A (IN)CULTURA DOS ASSASSINOS
ODia Nacional da Cultura (do MPLA), 8 de Janeiro, foi instituído em homenagem ao discurso sobre a cultura nacional do primeiro Presidente de Angola, o assassino e genocida António Agostinho Neto, por ocasião da tomada de posse dos corpos gerentes da União dos Escritores Angolanos (UEA). Sobre o assunto, Filipe Zau (ministro da Cultura do MPLA) apontou no dia 8 de Janeiro de 2023 para a necessidade de se promover e estimular a aprendizagem para a conservação e validação do acervo histórico, cultural e artístico que, em função do patrono (genocida) Agostinho Neto, deve ser um exclusivo do MPLA. Em mensagem no âmbito do Dia Nacional da Cultura do ano passado, Filipe Zau avançou que a apropriação de conhecimentos torna-se também necessário associarem-se as estratégias mais adequadas para a difusão, ao nível internacional, das iniciativas direccionadas para uma maior promoção da cultura angolana (do MPLA), fundamentalmente, junto de diferentes comunidades na diáspora e, complementarmente, como um relevante apoio ao fomento do turismo interno e exterior. Conforme o ministro, a realização de concertos, performances e exibições permitem avaliar as enormes potencialidades das indústrias culturais em prol da diversificação da economia e do exercício pleno da cidadania nacional e planetária.
“Por este facto, não podemos deixar de reconhecer e de homenagear o esforço de todos os que, apesar das dificuldades experimentadas, decidem enveredar por esta actividade laboral, ainda socialmente pouco valorizada”, disse o ministro.
Filipe Zau adiantou que a cooperação entre o Estado (MPLA) e a sociedade civil do MPLA, de forma mais dialogante e concertada, permitirá viabilizar a elevação do baixo sentido da auto-estima dos “operários de cultura”, trabalhando em prol de uma agenda cultural consistente, que possa contribuir para uma maior empregabilidade e, consequentemente, para um melhor apoio social. Também o Bureau Político do Comité Central do MPLA apelou na altura para a necessidade da preservação da pluralidade cultural e do património histórico angolano, como fontes de fortalecimento da identidade e memória colectiva e fomento da consciência nacional e da cidadania. Em nota, por ocasião, do Dia
Nacional da Cultura, o MPLA apelou aos compatriotas, de Cabinda ao Cunene, a transformarem a data num marco de reflexão em torno da articulação dos mecanismos de promoção de todas as manifestações culturais, como pilares sólidos para o enaltecimento da identidade dos angolanos. Reitera que, no âmbito do Programa de Governação 20222027, “a visão do MPLA é a de que o sector cultural e criativo seja um factor de promoção de crescimento económico, estruturado e sustentável, capaz de estimular uma ampla diversidade artística”.
O Bureau Político do MPLA, em nome dos seus militantes, simpatizantes e amigos do partido (talvez 20 ou 30 milhões), saudou efusivamente a celebração da data, “no espírito de unidade nacional e com reflexo nos ideais e aspirações do saudoso Presidente António Agostinho Neto, para quem a cultura corresponde, em cada etapa, uma forma de expressão e de concretização de actos materiais”. Para melhor compreender o que é a cultura do MPLA, nada melhor do que ler o órgão oficial do MPLA, Jornal de Angola, eficaz meio de branqueamento do regime e, neste caso, da imagem de um genocida (Agostinho Neto) que foi responsável pelo massacre de milhares e milhares de angolanos em 27 de Maio de 1977. Vejamos então a composição da lixívia “made in” MPLA: «O Dia da Cultura Nacional, que constitui uma data de elevado simbolismo histórico, dimensão política e impacto filosófico, pode ser motivo para um debate aberto e abrangente, sobre o estado actual da cultura nacional e sua integração no processo de reconstrução de Angola.
A verdade é que, por mais estranho que possa parecer, continuam actuais as ideias expressas no referido discurso, “A cultura não se pode inscrever no chauvinismo, nem pretender evitar o dinamismo da vida. A Cultura evolui com as condições materiais e em cada etapa corresponde a uma forma de expressão e de concretização de actos materiais”, afirmava, profético, Agostinho Neto.
É curioso notar que o pensa
mento do Dr. António Agostinho Neto, embora eivado do primado da ideologia marxista, na sua sustentação filosófica, já possuía uma visão transnacional da cultura angolana, visando a sua internacionalização, evitando os “chauvinismos” e inscrevendo os preceitos do entendimento da cultura angolana no “dinamismo da vida”. Uma leitura atenta do discurso do Primeiro Presidente de Angola, leva-nos a inferir que os riscos de divisão da sociedade pelas assimetrias no acesso à cultura e a sua vulnerabilidade às crescentes pressões de consumo dos produtos culturais vindos de fora, exigem que a promoção da cultura endógena seja fundamental para que os angolanos se desenvolvam livre, integral e solidariamente e afirmem os seus valores identitários no mundo, tal como previu Agostinho Neto. Estamos numa época em que a cultura deve estar integrada no processo de desenvolvimento económico e a sua gestão entendida segundo os preceitos da modernidade e dos avanços das modernas tecnologias da esfera comunicacional. Para que tal desiderato se efective, é imperioso apostar na formação e capacitação técnica dos criadores e promotores culturais, promover o ensino das artes, empreender o restauro do património edificado, estimular a investigação e recuperar o espólio da cultura imaterial, respeitando, desta forma, as linhas de força do discurso pronunciado por Agostinho Neto.
