A PROPÓSITO DE «KIMPAVITA A PROFETISA ARDENTE», DE JOSÉ MENA ABRANTES
José Mena Abrantes, um dos maiores e melhores, senão o maior expoente do género dramático escrito em Angola – bebendo da obra didáctica «The Congolese Saint Anthony – Dona Beatriz Kimpa Vita and The Antonian Movement, 1684-1706», do historiador norte-americano John Thornton (Cambrige University Press, 1998), construiu a obra «kimpa vita a profetisa ardente».
Dividida em duas peças, o título da obra resulta do título da primeira peça, «kimpa vita a profetisa ardente», e a segunda peça é designada «Tari-yari, Misericórdia e Poder no Reino do Congo no tempo de Kimpa Vita (1701-1709)».
A peça UM contém 14 cenas. Enquanto a DOIS encerra 20. Da primeira a segunda peça, com algum humor entre as cenas, por um lado, a narrativa espelha a vida política (o conflito entre os membros da nobreza), religiosa (a cristianização do povo do reino do Kongo), geográfica (alguns topónimos) e social (o modus vivendi e operandi de alguns bakongo) do (no) antigo Reino do Kongo e, por outro lado, apresenta a consciencialização de Kimpa Vita e dos seus sequazes, os antonianos, levando o(-s) leitor(es) a perceber as filosofias da protagonista, os interesses das autoridades coloniais e dos enviados do Vaticano, que era o de controlar os desideratos das populações do reino e a exploração dos recursos minerais.
Para tal, a igreja, as autoridades coloniais e os comerciantes usavam técnicas fabulosas como a confissão regular dos fiéis católicos, assim como podemos ver nas seguintes passagem onde o padre (a) e Kimpa Vita (b), em diálogos com outros actantes da narrativa, dizem: a) Eu bem os obriguei a todos confessarem-se, a ver se descobria (quem deixou uma pepita de ouro na caixa das esmolas), mas só falam dos seus pecaditos de merda e nada de ouro (p.28); b) Esse padre é um falso. Ele fala de Deus e dos ensinamentos de Deus, mas não pratica aquilo que diz. Está sempre metido com o comerciante e com o militar, a conspirar contra todos nós. E digo-vos que também é ganancioso. Para perdoar os pecados das pessoas, está sempre a exigir coisas para a casa dele. A quem não dá, ameaça com o fogo do inferno (p.31). Terminando, por uma, resta dizer que a obra é importante para conhecer a vida e o modus pensandi de Kimpavita e os seus seguidores do antonianismo, com os seus ideais e com a consciencialização do então povo bakongo, ensinando a doutrina da igreja da situação, o modo crítico de ver o cristianismo e os fenómenos sociais do reino do Kongo a muita gente da ralé e não só. Também, Por outra, deixar claro que, lendo a obra, percebe-se que os antonianos contestavam o baptismo, a confissão e o matrimónio, e alteravam algumas orações da igreja Católica Apostólica e Romana.
Post scriptum Com essa obra, fica patente a ideia segundo a qual o movimento Antoniano foi um dos pilares da reforma cristã em África. Para compra Os leitores interessados em adquirir a obra em análise podem fazê-lo pelos terminais telefónicos 931930264 / 993937773 / 931930265 / 993937771 ao valor pecuniário de três mil duzentos e cento e vinte e cinco Kwanzas.