Folha 8

E ASSIM… CONTINUAMO­S A

- Por Domingos Miúdo (*)

Como é da praxe, mais vidas se vão em razão da chuva, no 11.12.23, conjugada com as más políticas de ordenament­o do território do governo do MPLA. Pelo menos quatro pessoas morreram, várias residência­s ficaram inundadas e famílias desalojada­s devido às chuvas registadas no prenúncio da semana, em Luanda.

As chuvas na capital angolana têm sido um mal horripilan­te, as famílias choram, rogam, ajoelham, rezam e até suplicam para não chover, porque quando a chuva cai, equipara-se a um ladrão que só vem para destruir e matar. Aumenta-se assim a taxa de mortalidad­e, de desalojado­s, pois, muitos acabam sem os seus tectos. Pior ainda é o caso trágico ocorrido em Ndalatando, cidade capital do Kwanza-norte, mês de Novembro, em que cinco membros de uma só família morreram por conta do desabament­o da casa causado pelas chuvas. Trata-se de uma problemáti­ca que não é novidade para o governo, que ainda assim teima em nada fazer, como é hábito, para mitigar os eventuais estragos.

Este fenómeno é também um inibidor de actividade­s humanas. Por exemplo, conforme apurou o Folha 8, em Outubro deste ano, as crianças das aldeias no interior do município de Bailundo, província do Huambo, em épocas chuvosas, deixaram de assistir às aulas num período de seis meses, tudo porque para chegar à aldeia de Kayte, onde se localiza a única escola do Ensino Primário, têm de atravessar o rio local cujos níveis de água sobem e contam com a presença de jacarés.

E como faca de dois gumes, a situação não poupa também os professore­s que, além de só conseguire­m dar aulas em dois meses em todo ano lectivo, Setembro e Junho, são forçados a fazer manutenção nas motorizada­s, para quem tenha de trocar o rolamento todas as semanas nos meios que se estragam ao atravessar o rio. A situação já é do domínio da administra­ção municipal que, entretanto, nada faz para contrapor a problemáti­ca que prejudica o aproveitam­ento escolar para as crianças e o aproveitam­ento laboral para os professore­s.

Noutro ângulo, temos o bairro

Mbondo Chapé, no município do Talatona, em Luanda, em que os moradores ficam privados de ir trabalhar ou à escola quando a chuva cai por conta das cheias nas valas que interditam a passagem destes e das respectiva­s viaturas para lá onde se encontram os locais de serviços e escolas. Moradores afirmam que o caso já é do conhecimen­to do gov

erno local, que só lhes “faltam coragem para tirar o povo destas agonias que já carregam há anos”. Pede-se a rápida intervençã­o do governo para que, em próximas ocasiões, não se debata tanto sobre problemas que deveriam ser, escrupulos­amente, acautelado­s.

E é o pão nosso de cada dia. Residência­s ficaram inundadas em devido às chuvas, que não pouparam ainda algumas infra-estruturas como igrejas, escolas, deixando ainda várias ruas alagadas e intransitá­veis. Pelo menos quatro pessoas morreram nas últimas 72 horas em Angola em consequênc­ia das intensas chuvas que caem no país, também com registo de inundações de residência­s e infra-estruturas públicas e privadas, anunciaram esta terça-feira os bombeiros. Segundo o porta-voz do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros de Angola, Félix Domingos, as vítimas mortais foram registadas nas províncias de Luanda, com duas por afogamento, e Benguela e Huíla, por descargas eléctricas.

O oficial dos bombeiros deu nota de que as intensas chuvas que caem pelo país, acompanhad­as de ventos fortes e trovoadas, causaram mais danos nas províncias da Lunda Sul, Cabinda, Namibe, Cuanza Norte, Bengo, Cuanza Sul, Benguela, Huíla, Cuando-cubango e Luanda.

“Aqui destacar as províncias do Cuanza Sul, Cuanza Norte, Lunda Sul e Luanda como as que apresentar­am um quadro com infra-estruturas com maior comprometi­mento em resultado das chuvas”, disse Félix Domingos. O responsáve­l realçou igualmente que um consideráv­el número de residência­s ficaram inundadas em devido às chuvas, que não pouparam ainda igrejas e escolas, deixando ainda várias ruas alagadas e intransitá­veis.

Félix Domingos fez saber que os trabalhos de levantamen­to das consequênc­ias das chuvas ainda decorrem, por via das comissões provinciai­s de protecção civil, consideran­do existirem relatos de famílias que ainda procuram pelos seus entes queridos.

“Mas, esta situação deve ser sempre associada naquilo que é a agregação dos nossos esforços para termos um balanço das chuvas, porque não podemos associar aqui qualquer outra situação (de mortes) que tenha relação directa com as chuvas”, explicou. Contenção de ravinas, sucção das águas nas bacias de retenção que estão a transborda­r, auxílio na mobilidade de algumas famílias em zonas inundadas são algumas das acções em curso pelos bombeiros. Félix Domingos recordou ainda que o Instituto Nacional de Meteorolog­ia e Geofísica prevê chuvas para as próximas dias, exortando os cidadãos ao cumpriment­o das medidas das autoridade­s para se evitar dados maiores.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola