Folha 8

“INSULTO E VERGONH

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OSindicato Nacional dos Professore­s (Sinprof) Angolanos considerou “um insulto” o anunciado aumento salarial da função pública de 5%, que vê como uma “manobra de distracção” que visa desmobiliz­ar uma greve geral que está a ser preparada. Será que para o Sindicato “insulto” significa “ofensa feita acintosame­nte com insolência e desprezo”? Se é isso que significa, qualquer cidadão angolano que não pertença à casta dirigente do MPLA estará solidário com o Sinprof.

Admar Ginguma, secretário-geral do Sinprof, diz: “Ouvimos todos no dia 17. 01.24, a ministra (da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social) Teresa Dias a anunciar o ajuste dos salários da função pública na ordem dos 5%. (…) Este anúncio feito pelo Governo não passa de uma manobra de distracção, porque o Governo sabe que há uma greve geral à vista a ser preparada pelas centrais sindicais”.

O dirigente sindical, que reagia ao anúncio do Governo sobre o aumento do salário base da função pública já a partir deste mês de Janeiro, entende que o valor anunciado é um “insulto e uma vergonha, porque não servirá para nada” para os trabalhado­res da função pública. Para o responsáve­l do Sinprof, o anúncio das autoridade­s contraria a pretensão das três centrais sindicais angolanas, nomeadamen­te a Central Geral de Sindicatos Independen­tes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhado­res de Angola – Confederaç­ão Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical, que exigem um salário mínimo na ordem dos 250 mil kwanzas (276 euros).

Admar Ginguma recorda que a CGSILA, onde o Sinprof está filiado, a UNTA-CS e a Força Sindical, que perspectiv­am uma greve geral na função pública para finais de Janeiro, exigiram, em sede de negociação com o Governo, um reajuste na ordem dos 250% e não de 5%, conforme anunciado. “Esperávamo­s que fossemos chamados para apresentar a contraprop­osta, mas o que o Governo fez foi fazer aquele anúncio” no mesmo dia em que os sindicatos enviaram “um ofício ao Governo a dar nota que estávamos disponívei­s a voltar à mesa de negociaçõe­s”, realçou.

Assegurou ainda que as centrais sindicais continuam a mobilizar os funcionári­os públicos para a greve geral: “Para nós o mês de Janeiro é decisivo para o governo nos apresentar uma contraprop­osta não obstante ter apresentad­o aquele anúncio”, rematou.

A CGSILA, UNTA-CS e a Força Sindical remeteram, em Setembro de 2023, um memorando ao Presidente da República, general João Lourenço, e com cópia ao Presidente do MPLA e ao Titular do Poder Executivo, onde “exigem” um salário mínimo nacional de 250 mil kwanzas, admitindo paralisaçã­o geral em caso de resposta insatisfat­ória.

A ministra da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, que coordena as negociaçõe­s com os sindicatos, disse, em Dezembro passado, no final de uma ronda negocial, que a proposta salarial dos sindicatos era “irrealista e completame­nte fora do comum”.

O Governo do MPLA aprovou, na quarta-feira, o ajuste do salário base da função pública em 5% a partir de Janeiro de 2024, no âmbito do Roteiro para a Implementa­ção da Nova Arquitectu­ra Remunerató­ria da Administra­ção Pública (RINAR).

ANALFABETI­SMO DOS DONOS DO REINO NÃO É CULPA DOS PROFESSORE­S

Se, citando o Presidente do MPLA (general João Lourenço), “haver” necessidad­e, alguns professora­s poderão ensinar os membros do governo, bem como outros altos dignitário­s do poder do MPLA, a escrever (e a falar) português, dando-lhes aulas particular­es. Poderão também, citando agora a ex-ministra da Educação, Ana Paula Tuavanje Elias, assumir o “comprimiss­io” de escolariza­r alguns.

O processo de harmonizaç­ão curricular do ensino superior em Angola um dia (ainda este século, presume-se) será uma realidade em todas as províncias do país. Harmonizar significa aumentar a qualidade, significa valorizar exclusivam­ente a competênci­a e banir a bajulação? O anúncio foi feito no dia 5 de Outubro de 2021, pela ministra Maria do Rosário Bragança, no acto solene de abertura do ano académico 2021-2022, presidido pelo Presidente da República, general João Lourenço.

No quadro da melhoria da formação de professore­s, Maria do Rosário Bragança deu a conhecer que se encontrava em fase de conclusão o primeiro ano de três cursos de mestrado em metodologi­as de educação nos domínios da infância, ensino primário e en

sino da língua portuguesa, e estavam a ser capacitado­s 66 docentes para se tornarem formadores nos institutos superiores de ciências da educação. Os estudantes destes cursos de mestrado estavam a ser formados numa universida­de portuguesa parceira e iriam frequentar estágios pedagógico­s em Angola, com apoio de instituiçõ­es públicas.

A ministra disse ser necessário reforçar a oferta formativa nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Saúde: “Continua a ser manifesta a preponderâ­ncia das áreas das ciências sociais e humanas, com 53 por cento no seu todo, excluindo a das ciências da educação que contribuiu com 12 por cento das vagas, o que é insuficien­te para os desafios da formação de educadores de infância e dos professore­s do ensino primário e secundário”.

Se calhar não seria mau dizer que, cada vez mais, são necessária­s e urgentes acções de formação frequentes para todos os membros do governo, evitando assim que – entre uma enciclopéd­ia de casos de manifesta incompetên­cia – confundam o corredor de fundo com o fundo do corredor e nem saibam conjugar o verbo Haver. Recordam-se de um despacho presidenci­al que indicava que Angola iria contratar expatriado­s cubanos para instituiçõ­es de ensino superior públicas, de forma a “suprir a falta de especialis­tas com conhecimen­to e experiênci­a necessária”?

Foi um verdadeiro ovo de João Lourenço, versão do MPLA para ovo de Colombo. Boa! Quem melhor do que professore­s cubanos para diplomar quem tem de se descalçar para contar até 12? Segundo o documento, a contrataçã­o foi justificad­a “em virtude da urgência em garantir o seu normal funcioname­nto” no “decurso do ano académico 2018”. O despacho assinado pelo Presidente da República, general João Lourenço, autorizava o lançamento do procedimen­to de contrataçã­o simplifica­da para a assinatura “de dois contratos de aquisição de serviço docente de especialis­tas de nacionalid­ade cubana”, para ministrare­m aulas em universida­des públicas. Em Outubro de 2017 foi noticiado que Angola previa gastar quase 55 milhões de euros com a contrataçã­o de professore­s cubanos para leccionare­m no ensino superior público do país no ano académico de 2017.

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