O Plano Estratégico de implementação da política cultural de Angola “define as prioridades do Executivo para o sector e fornece um quadro para a tomada de decisões em relação à necessidade de alocação dos recursos internos e da assistência externa”.
A meta é consagrar a cultura como um direito de cidadania, incorporando as novas tecnologias para a produção e difusão cultural, a conservação do Património e sua sustentabilidade, visando o estabelecimento de uma gestão pública moderna eficiente e eficaz. Caberá então ao Estado estabelecer, na prática, todas as condições necessárias para que a cultura angolana no seu conjunto seja de facto preservada e difundida, através da construção e manutenção de infra-estruturas, formação de quadros, garantindo a identidade e permanência cultural de Angola, num mundo globalizado.
Apesar dos inegáveis avanços das novas tecnologias da esfera comunicacional e ao contrário dos profetas que advogam o fim do livro, onde a escrita alfabética seria substituída por uma cultura de sinais, o livro ainda é a melhor ferramenta de trabalho, de acesso à cultura e o companheiro ideal para todos os momentos. As igrejas, o Estado, a sociedade e as associações culturais, devem estar atentas ao crescente movimento editorial angolano, que, no passado, teve momentos gloriosos de edição, sobretudo depois da independência, e, no presente, vem dando sinais de qualidade concorrencial e consequente afirmação internacional. A construção de bibliotecas públicas, para a fruição da leitura pelos munícipes e a criação de espaços de lazer cultural, podem inverter a tendência crescente dos números da delinquência juvenil, um mal com que nos deparamos, frontalmente, no nosso quotidiano. Sabe-se que o livro não dispersa, pelo contrário fixa e condensa a generalidade dos conhecimentos que estão na base de todo o progresso individual e colectivo. A realização de feiras do livro pode constituir um momento, entre vários outros, que complementa o ciclo do sistema literário, dinamizando um processo que inclui a promoção e defesa dos direitos do autor, editor, importador e do livreiro. Embora as cidades, incluindo a capital, sejam os espaços de maior concentração das populações, congregando em si parte substancial das práticas de intervenção cultural e económica, é imperioso deslocar, contextualizar e rentabilizar a acção cultural em outros pontos do país. De facto, um dos preceitos da política cultural está consubstanciado na descentralização das acções do Executivo angolano e reorienta uma agenda cultural nos Municípios, ou seja, fora dos grandes centros urbanos. Sabemos que a maioria esmagadora das províncias, ostenta um enorme potencial patrimonial, cuja conservação e restauro deve merecer a atenção do Estado angolano. Segundo os princípios defendidos pelas políticas culturais, “O financiamento da cultura é condição determinante para a realização dos objectivos definidos para o desenvolvimento sustentável, uma vez que os retornos dos investimentos na cultura são mais qualitativos do que quantitativos e a intervenção da cultura na consolidação da nação não tem preço.
O Executivo tem um papel decisivo e insubstituível no financiamento da implementação da Política Cultural, devendo contar com o concurso dos distintos sectores da economia e da sociedade, nomeadamente das agremiações sócio-profissionais, das fundações, das associações e organizações não-governamentais”. Daí que se torna urgente regulamentar os princípios básicos que definem o Mecenato Cultural, sobretudo da investigação, no domínio da cultura.»
Angola vai ganhar, nos próximos tempos, a primeira fábrica de soda cáustica e hipoclorito de cálcio, a ser construída na província de Benguela, num financiamento do Deustche Bank avaliado em 24 milhões 831 mil e 412 euros.
Para o início da operacionalização desse empreendimento, o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e os parceiros da respectiva iniciativa assinaram em Luanda, dois contratos de repasse dos projectos ‘Salinas Calombolo’ e ‘Alexandre´s House’.
