Desafios da economia familiar em Angola: uma análise necessária
Com as circunstâncias actuais em Angola, é crucial abordar os desafios complexos que impactam directamente a economia das famílias. A conjuntura económica e política do país exerce uma influência profunda sobre cada lar angolano. A economia familiar enfrenta obstáculos intricados, intimamente conectados com a situação económica e política nacional. A histórica dependência no sector petrolífero expõe as famílias a flutuações no mercado global e à instabilidade interna, resultando em uma vulnerabilidade significativa que afecta directamente o bem-estar e a estabilidade das famílias.
A inflação, um dos desafios imediatos, exerce uma pressão substancial sobre os orçamentos familiares, pois os preços dos alimentos e serviços básicos aumentam, exigindo ajustes contínuos diante do crescente custo de vida.
O estudo de Kaplan & Schulhofer-wohl (2017), sugere que os agregados familiares com rendimentos mais baixos, a inflação tende a ser mais alta. Esta disparidade pode estar a acelerar o aumento da desigualdade nos rendimentos reais em comparação com a desigualdade nos rendimentos nominais. É uma tendência preocupante que evidencia uma potencial ampliação do fosso entre diferentes estratos sociais (Kaplan & Schulhofer-wohl, 2017).
Além disso, o acesso limitado a serviços essenciais, como saúde e educação, devido à limitação do sistema público e aos altos custos dos serviços privados, coloca as famílias em situações de aperto financeiro. Zhou et al. (2022) concluíram que a incerteza no rendimento familiar aumenta significativamente face a grandes emergências de saúde pública e, consequentemente, isso aumenta a vulnerabilidade económica do agregado familiar.
As incertezas políticas também desempenham um papel crucial, e geram ansiedade e insegurança financeira em relação ao futuro. O desemprego emerge como um dos problemas mais prementes, afectando directamente as famílias. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2022) revelam uma taxa alarmante de desemprego de 30,2% da população, o que equivale a cerca de 4,9 milhões de pessoas. Esse problema é especialmente acentuado entre os jovens, com uma média de idade de 26 anos. A maioria dos empregos existentes é informal, com mais da metade da população empregada a trabalhar por conta própria (41,7%) ou em trabalho familiar sem remuneração para consumo próprio (33,3%) (INE, 2022). Esta realidade não garante estabilidade financeira, e amplia a precariedade das condições de vida para muitas famílias.
A predominância do trabalho informal é ainda mais evidente em áreas rurais, entre mulheres e jovens de 15 a 24 anos. Esses dados destacam a urgência de políticas específicas para criar oportunidades formais de emprego e abordar a disparidade de gênero e marginalização dos jovens.
Para enfrentar esses desafios, é essencial uma abordagem colaborativa entre governo, organizações e sectores relevantes. Estratégias direcionadas para criar empregos formais, especialmente para os jovens, tornam-se imperativas diante desses dados estatísticos alarmantes. Investimentos em educação, capacitação e políticas de desenvolvimento económico são cruciais para oferecer oportunidades mais estáveis e sustentáveis às famílias angolanas. Apesar da resiliência demonstrada pelas famílias ao adoptarem estratégias de sobrevivência, como múltiplas fontes de rendimento e empreendedorismo, é crucial um esforço conjunto para enfrentar os desafios. A abordagem dessas questões específicas - desemprego, informalidade e falta de oportunidades formais - é fundamental para melhorar as condições de vida e impulsionar o desenvolvimento económico de Angola, exigindo ação conjunta e abordagem integrada com base nos dados estatísticos apresentados.
OPresidente da República adora ter um “patuá” com a Imprensa, escreve neste o jornalista Jorge Eurico. João Lourenço faz questão de sugerir ao País e ao mundo que é um político tolerante, democrático e pronto para responder a todas as perguntas que lhe são colocadas pelos jornalistas. Nem que seja com trocas, baldrocas e altas engenhocas verbais. Mas sempre que o faz comete gafes de palmatória e profere declarações controversas que acabam por pôr nu a sua impreparação para o cargo que desempenha. O País fica boquiaberto e ri-se como se estivesse a assistir a uma tirada de Renato Aragão, ao tempo dos “Trapalhões” - série cômica brasileira exibida pela Televisão
Pública de Angola (TPA) na década de 80. O seu séquito, este, ovaciona-o hipócrita e cinicamente. Nunca - a opinião é quase consensual entre os angolanos - a instituição Presidente da República esteve tão vulgarizada como agora. O País regrediu muito e em diversos domínios. Há um desalento significativo entre os quadros angolanos capazes quando se veem a ser dirigidos por gente menos capaz no domínio intelectual, político ou técnico. O Presidente da República efetuou uma visita de trabalho à capital do Planalto Central de 48 horas. No final da visita fez um balanço da mesma aos jornalistas. Na passada, lançou mais um “disco”, uma pedrada que bem poderíamos atribuir como título “As Várias Noções de João Lourenço sobre
Turismo”. João Lourenço revelou uma variante do turismo que até então era desconhecida de (quase) todos nós: o turismo de aventuras! Ele, de acordo com João Lourenço, consiste em gostar de apanhar poeira, chuva, lama, picadas esburacadas e estradas de terra batida. A minha pergunta é: assim está mesmo bom? Um PR fala assim de forma tão atabalhoada e irresponsável, ao ponto de insinuar que há quem goste de poeira sem preocupar-se com os prejuízos que a mesma pode causar à saúde humana? Haverá melhor forma de abandalhar um dos primaciais símbolos da República, que é a Presidência do Estado angolano? Repito: assim mesmo está bom? Resposta: acho que não! Conclusão magistral de Jorge Eurico.
A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA NUNCA ESTEVE TÃO VULGARIZADA…