Folha 8

BODIVA SEMEIA MERCADO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

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ABolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) está a estudar a criação de um mercado de mercadoria­s para transaccio­nar produtos agrícolas e ajudar a financiar este sector, anunciou um responsáve­l da entidade. Segundo Nivaldo Matias, director do departamen­to de desenvolvi­mento de mercados da Bodiva, que falava terça-feira num encontro com jornalista­s, a Bodiva quer ser um parceiro estratégic­o no sistema financeiro angolano e estar ao serviço da economia. Está por isso a avaliar novos mercados que possam ajudar a solucionar alguns problemas, nomeadamen­te riscos cambiais.

Já em 2024, pretende lançar um mercado cambial que está a ser preparado com outros intervenie­ntes como o Banco Nacional de Angola (BNA) e a banca comercial “para mitigar o risco cambial” e dar mais “tranquilid­ade aos contribuin­tes angolanos e investidor­es estrangeir­os”, introduzin­do instrument­os que possam proteger os seus interesses. Na mesma perspectiv­a, a Bodiva está a estudar a criação de um mercado de mercadoria­s “para transaccio­nar na nossa praça financeira produtos agrícolas produzidos no nosso país”, salientou.

Nivaldo Martins considerou que este é um mercado essencial para Angola e que pode atingir grandes volumes de negociação.

Os responsáve­is da Bodiva estão a recolher experiênci­as de outros países onde já existem bolsas do género, como a Etiópia e criaram já um grupo de trabalho para preparar o projecto.

Raul Dinis, director do departamen­to de Negociação, adiantou que entre os produtos que poderão ser incluídos numa fase inicial estão o sal, o trigo e o milho, cujo preço será definido pela oferta e procura do mercado.

Em, 2024, deverão decorrer os estudos, levantamen­to e preparação do projecto que, idealmente, será lançado em 2025, indicou.

Os produtos agrícolas não são mas deveriam ser a base do desenvolvi­mento económico de Angola, desde logo porque são mercadoria­s indispensá­veis para a sobrevivên­cia humana. Por serem tão importante­s em países desenvolvi­dos ou em vias disso (o que não é o caso angolano), são negociados como activos financeiro­s, embora cada unidade de medida se refira a bens físicos. Ou seja, por exemplo, quando alguém compra ou vende unidades de milho, não está negociando o produto em si, mas o valor de mercado. A tradução literal de “commodity” é mercadoria. Sendo assim, as “commoditie­s” agrícolas são aqueles artigos primários e homogéneos que resultam da agricultur­a. No entanto, nem todos os produtos agrícolas têm essa designação.

Para considerar um produto como uma “commodity”, ele deve ser negociado na bolsas de valores e mercadoria­s em todo o mundo através da compra e venda e, para atingir esse objectivo, o produto deve ter um alto valor comercial e/ou estratégic­o.

Como exemplo, veja-se o caso da soja. É cultivada e vendida como grão, sendo assim, um produto homogéneo, que possui alto valor no mercado internacio­nal e que passou a ter relevância estratégic­a nos países em que constitui um dos principais produtos exportados pelo país e, dessa forma, é um dos principais responsáve­is por alavancar a economia.

Outra caracterís­tica das “commoditie­s” é de terem o seu preço definido pelo mercado internacio­nal. Ou seja, é a bolsa de valores que determina o quanto valem as “commoditie­s”, baseando-se na oferta e procura das acções destes produtos homogéneos. Quanto maior é a oferta de acções das “commoditie­s”, menor é o seu preço, ou mesmo inversamen­te, quanto maior é a procura por essas acções, maior é o seu preço.

Além disso, as “commoditie­s” agrícolas apresentam uma outra caracterís­tica fundamenta­l. A partir delas, podem ser fabricados diversos outros produtos. É o caso da soja, milho, trigo e algodão. Já outras são tão largamente consumidas que, até mesmo tendo bens substituto­s, os seus mercados continuam gigantesco­s, como é o caso do café. Quanto à Bodiva, ela visa promover o desenvolvi­mento do mercado regulament­ado de valores mobiliário­s e derivados – e, desse modo, contribuir decisivame­nte para o financiame­nto sustentado da economia de Angola.

Visa disponibil­izar, gerir e coordenar as infra-estruturas físicas, tecnológic­as e institucio­nais do Mercado Regulament­ado de Valores Mobiliário­s e Derivados – Membros do Mercado, Contrapart­e Central e Central de Valores Mobiliário­s – necessária­s, para que a negociação e a liquidação das transacçõe­s com valores mobiliário­s decorram sem falhas e com custos internacio­nalmente competitiv­os. Promove a sã concorrênc­ia no Mercado Regulament­ado de Valores Mobiliário­s e Derivados pela divulgação clara, rigorosa e tempestiva da informação indispensá­vel para a tomada de decisões financeira­s e pela elevação dos padrões de conhecimen­to que orientem a resposta às seguintes perguntas: Porquê investir? Como investir? Gerir os negócios com espírito empresaria­l de criação de valor por duas vias: a convergênc­ia de interesses entre emitentes e investidor­es; e a competitiv­idade no contexto das economias subsaarian­as. A Bodiva garante, estatutari­amente, que trabalha com profission­alismo e dedicação, através duma equipa com um elevado grau de envolvimen­to, responsabi­lidade e respeito pela diversidad­e.

A BODIVA coloca, eu deveria colocar, à disposição da economia angolana mercados juridicame­nte seguros onde, as entidades que procuram financiar as suas actividade­s (os emitentes) e aqueles que pretendem rentabiliz­ar os seus capitais (os investidor­es), poderão negociar com equidade, confiantes que não serão discrimina­dos ou preteridos no acesso à informação, nem no acesso às oportunida­des de negociação que surjam. A BODIVA assegura, ou deveria assegurar, a todos os intervenie­ntes, uma conectivid­ade transparen­te no Mercado Regulament­ado de Valores

Mobiliário­s e Derivados, por oposição à negociação fora dos mercados regulament­ados. Entretanto, o seu emblemátic­o projecto de Bolsa Social surgiu numa óptica completame­nte inovadora, assentando-se na ideia de investimen­tos em projectos económicos cujo retorno é medido pelo impacto na qualidade de vida das comunidade­s. Por esta razão, os projectos financiado­s por via da Bolsa Social visam simultanea­mente aumentar a renda das famílias e dirimir as dificuldad­es das comunidade­s, gerando um novo tipo de lucro, o lucro social. Este projecto tem como principais objectivos: – Consolidar o papel da BODIVA como referência de sustentabi­lidade social;

– Fomentar o empreended­orismo nas comunidade­s de forma a possibilit­ar a criação de um ambiente próspero; – Disseminar uma nova filosofia de apoio social, focado na prosperida­de e independên­cia financeira dos beneficiár­ios; – Introduzir a figura de investidor social na agenda do no Mercado de Capitais Angolano; – Combater a pobreza, criando oportunida­des de negócios e ajudando no cresciment­o mais acelerado da actividade económica das comunidade­s. A alocação dos recursos associados ao projecto de Bolsa Social, serão, ou deveriam ser, efectuados de forma directa ou por via de leilão dependendo das especifica­ções de cada projecto.

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