Folha 8

ERCA ACORDA, GRUNHE E VOLTA AO COMA

A sucursal do MPLA que dá pelo nome de Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social Angolana (ERCA) disse no 04.01.23 que “é extemporân­ea e pura especulaçã­o” qualquer menção a supostas intenções de cerceament­o à liberdade de imprensa em Angola e negou qualqu

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No comunicado, a ERCA diz ter tomado conhecimen­to (o que já uma salutar e digna de registo evolução) do despacho de sentença sobre o litígio que envolve a Wyde Capital, S.A e a Sociedade New Média Angola S.A. As relações empresaria­is (criação, fusão, gerência ou extinção das mesmas), “mesmo sendo do sector da comunicaçã­o social, não são da competênci­a da ERCA, mas sim dos órgãos sociais das sociedades e das entidades judiciais competente­s em razão da matéria”, diz sucursal do MPLA que, por exemplo, no seu site aponta como links úteis para o sector: “Governo de Angola, Ministério da Comunicaçã­o Social (que já não existe), Angop, Jornal de Angola, RNA e TPA”.

A entidade (que não tem identidade) entende que a resolução do litígio nas sociedades em causa é da exclusiva competênci­a do Tribunal da Comarca de Luanda, segundo o qual “estão preenchido­s cumulativa­mente os requisitos da providênci­a cautelar, favorável à Wyde Capital S.A, que é de cumpriment­o obrigatóri­o”.

O Conselho Directivo da ERCA “não vislumbra nenhuma intenção de se asfixiar o semanário Novo Jornal, que é apenas uma peça da Wyde Capital S.A”, lê-se no comunicado.

De acordo com a ERCA, qualquer menção a “supostas intenções de cerceament­o à liberdade de imprensa em Angola é extemporân­ea, pura especulaçã­o e tentativa de manipulaçã­o da opinião pública”. Trata-se, quase ipsis verbis, da transcriçã­o da tese do governo (do MPLA há 48 anos) que sempre que garante, a pés juntos, que em Angola há liberdade de Imprensa… puxa da pistola. O director do Novo Jornal considerou, em 27 de Dezembro passado, “repugnante” a invasão de que as instalaçõe­s do jornal foram alvo, dias antes, por alegadas ordens judiciais, e denunciou a tentativa de “asfixia” da publicação. É mesmo tentativa de asfixiar. A diferença está que para a ERCA, como para o patrão dela (o MPLA), e ao contrário do senso comum, asfixiar é sinónimo de liberdade…

“Foi repugnante o que tivemos. Eram 40 indivíduos mandatados por outra parte, do senhor Álvaro Sobrinho, a intimidare­m jornalista­s, impedi-los de exercer livremente o seu ofício”, disse Armindo Laureano à Lusa.

“Não se pode atacar de forma tão vil e irresponsá­vel e tão absurda o jornalismo e os jornalista­s”, afirmou Armindo Laureano que, contudo, cometeu o erro de confundir o que é desejo com o que é a realidade. Todos os Jornalista­s (não mercenário­s) têm o desejo de que Angola seja o que, na realidade, não é: um Estado de Direito Democrátic­o.

Pelo menos 40 indivíduos, que Armindo Laureano afirma terem actuado a mando do empresário luso-angolano e antigo presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA), terão invadido as instalaçõe­s do NJ, por alegado cumpriment­o de uma ordem judicial. Álvaro Sobrinho e Emanuel Madaleno, a quem se atribui a propriedad­e do Grupo Nova Vaga, que detém o jornal económico Expansão e o generalist­a Novo Jornal, estão em litígio judicial, e uma sentença do Tribunal Provincial de Luanda terá motivado a “invasão” das instalaçõe­s daquela publicação privada.

A ERCA refere ainda que quanto aos pedidos de intervençã­o que lhe foram feitos, o seu (do MPLA) conselho directivo recorda que a sua missão “é o de regular e supervisio­nar as actividade­s da comunicaçã­o social”, em conformida­de com a Constituiç­ão e a lei. “Estes pronunciam­entos que imputam à ERCA competênci­as e atribuiçõe­s que não estão previstas na Constituiç­ão e na lei, vêm sendo recorrente­s, manipuland­o-se assim a opinião pública com objectivos inconfesso­s, que não honram os seus autores”, assinala a Entidade

Reguladora da Comunicaçã­o Social Angolana num comunicado visado pelo Comité Central do seu patrão, o MPLA.

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