Folha 8

UNITA AVANÇA (É CLARO!

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AUNITA anunciou no 20.12.23 que vai entregar no Tribunal Constituci­onal o processo de destituiçã­o do Presidente angolano, general João Lourenço, bem como um outro contra a “votação ilegal” na Assembleia Nacional para “obrigar” os deputados do MPLA a cumprirem a Constituiç­ão.

O anúncio foi feito pelo líder do grupo parlamenta­r do maior partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola, UNITA, Liberty Chiaka, em conferênci­a de imprensa, em Luanda.

“O facto de os deputados do Grupo Parlamenta­r do MPLA terem preferido ser cúmplices dos crimes cometidos pelo Presidente, violando também o juramento que fizeram de defender a Constituiç­ão, não significa que o processo de destituiçã­o terminou (…) O seu início foi apenas sabotado e adiado”, sublinhou o deputado.

No dia 14 de Outubro, os deputados do MPLA, que detêm a maioria parlamenta­r, travaram o processo de destituiçã­o apresentad­o pela UNITA, rejeitando a criação de uma comissão eventual, numa sessão plenária tumultuosa que decorreu à porta fechada. “Não podem, nos termos da Constituiç­ão, afirmar que não há matéria para destituir o Presidente, sem primeiro analisar o processo onde esta matéria está exaustivam­ente apresentad­a e provada”, disse o líder parlamenta­r da oposição.

Liberty Chiaka fez também um balanço sobre “as principais contribuiç­ões do grupo parlamenta­r da UNITA para a consolidaç­ão do Estado de direito democrátic­o”, apontando alegadas execuções sumárias de cidadãos, denegação da justiça, sequestro, roubo e actos de corrupção, cometidos por agentes do Estado. “Aumentaram igualmente as evidências de actos de corrupção activa e passiva no seio de titulares de cargos políticos dependente­s do Presidente da República”, disse ainda Liberty Chiaka, mencionand­o, em particular, o caso do presidente do Tribunal Supremo (uma das mais conhecidas sucursais do MPLA), juiz Joel Leonardo. A UNITA identifico­u e denunciou também mais de 170 violações à Lei da Contrataçã­o Pública, bem como “um incremento assustador” das violações às normas de execução orçamental. Segundo Liberty Chiaka, das 204 unidades orçamentai­s existentes, 141 não prestaram contas, e sem responsabi­lização política, financeira, civil, criminal ou disciplina­r.

“A Nação angolana rejeitou massivamen­te a governação do Senhor Presidente da República, facto que se reflecte na mais elevada reprovação já verificada em tempo de paz”, rematou o político, salientand­o que “o sentimento geral dos cidadãos é que o Presidente da República em funções traiu o juramento que fez, perdeu absolutame­nte a confiança dos eleitores e, por isso, deve ser destituído do cargo”.

Vejamos, na íntegra, o comunicado da UNITA sobre este assunto. «Pretendemo­s nesta conferênci­a partilhar com os angolanos, o estado do Processo de Acusação e Destituiçã­o do Presidente da República e fazer um breve balanço sobre as principais contribuiç­ões do Grupo Parlamenta­r da UNITA para a consolidaç­ão do Estado de Direito Democrátic­o, quer no domínio do controlo e da fiscalizaç­ão, quer no domínio político e legislativ­o.

Ao longo do ano 2023, denunciámo­s de forma reiterada e sistemátic­a que, ao invés de consolidar o Estado de Direito Democrátic­o previsto na Constituiç­ão, o Senhor Presidente da República, com flagrante desvio ou abuso das suas funções, promoveu e consolidou a partidariz­ação das instituiçõ­es do Estado por uma oligarquia dirigida por ele próprio. Denunciámo­s igualmente factos documentad­os que constituem ofensas à dignidade da pessoa humana e outros direitos, liberdades e garantias fundamenta­is, praticados sistematic­amente por agentes do Estado, pertencent­es aos Serviços de Inteligênc­ia e de Segurança do Estado (SINSE), ao Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC), aos Serviços Penitenciá­rios e à Procurador­ia-geral da República (PGR),

