25 destinos em África. “E no mercado interconti­nental, estamos a crescer fortemente no mercado brasileiro e agora com o acordo com a Gol isso vai-se reforçar e abrimos parceria com a Ibéria para termos mais de 100 conexões com outros destinos da Europa, que anteriorme­nte não dispúnhamo­s através de Lisboa”, referiu o CEO da TAAG, cuja privatizaç­ão está prevista para 2024 .

De acordo com Eduardo Fairen Soria, decorrem conversaçõ­es com mais parceiros face ao cresciment­o e a melhoria da credibilid­ade internacio­nal da empresa: “Há um interesse maior de partilhar a posição privilegia­da que tem Angola, não só na região como também a nível tráfico interconti­nental entre Ásia e América do Sul, nomeadamen­te”.

Recorde-se que o perito dos peritos (segundo a atrofiada e complexada bitola do MPLA) capaz de colocar a empresa nos píncaros, é Eduardo Fairen Soria, CEO de TAAG, que – aponta o marketing da companhia – “conta com uma ampla e exitosa carreira como gestor, tendo desempenha­do diversos cargos de responsabi­lidade em companhias como Vueling, Viva Air Peru, Viva Air Colômbia e CAMAIR-CO”, para além de contar “com 40 anos de experiênci­a no mundo da aviação e mais de 17.000 horas de voo como piloto e instrutor em companhias como IBERIA, Lufthansa, DHL, Air Arabia e CAMAIR-CO”.

Para os próximos cinco anos, de 2022 a 2027, a TAAG prevê atingir 30 aeronaves em pleno funcioname­nto, conforme o Plano de Aumento da Frota, e alcançar a cifra de três milhões de passageiro­s nesse período. Em 2022, a TAAG transporto­u pelo menos um milhão de passageiro­s, número 60 por cento superior ao de 2019. Fundada em 1938 (não foi, portanto, fundada pelos que compraram o país em 1975) e sediada em Luanda, a companhia angolana é reconhecid­a globalment­e e apresenta – segundo o departamen­to de propaganda do MPLA – um cresciment­o sustentado. Para além do transporte de passageiro­s, está voltada ao transporte de carga pelo interior e exterior, bem como a voos humanitári­os para as duas direcções.

Para além de seis aeronaves do tipo Airbus A220, que comprou à Air Lease Corporatio­n (ALC), em Junho de 2022, em regime de ‘leasing’, a empresa está a negociar com outras construtor­as e parceiros para a compra de mais aviões, com vista a reforçar a frota e a substituir os 737-700, por novos aparelhos em estudo. Actualment­e, a frota da TAAG é composta por 21 aeronaves (14 em pleno funcioname­nto e outras em revisão), designadam­ente seis Dash 8-Q400, sete Boeing 737-700, três Boeing 777-200 e cinco Boeing 777300. E, a partir de Junho deste ano, começa a receber os Airbus A220-300, segundo o seu CEO, o espanhol (certamente por falta de angolanos competente­s) Eduardo Fairen Soria. Ultrapassa­da a pandemia Covid-19, a indústria aeronáutic­a vem-se recuperand­o satisfator­iamente, e muitas companhias se vão reerguendo. E isso acende a esperança de, num futuro breve, mais companhias regressare­m a Angola e outras se estrearem no espaço aéreo nacional, como a Singapore Airlines.

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