DOIS GLADIADORES DO MPLA: BOAVIDA NETO E RUI FALCÃO
Oex secretário geral do MPLA, Boavida Neto, deputado pelo partido maioritário, fez no programa Discurso Directo, da Rádio Ecclésia, declarações bombásticas. Noutro extremo, outro alto dirigente do MPLA, secretário do Bureau Político para a Informação, Rui Falcão, por ocasião do 67º aniversário da fundação do seu partido, não ficou atrás, ao contrariar muitas afirmações do seu líder, como ainda misturando muita mentira. Graça Campos fez uma interessante introspeção aos dois momentos. Na entrevista à Ecclésia, o que surpreendeu não foi a reprovação de Boavida Neto aos métodos de trabalho da CIVICOP. O que surpreendeu é a contundência do adjectivo com que o qualifica. O antigo secretário-geral do MPLA qualifica como abominável o trabalho de uma Comissão criada com o propósito de reconciliar os angolanos, mas que, ultimamente, se tem entregue, de corpo e alma, a reabrir feridas que todos devemos contribuir para sarar definitivamente. A utilização de um meio de comunicação tão poderoso como é a Televisão Pública de Angola para reabrir feridas denuncia os propósitos bem definidos dessa empreitada. Nessa entrevista, Boavida Neto reitera a sua lealdade a lealdade ao falecido José Eduardo dos Santos e sublinha que Angola não é propriedade do Presidente João Lourenço. Noutra margem, a distantes três anos das próximas eleições, Rui Falcão, secretário para a Informação do Bureau Político do MPLA já dá como garantida a vitória do seu partido. Em declarações feitas a propósito do 67º aniversário do MPLA, Rui Falcão assegurou que a UNITA perderá as eleições de 2027, da mesma forma que sucedeu em 1992, 2008, 2012, 2017 e em 2022. Nessas declarações, Rui Falcão baralhou os militantes do MPLA ao negar a existência de “abelhas e marimbondos” no seio do seu partido. A imagem de marimbondo, um insecto com ferradura muito dolorosa, foi associada aos políticos envolvidos com a corrupção pelo Presidente do MPLA e da República, em 2018, por ocasião da sua primeira visita oficial a Portugal. A afirmação de Rui Falcão segundo a qual no MPLA não existem membros que possam ser associados à imagem criada pelo Presidente João Lourenço no mínimo deixará confusos os militantes. Nessas declarações, Rui Falcão contraria, também, o Presidente da República, sobre o sucessivo adiamento das eleições autárquicas.
Na Mensagem sobre o Estado da Nação, no dia 16 de Outubro, o Presidente da República imputou o atraso aos deputados a quem competiria aprovar o ultimo pacote autárquico. Não é este o entendimento do secretário de Informação do MPLA para quem, a realização das autarquias está dependente da nova divisão politica e administrativa do país. Será?