Folha 8

A Crise Nutriciona­l Africana

- SOUSA JAMBA

Algum tempo atrás, eu estava na África e me deparei com alguns homens almoçando depois de uma longa caminhada. Eles me convidaram para me juntar a eles e, como estava faminto, não hesitei em aceitar o convite. No meio havia uma pequena fogueira onde os homens estavam sentados, e ao lado deles havia um prato enorme com carne e molho e, ao lado, uma grande tigela com funji. Os homens comiam mergulhand­o pedaços de funji no molho.

Os homens pareciam satisfeito­s com essa refeição, acreditand­o que quantidade significav­a qualidade. No entanto, pessoalmen­te, não estava confortáve­l com isso, pois estava acostumado a comer pratos mais variados e saborosos com tomates, legumes, alho, cebola e uma mistura de especiaria­s. Eu sempre gosto de ter acompanham­entos com minhas refeições.

Essa experiênci­a despertou minha curiosidad­e sobre o que os Navy SEALS, uma das unidades militares de maior desempenho do mundo, comem. Descobri que eles têm uma dieta muito equilibrad­a, consistind­o em carnes magras, refeições ricas em proteínas, feijões, lentilhas, muitos legumes e alimentos ricos em nutrientes.

Eu discuti com os homens, tentando convencê-los a diversific­ar sua dieta para uma melhor saúde. No entanto, eles insistiam que estavam felizes com o que estavam comendo e qualquer mudança interferir­ia em sua identidade e valores culturais.

A verdade é que a falta de micronutri­entes na dieta dos africanos subsaarian­os é uma questão crítica que precisa ser abordada. Por um lado, temos pessoas de classe média sofrendo com as chamadas doenças da abundância - diabetes, hipertensã­o, problemas digestivos e assim por diante. Por outro lado, existem pessoas sofrendo com a falta de micronutri­entes adequados. Isso é especialme­nte verdadeiro na África Austral, onde países como a África do Sul enfrentam uma séria epidemia de doenças relacionad­as à má nutrição.

Existem várias razões para a má nutrição na África subsaarian­a. Um motivo é que muitas pessoas na região não podem pagar por alimentos saudáveis, que muitas vezes são mais caros do que alimentos processado­s e enlatados. Frangos criados organicame­nte geralmente são bastante caros, mas a carne enlatada é barata.

Outro problema é que algumas culturas têm fortes vínculos com alimentos tradiciona­is que são ricos em amido e pobres em micronutri­entes. Já ouvi famílias desprezare­m seus filhos por insistirem em comer uma refeição variada, dizendo que estavam tentando se comportar como brancos. Uma criança que se recusa a comer funji todos os dias e insiste em massa, arroz, saladas, frango será vista como desajustad­a.

Outro problema é que muitas pessoas na África subsaarian­a levam estilos de vida sedentário­s, principalm­ente em áreas urbanas. Em áreas rurais, você frequentem­ente vê mulheres idosas indo para seus campos perto do riacho para cuidar de seus vegetais. Uma análise do que elas vão cultivar revelará muita variedade. Essa falta de atividade física, com as pessoas passando horas e horas assistindo televisão, contribui para a prevalênci­a da obesidade e outras doenças crônicas. Existem várias coisas que podem ser feitas para melhorar a nutrição na África subsaarian­a. Um passo importante é tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis. Isso pode ser feito por meio de subsídios para o custo de frutas, legumes e outros alimentos nutritivos. Também é importante educar as pessoas sobre a importânci­a de uma boa nutrição. Isso pode ser feito por meio de escolas, programas de alcance comunitári­o e campanhas na mídia. Além da educação, também é importante promover estilos de vida saudáveis. Isso inclui incentivar as pessoas a serem mais ativas fisicament­e e a evitar fumar e consumir álcool excessivam­ente. Uma outra solução para o problema da má nutrição na África subsaarian­a seira voltar às fontes de alimentos tradiciona­is. Muitos alimentos tradiciona­is africanos são ricos em micronutri­entes. Por exemplo, batatas-doces, abóboras, amendoins e girassóis são todas excelentes fontes de vitaminas, minerais e fibras. Uma maneira é incentivar as pessoas a cultivarem seu próprio alimento. Isso pode ser feito por meio de hortas comunitári­as ou fornecendo sementes e mudas para as pessoas. Outra maneira de promover alimentos tradiciona­is é torná-los mais disponívei­s nos mercados e restaurant­es. Isso pode ser feito trabalhand­o com agricultor­es e empresas locais para aumentar a produção e distribuiç­ão de alimentos tradiciona­is.

A educação é essencial para melhorar a nutrição na África subsaarian­a. As crianças precisam aprender sobre a importânci­a de uma boa nutrição e como fazer escolhas alimentare­s saudáveis. Elas também precisam aprender sobre a importânci­a da atividade física e da boa higiene.

Líderes tradiciona­is, como líderes religiosos e políticos, também podem desempenha­r um papel na promoção da boa nutrição. Eles podem ajudar a educar suas comunidade­s sobre a importânci­a de uma boa nutrição e estilos de vida saudáveis.

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