Com uma capacidade para produzir químicos de alta qualidade e gerar 32 empregos directos, a fábrica, inserida no projecto Salinas Calombolo, vai ocupar aproximadamente cinco mil quilómetros quadrados. A construção da unidade fabril (projecto Salinas Calombolo) insere-se na linha de crédito do Deustche Bank, representando um avanço industrial e um compromisso tangível para o crescimento sustentável e geração de empregos no país. A instalação da respectiva fábrica em Angola contribuirá para a melhoria da saúde pública, salubridade e indústria, especialmente no tratamento de água e desinfestação de superfícies. A soda cáustica é uma substância criada por meio de uma reacção entre água e cloreto de sódio, conhecida como electrólise. Devido à sua alta capacidade corrosiva, serve para limpezas profundas e desobstrução de canos. A propósito, o representante das Salinas Calombolo, Adérito Areias Pereira, considerou que o projecto permitirá reduzir a importação do sal no país, que anualmente gasta 650 milhões de dólares em produtos derivados do sal.
“O nosso objectivo é atingir as 500 mil toneladas de sal urgentemente, superando as 200 mil toneladas registadas em 2023”, afirmou.
Por outro lado, o projecto Alexandre´s House, a ser implementado também na província de Benguela, conta com um financiamento de 47 milhões 75 mil e 72 euros, estando focado para o fornecimento e montagem de um entreposto para recepção, congelação e processamento de pescado no município da Baía Farta. Essa iniciativa, que visa impulsionar o sector pesqueiro e a economia regional, prevê utilizar embarcações modernas para captura e uma unidade industrial avançada para o processamento e congelação de pescado, prevendo gerar 203 empregos directos.
O projecto Alexandre’s House está focado no fornecimento e montagem de um entreposto para recepção, congelação e processamento de pescado no município da Baia Farta. O projecto prevê, ainda, criar 203 empregos directos e permanentes.
Na ocasião, a presidente do Conselho Executivo do BDA, Patrícia de Almeida, considerou que os dois projectos representam a concretização de um sonho e um passo firme em direcção a um futuro mais próspero e sustentável para Angola.
Para a gestora, a instalação da primeira fábrica de Soda Cáustica vai reduzir a dependência de importações e fortalecer a economia nacional. Apontou também que o projecto Alexandre ́s House representa um avanço estratégico no sector das pescas, por ser um entreposto pesqueiro que vai reforçar a segurança alimentar nacional e sustentar centenas de famílias angolanas.
Por seu turno, o secretário de Estado para a Economia, Ivan dos Santos, considerou que os contratos assinados representam um sinal para a indústria reduzir a importação de matérias-primas, como o Hipoclorito de sódio, Soda Cáustica e o Ácido Clorídrico, para além de dinamizar a economia nacional.
A história da Salinas Calombolo começou há mais de 70 anos e tem origem na tradição familiar no ramo das pescas e produção de sal. O grupo AA, liderado pelo empresário benguelense Adérito Areias, consolidou a posição líder em ambos os mercados.
Para além disso, e com a aposta na diversificação de negócios o Grupo AA expandiu a actividade para outras áreas da indústria e serviços, apostando na agro-pecuária, transformação de cereais, construção civil e hotelaria. “Produzir o melhor, com o que de melhor a terra nos dá”, é o lema do Grupo AA, assumindo que o seu maior objectivo é atingir a excelência na satisfação das necessidades dos clientes e levar os sabores de Angola ao mercado nacional e internacional. Recorde-se que nove anos depois de concluída, a fábrica de concentrado de tomate da comuna do Dombe Grande, na província de Benguela, com capacidade de processamento de 150 toneladas/dia, poderá arrancar em Março de 2024. A unidade fabril, que tem em vista a transformação de tomate em massa ou polpa, integra o Complexo Agro-in
dustrial do Dombe Grande, município da Baía Farta, tal como um entreposto frigorífico e uma fábrica de latas para serem usadas como embalagens. Sob tutela do Ministério da Agricultura e Florestas, a gestão do Complexo Agro-industrial do Dombe Grande será assumida pelo Grupo privado Adérito Areias, com sede na província de Benguela.
Segundo o presidente do grupo, Adérito Areias, citado pela Rádio Benguela, o arranque tanto da fábrica de processamento de tomate, quanto de produção de latas está previsto para Março de 2024.
Por essa razão, adiantou que as unidades fabris foram reequipadas por técnicos espanhóis, já que foram vandalizadas e retirados os equipamentos, como cabos e motores eléctricos. “Estamos a fazer um esforço muito grande a custo próprio, para a recuperação daquela fábrica”, garantiu. Adérito Areias destaca a capacidade de processamento de 150 toneladas de tomate por dia como um impulso para que os produtores locais, incluindo agricultores e familiares, aumentem a produção no Dombe Grande.
O empresário foi peremptório em admitir que a fábrica tem que arrancar, não obstante reconhecer que a produção de tomate no Dombe Grande ainda é insuficiente face à capacidade instalada.
Por isso, disse que se está a pensar em aproveitar não só o tomate, mas também tudo quanto se produz no Dombe Grande, para transformar e fazer compotas.
Esta nova estratégia, explicou, vai ajudar a evitar desperdício de culturas naquela comuna e aumentar os rendimentos dos produtores.