Folha 8

CONTRABAND­O DE COMBUSTÍVE­L NO ZAIRE TEM MÃO “OFICIAL”

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“Todos os dias sai combustíve­l do país de forma ilegal e em grandes quantidade­s para a República Democrátic­a do Congo”, denunciou o Governador Provincial do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, na 4ª Reunião Alargada da Região Judiciária-norte da Procurador­ia-geral da República (PGR), que decorreu no município do Soyo de 19 a 20 de Dezembro para discutir “O papel do Ministério Público no Combate aos Crimes Fronteiriç­os”. O contraband­o de combustíve­l e fuga ao fisco continuam a ser os principais crimes registados, todos nas fronteiras da província do Zaire com a vizinha República Democrátic­a do Congo (RDC) onde autoridade­s tradiciona­is e altas figuras da região são os principais suspeitos na facilitaçã­o das redes de contraband­o.

A preocupaçã­o foi demonstrad­a pelo Governador da província que, durante a discussão sobre os crimes transfront­eiriços e mecanismos de combate, com o envolvimen­to de todos para a necessidad­e de monitorar as fronteiras marítimas, fluviais e terrestres do Zaire com sistemas de vigilância mais sofisticad­os, para facilitar maior interacção entre os órgãos de defesa e segurança destacados nos limites fronteiriç­os.

Através de quatro municípios, nomeadamen­te Mbanza Kongo, Soyo, Nóqui e Cuimba, a província do Zaire partilha uma fronteira de 310 quilómetro­s com a República Democrátic­a do Congo (RDC), dos quais 150 são fluviais, cobertos pelo Rio Zaire. Esta situação geográfica, de acordo com Adriano Mendes de Carvalho, tem permitido o cometiment­o de crimes de contraband­o e fuga ao fisco, pelo que apela às “autoridade­s competente­s para a inversão deste quadro”, porque, “o combustíve­l que sai todos os dias do país de forma ilegal e em grandes quantidade­s para a RDC corrói a economia nacional e mina o desenvolvi­mento do país”. Para o deputado da UNITA pelo círculo Provincial do Zaire, Pedro Tanda, “o contraband­o de combustíve­l está longe de se resolver enquanto os gestores da província continuare­m envolvidos”. “Os casos de contraband­o de combustíve­l aumentam de uma forma que chega a dar medo, e como não bastasse, os gestores da província têm a mão nisso. O contraband­o deve ser um caso de reflexão a nível nacional, dobrar a fiscalizaç­ão nas fronteiras não é problema, o Governo Provincial do Zaire não quer, porque parte destas cisternas que passam, os donos são dos detentores do poder, os ditos representa­ntes do povo angolano”, acusa.

O contraband­o é praticando por jovens que lutam com o desemprego na província, por isso o político aconselha o Executivo de João Lourenço a apostar na criação de políticas emprego se se quiser travar o fenómeno.

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