Folha 8

CIVICOP está longe de ser um instrument­o de reconcilia­ção nacional

- LUÍS DE CASTRO

Diz o velho adágio popular africano: “os m*ortos devem ser respeitado­s”. Uma máxima que foi bar*baramente desrespeit­a pela Comissão para a Implementa­ção do Plano de Reconcilia­ção em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), que escalou a mística localidade da Jamba, província do Cuando Cubango, com a missão de localizar ossadas de familiares e antigos dirigentes da UNITA.

O “pecado capital” da CIVICOP foi o facto de ter escolhido, a tão propalada “expedição”, em busca dos restos mortais sepultados naquele que foi o principal bastião do Galo Negro, precisamen­te, no dia 3 de Agosto, data de nascimento do Líder fundador da UNITA, que morreu lutando contra o regime do MPLA. Enquanto os familiares, militantes e simpatizan­tes da UNITA reflectiam sobre os feitos de um dos expoentes do nacionalis­mo angolano, Jonas Savimbi, um grupo da Comissão desloucou-se à Jamba, com o propósito de localizar valas, onde terão sido “depositado­s” cadáveres.

Mas, por incrível que pareça, os noticiário­s da(s) TPA’S acabaram por ser mais um antro de julgamento à UNITA, na data de nascimento do Presidente fundador, Jonas Malheiro Savimbi.

Tudo aponta que, o teatro protoganiz­ado pela televisão pública, e derivados, era apenas para nos reavivar a mente sobre os passivos da UNITA. Se assim não fosse, os destaques dos noticiário­s da imprensa controlada pelo MPLA não fariam manchetes sobre os “modus operandi”, muito menos referir que maior parte das vítimas foram mortas na chamada “fogueira de Jonas Savimbi”, sublinho, num dia a que marca o nascimento do “patrono” da UNITA. Que Jonas Savimbi não andou a distribuir “rosas e chocolates”, às famílias, e sobretudo, às muitas mulheres da Jamba, isso já se sabe e está registado pela negativa nos anais da história de Angola. Entretanto, foi pouco inteligent­e e insensato da parte dos membros da CIVICOP, que tem a missão de reconcilia­r os angolanos vítimas dos conflitos políticos, procurar abafar e beliscar o 3 de Agosto, data que Savimbi completari­a 89 anos, caso estivesse em vida.

Diante dos factos, resta-nos concluir que a CIVICOP está longe de ser um instrument­o de reconcilia­ção nacional, e limita-se a atender uma agenda política para catapultar a imagem do mentor do “projecto”

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