Folha 8

O. ELA ESTÁ NO MEIO DE NÓS

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dade civil.

O “Impacto do Investimen­to Estrangeir­o no Sector Produtivo” foi o tema em abordagem nesta primeira edição do CAFÉCIPRA 2024, que teve como oradores o ministro de

Estado para a Coordenaçã­o Económica, José de Lima Massano, os ministros da Agricultur­a e Florestas, Francisco de Assis, da Indústria e Comércio e o presidente do conselho de administra­ção da AIPEX, Lello

Francisco.

A promoção da indústria nacional, a fim de oferecer uma gama maior de bens e serviços aos cidadãos e garantir emprego, sobretudo aos jovens, foi o repto lançado pelo

Presidente da República, João Lourenço, ao novo ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns de Oliveira. Quando todos esperavam que o repto visasse a promoção do teatro e uma gama maior de jacarés domesticad­os… o Presidente surpreende.

João Lourenço fez esta recomendaç­ão ao conferir posse ao ministro Rui Miguêns de Oliveira, a quem instou a trabalhar no sentido de se encontrar o equilíbrio necessário entre a necessidad­e do aumento da produção interna, da indústria nacional e da importação de bens, de preferênci­a para alimentar a própria indústria.

Durante a cerimónia, o Titular do Poder Executivo (em estreita sintonia com o Presidente da República e com o seu homólogo do MPLA) incumbiu também ao ministro a tomada de medidas no sentido de o comércio, em particular as importaçõe­s, “não matarem” o desenvolvi­mento da indústria nacional.

O Chefe de Estado disse ainda estar confiante de que entregou em “boas mãos” o sector da Industria e Comércio. Sempre que deu posse a um ministro desta, ou de qualquer outra área, o general João Lourenço diz o mesmo. Tem a esperança de um dia acertar. Antes da sua nomeação o novo ministro da Indústria e Comércio era consultor do Banco Nacional de Angola (BNA), do qual foi vice-governador até Novembro de 2022. Como se vê, não havia no país ninguém com melhor currículo para comandar este sector.

MPLA MANDA ESPALHAR A FEZADA

O Governo do MPLA (no Poder há 48 anos) mandou dizer que a produção e a comerciali­zação de produtos pecuários, como carne, leite e ovos, vai ganhar outra dinâmica, nos próximos três anos, com a implementa­ção do Plano Nacional de Fomento e Desenvolvi­mento da Pecuária (PLANAPECUÁ­RIA). O plano, coordenado pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, foi aprovado através do Decreto Presidenci­al n° 13/23 de 6 de Janeiro, e enquadra-se naquilo a que, pomposamen­te, o séquito do general João Lourenço (também chamado governo) considera um conjunto de medidas políticas estratégic­as do Governo, para fomentar

e desenvolve­r a produção de carne (bovina, caprina, ovina e aves), leite e ovos.

Para o período de 2023 a 2025, o plano possui 9 nove objectivos, destacando-se, entre outros, a atracção do investimen­to privado ao longo das cadeias de valor da produção de carne e outros produtos pecuários, bem como fomentar a instalação de matadouros, casas legais de abate e de processame­nto, furos de água, centros logísticos e de frio.

A aquisição de máquinas pesadas e ligeiras e camiões tecnológic­os (transporte de gado e carcaças), o incremento dos níveis de produção e de produtivid­ade, acelerando a substituiç­ão racional das importaçõe­s e promover as exportaçõe­s para mercados específico­s, fazem, igualmente, parte do plano. Pretende-se, ainda, diz a equipa do general João Lourenço, garantir financiame­ntos a produtores, preferenci­almente, organizado­s em cooperativ­as, no sentido de empoderá-los. No quadro das políticas e estratégia­s para o próximo quinquénio, o Governo definiu (o que aliás faz há 48 anos e promete continuar a fazer nos próximos 52) o subsector da pecuária como uma das grandes linhas prioritári­as para o combate à fome, redução da pobreza (20 milhões de pobres) e promoção do desenvolvi­mento social e económico do país.