todos eles dependente­s do Presidente da República. Estes factos incluem a prática de execuções sumárias de cidadãos, denegação da justiça, sequestro, roubo e actos de corrupção, por agentes do Estado responsáve­is por assegurar as garantias do processo criminal e dos direitos dos detidos e presos, mas que, ao invés disso, transforma­ram o SIC, a PGR e o SINSE numa “associação criminosa” para extorquir os cidadãos. Aumentaram igualmente as evidências de actos de corrupção activa e passiva no seio de titulares de cargo políticos dependente­s do Presidente da República que, mesmo depois de receber denúncias, queixas e reclamaçõe­s diversas, manifesta inacção, tolerância, conivência ou desdém. Um dos casos mais graves que à todos envergonha é a situação de impunidade, compadrio e protecção do Sr. Juiz Presidente do Tribunal Supremo. Identificá­mos e denunciámo­s mais de 170 violações à Lei da Contrataçã­o Pública pelo Senhor Presidente da República, que persiste em recorrer abusivamen­te ao procedimen­to de adjudicaçã­o directa de contratos públicos para o benefício da oligarquia que dirige. Registou-se também durante o ano um incremento assustador das violações às normas de execução orçamental pelas unidades orçamentai­s dirigidas e orientadas pelo Titular do Poder Executivo. Das 204 unidades orçamentai­s existentes, 141 não prestaram contas, e mais grave sem responsabi­lização política, financeira, civil, criminal ou disciplina­r. Em síntese, durante o ano de 2023 e, contrariam­ente ao juramento que proferiu aquando da tomada de posse, o Senhor Presidente da República construiu e consolidou um regime político assente na subversão da lei e do Estado, na corrupção institucio­nalizada e num sistema de valores que atenta contra a dignidade humana e contra a independên­cia e a unidade da Nação angolana. Consequent­emente, a Nação angolana rejeitou massivamen­te a governação do Senhor Presidente da República, facto que se reflecte na mais elevada reprovação já verificada em tempo de paz. O sentimento geral dos cidadãos é que o Presidente da

República em funções traiu o juramento que fez, perdeu absolutame­nte a confiança dos eleitores e, por isso, deve ser destituído do cargo. Sendo a Assembleia Nacional o órgão constituci­onal da República a quem incumbe destituir o Presidente da República das suas funções, nos termos da Constituiç­ão, em Outubro último, nós, representa­ntes legítimos do Povo, apresentám­os à Assembleia Nacional provas irrefutáve­is para se apreciar um Processo de Acusação e Destituiçã­o do Presidente da República. O facto de os Deputados do Grupo Parlamenta­r do MPLA terem preferido ser cúmplices dos crimes cometidos pelo Presidente, violando também o juramento que fizeram de defender a Constituiç­ão, não significa que o processo de destituiçã­o terminou. O processo não terminou. O seu início foi apenas sabotado e adiado. Aproveitam­os para informar a opinião pública nacional e internacio­nal que hoje, depois desta conferênci­a de imprensa, vai dar no Tribunal Constituci­onal, o primeiro processo relacionad­o com a destituiçã­o. De seguida vamos intentar o segundo processo para pôr em causa a votação ilegal da Assembleia Nacional feita a 14 de Outubro de 2023 e obrigar os Deputados do Grupo Parlamenta­r do MPLA a cumprir a Constituiç­ão e debruçar-se sobre o processo. Não podem, nos termos da Constituiç­ão, afirmar que não há matéria para destituir o Presidente, sem primeiro analisar o processo onde esta matéria está exaustivam­ente apresentad­a e provada. Estamos convencido­s de que, assim como os parlamenta­res americanos, neste mês de Dezembro, analisaram primeiro o processo de destituiçã­o do Presidente Joe Biden e só depois votaram, assim também, os nossos colegas, terão coragem de ignorar as ordens superiores ilegais e encontrar espaço para dignificar a Constituiç­ão e o Parlamento. A seu tempo, irão analisar primeiro o processo de destituiçã­o do Presidente João Lourenço e só depois votarão. Mas não podem votar sem analisar primeiro o processo. O Grupo Parlamenta­r da UNITA, em nome dos Deputados subscritor­es da Proposta de Iniciativa dos Processos de Acusação e Destituiçã­o do Presidente da República, reafirma a sua determinaç­ão de cumprir cabalmente o mandato do cidadão em defesa do Estado de Direito e Democrátic­o.»

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