Com a execução desse plano, o Governo perspectiv­a o aumento da produção de carne, sendo que a bovina passará de 62,1 mil toneladas para 109,4 mil toneladas, a suína de nove mil para 123,4 mil toneladas, a caprina/ovina de 157,1 para 310,1 mil toneladas e as aves de 36,3 mil para 244,3 mil toneladas.

Em relação aos produtos pecuários, o plano prevê o aumento da produção de ovos, que passará de 1.786 milhões para 3.164 milhões e a de leite, de 5.6 milhões de litros para 16,7 milhões.

No âmbito do PLANAPECUÁ­RIA, o Governo pretende, diz, aumentar a contribuiç­ão da produção pecuária nacional para a satisfação das necessidad­es de consumo interno, exportaçõe­s e do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O plano, segundo o documento, surge num momento em que a produção de carne e produtos pecuários, a nível nacional, apresenta um ritmo de cresciment­o acelerado, já que, em termos globais, verificou-se um aumento médio anual de 12% de 2017 a 2021, com destaque para a carne suína, com 55%, e a bovina, com 30%.

Esses dados, referentes ao diagnóstic­o da produção pecuária e consumo, destacam, ainda, que houve um aumento anual médio de 33% na produção de ovos no mesmo período e 14% em relação ao leite.

O Plano Nacional de Fomento e Desenvolvi­mento da Pecuária enquadra-se num conjunto de medidas quase divinas que visam fomentar a produção de carne, leite e ovos, de modo a garantir a auto-suficiênci­a alimentar e nutriciona­l das populações, calculando que também possam chegar aos 20 milhões de pobres que a incompetên­cia do MPLA gerou nos últimos 48 anos de Poder. A este propósito, segundo o Governo, a medida visa combater a fome e a pobreza (fome que, em 2017, segundo João Lourenço não existia e depois passou a “relativa”), aumentar os rendimento­s dos produtores pecuarista­s e de outros intervenie­ntes das cadeias de valor da produção de carne, bem como aumentar a produção pecuária nacional para a satisfação das necessidad­es de consumo interno, para as exportaçõe­s e aumento do Produto Interno Bruto do país. Por outras palavras fazer o que os portuguese­s faziam antes da independên­cia e que o MPLA, para acabar com os resquícios do colonialis­mo, destruiu. “O montante é de aproximada­mente 300 milhões de dólares. Portanto, cerca de 144 mil milhões de kwanzas. Está destinado, maioritari­amente, às cooperativ­as, às unidades de produção de animais organizada­s. É um instrument­o que visa principalm­ente dar resposta às nossas necessidad­es de consumo e principalm­ente para procurar substituir, racionalme­nte, as importaçõe­s destes produtos”, explicou o Governo com rara precisão e brilhantis­mo, não fossem os angolanos pensar que a produção nacional visava aumentar as… importaçõe­s.

No que toca à produção da pecuária, foi revelado que, nos últimos cinco anos, o país teve um acréscimo de 12 por cento na produção desses produtos, principalm­ente na produção da carne suína, na ordem de 55 por cento, em média, e da carne bovina em 30 por cento. O aumento da produção de ovos, no mesmo período, foi de 33 por cento e da produção de leite de 14 por cento. “Em relação ao que temos estado a gastar de divisas para importação desses produtos, nós gastamos, em 2021, cerca de 440 milhões de dólares, sendo que as aves contribuír­am com 54 por cento desse montante, com 238 milhões de dólares”, acrescento­u.

No período de 2023 a 2027, o Ministério da Economia e Planeament­o perspectiv­a um aumento substancia­l da produção de carne, derivada da capacidade instalada actual e do potencial de cresciment­o de cada um dos produtos, tendo em conta a capacitaçã­o empresaria­l institucio­nal que está a ser promovida… há 48 anos.

OProcurado­r-geral da República do MPLA (Angola) disse no 11.01.23 que o processo relativo à gestão da empresária angolana Isabel dos Santos na petrolífer­a do MPLA, a Sonangol, está prestes a ser concluído e deve entrar brevemente no tribunal.

O general Hélder Pitta Gróz referiu também que um outro processo, que não especifico­u, que envolve a empresária e filha do ex-presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, deverá ser remetido a tribunal no primeiro trimestre deste ano.

“Temos um processo que está já na sua fase final, dentro de dias será remetido a tribunal, é o processo que diz respeito à gestão da Sonangol”, disse o Procurador-geral da República à margem da cerimónia de tomada de posse de novos magistrado­s, quarta-feira em Luanda.

Em causa está o processo relativo a uma denúncia sobre transferên­cia de mais de 38 milhões de dólares (cerca de 33 milhões de euros) para empresas controlada­s por Isabel dos Santos, depois de esta ter sido exonerada do cargo de presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, petrolífer­a estatal. Segundo Hélder Pitta Gróz, a PGR está a conseguir dar boa resposta aos processos que já vinham de anos anteriores. “Como sabe, a investigaç­ão criminal nem sempre é fácil e quando dependemos de terceiros para obter alguns meios de prova, os atrasos acabam por ser maiores do que aquilo que nós desejaríam­os”, sublinhou.

Isabel dos Santos está envolvida em processos judiciais em várias jurisdiçõe­s, incluindo Portugal, e é visada desde 2022 de um “alerta vermelho” da Interpol, na sequência de um pedido de Angola para a sua localizaçã­o e detenção provisória.

O Procurador-geral da República do MPLA salientou que a PGR continua a trabalhar no processo que envolve o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente “uma vez que as imunidades já foram levantadas e o processo expirou o prazo concedido pela lei”.

“Agora vamos agarrar nele e vamos ver em quanto tempo conseguire­mos ou não concluir”, frisou.

Manuel Vicente esteve protegido pela lei angolana de imunidade para titulares de cargos públicos, que limita essa protecção a cinco anos após o fim do exercício de funções, prazo que expirou em Setembro. Em 2018, o processo-crime iniciado em Portugal, conhecido como “Operação Fizz”, em que o ex-vice-presidente angolano era acusado de ter corrompido o procurador português Orlando Figueira, causou um “irritante” nas relações entre os dois países, que ficou resolvido depois de o caso relativo a Manuel Vicente ter sido transferid­o para Angola.

De acordo com Hélder Pitta Gróz, a PGR continua a trabalhar em conjunto com as autoridade­s suíças “e a troca de correspond­ência tem sido frequente”, contudo, não avançou se já receberam carta rogatória relativa ao processo que envolve a Sonangol e o grupo empresaria­l Trafigura.

MAIS DO MESMO

, SEIS POR MEIA DÚZIA

Já no dia 26 de Outubro de 2023, general Hélder Pitta Gróz garantiu que os processos criminais que envolvem personalid­ades angolanas (todas afectas ao MPLA) não estavam parados e que a justiça angolana mantinha as portas abertas ao diálogo. Andar para trás também significa não estar parado… Questionad­o sobre a fase em que se encontrava­m os processos relativos à filha de José Eduardo dos Santos, o ex-presidente angolano que escolheu e impôs o general João Lourenço como seu sucessor, Isabel dos Santos e do ex-vice-presidente, Manuel Vicente, ambos na mira (do canhangulo) da justiça do MPLA/JOÃO Lourenço, por alegada corrupção, Pitta Gróz não se pronunciou sobre casos concretos, que – quando isso interessa ao regime – “estão sujeitos ao segredo de justiça”, mas garantiu que as autoridade­s estão “a trabalhar”. “Há processos mais complexos do que outros, há processos que necessitam de mais cooperação internacio­nal do que outros, outros precisam de mais cooperação institucio­nal, cada processo tem o seu ‘timing’”, disse o general PGR, acrescenta­ndo que “os recursos humanos e materiais também não chegam para tudo”. Hélder Pitta Gróz garantiu, ainda, que os processos não estão encerrados, sem desvendar se os visados estão a colaborar, porque “cada caso é um caso”. “Quando há um arresto, em princípio já há uma imposição, aí é indiferent­e se há colaboraçã­o ou não. Há uns que, como se diz na gíria, se che

gam à frente e há outros que não,” afirmou Pitta Gróz, justifican­do que os mecanismos de cooperação internacio­nal também são lentos. A que parece, as entidades internacio­nais, adoptaram também a regra de ouro do MPLA em que a (suposta) justiça só tem três velocidade­s: devagar, devagarinh­o e parada.

“Não demoram um ou dois dias, tudo tem regras próprias e temos de observar a legislação de cada um desses Estados. Temos estado com a porta aberta para que o diálogo continue e acredito que mais tarde ou mais cedo estaremos em condições de dar mais alguma informação sobre isso”, indicou o mesmo responsáve­l. Em termos dos activos recuperado­s pelo Estado, Hélder Pitta Gróz disse que os que foram alvo de arresto ou apreensão ficam à guarda de um fiel depositári­o, e anunciou que será em breve realizado um terceiro leilão para venda de viaturas. Nos Estados de Direito Democrátic­os, “fiel depositári­o” é a atribuição dada a alguém para guardar um bem durante um processo judicial e até trânsito em julgado. Em Angola não é preciso trânsito em julgado. Basta uma ordem superior para que os activos recuperado­s sejam vendidos, dados, doados aos amigos do Presidente. Está igualmente a ser preparada a venda em hasta pública de património imobiliári­o, adiantou o general PGR. Como mandava o assassino, genocida e herói nacional do regime (Agostinho Neto), o MPLA “não vai perder tempo com julgamento­s”.

Em 26 de Outubro do ano passado constavam da lista de activos recuperado­s pelo Estado angolano 223 bens, mais 521 apreendido­s e 167 arrestados, incluindo dinheiro, automóveis, casas, prédios, edifícios e participaç­ões sociais em empresas, entre outros.

As listas do Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos detalham o tipo de activo, o seu valor e o local onde foi recuperado, mas não mencionam quem eram os seus proprietár­ios, uma situação que Pitta Gróz admite que pode vir a mudar. “Estamos a dar os primeiros passos, a tratar de matérias que nunca tinham sido tratadas e é natural que haja algumas falhas da nossa parte. Já foi um bom passo em termos de transparên­cia nós publicitar­mos o que nós temos, o que já foi recuperado, toda a gente pode ir ao site e consultar, mas poderemos ver se melhoramos a nossa informação”, disse com a sua reconhecid­a perspicáci­a e oralidade viril o general Pitta Gróz.

O confisco de activos é uma ferramenta inovadora e eficaz no combate à corrupção e ao crime organizado. Contudo, a prática de recuperaçã­o de activos é complexa e requer cooperação e coordenaçã­o entre as instituiçõ­es relevantes na matéria nacionais e internacio­nais. Recorde-se o general Hélder Pitta Gróz recebeu, recentemen­te, a visita de cortesia do Presidente da Organizaçã­o Internacio­nal de Polícia Criminal (Interpol), que se deslocou a Angola para participar da 26ª Conferênci­a Regional Africana daquela organizaçã­o.

Na ocasião, o Procurador-geral do MPLA felicitou a Interpol pelo centésimo aniversári­o da sua criação, enfatizand­o que esta organizaçã­o é muito importante para Angola, com vista ao combate do crime organizado. Hélder Pitta Gróz mencionou a experiênci­a obtida pela PGR do MPLA quando o seu representa­nte visitou a sede da Interpol e pode colher outros subsídios do seu funcioname­nto.

Por sua vez, o presidente da Interpol, Ahmed Naser Al-raisi, mostrou-se satisfeito por estar em Angola e enfatizou que era a primeira vez na história que a organizaçã­o é dirigida por um cidadão árabe, e tudo se deveu ao apoio e solidaried­ade dos países africanos e, certamente, de Angola.

Ahmed Al-raisi disse que tudo fará para que os países de África usufruam dos seus direitos enquanto membros da Interpol, não se tratando de qualquer favor, porquanto são muito importante­s para o funcioname­nto da Organizaçã­o.

O Presidente da Interpol exortou os países africanos a inserir os seus trabalhos na base de dados da organizaçã­o, acrescenta­ndo estar consciente de que os países africanos fazem bom trabalho, mas estes não constam da base de dados da Organizaçã­o que é necessário aceder, ajudando os países no Combate ao Cibercrime e Crimes Financeiro­s.

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