EDUCAÇÃO? MERA FORMALID
Se a educação não fosse considerada internacionalmente um direito fundamental, o Executivo não construiria escolas, porque em Angola o processo é uma mera formalidade em obediência às exigências das instituições e sociedade internacionais”, afirmam gestores escolares, docentes e pesquisadores em Ciências e Políticas da Educação que reflectem com preocupação o Dia Internacional da Educação que se assinalou no passado dia 24. Assinalou-se, quarta-feira, o Dia Internacional da Educação. Uma data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas para celebrar o papel da educação na edificação da paz e do desenvolvimento. Para os gestores escolares e pesquisadores em Ciências da Educação, Angola está longe de ter uma “educação de qualidade, inclusiva, equitativa, e de oportunidades para todos, e que ajude a romper o ciclo de pobreza que deixa milhões de crianças, jovens e adultos para trás”. Na concepção do gestor escolar e professor de carreira, Manuel Mbanza, “a educação em Angola é uma mera formalidade. Temos dito que, se a educação não fosse considerada um direito fundamental, o governo angolano não construiria escolas”.
“A minha avaliação é negativa pelo factor que acabei de frisar (formalidade), mas também por não ser capaz de dar resposta/solução aos problemas sociais básicos que o país enfrenta. Pela falta de condições materiais (recursos didácticos)”, diz Manuel Mbanza. Outro factor que contribui negativamente para a decadência crescente da qualidade de ensino é a sua mercantilização. As pessoas que estão a investir no sector educativo não têm conhecimento sobre o fim da educação. Investem no sector com a lógica comercial e não formativa. É nessa perspectiva que vemos a sobrelotação das salas de aula, expondo os professores a condições difíceis de trabalho que reduzem a eficácia do ensino.
Esses factores são reveladores de falta de compromisso com o futuro da nação. Não obstante a quantidade de pessoas licenciadas e com nível médio, a competência dessas pessoas é garantida pela conduta individual e não pelo processo em si, analisou o gestor escolar e professor de carreira, Manuel Mbanza, ao apontar recomendações para que se melhore o estado em que se encontra o Sistema Nacional de Educação.
“Do meu ponto de vista, para melhorar a qualidade de ensino em Angola é necessário fazer-se um grande investimento: Formação dos gestores das instituições de ensino Os gestores dos departamentos provinciais, municipais, os directores e subdirectores das escolas devem ser competentes na área de gestão de ensino ou de escola e ser dotado de conhecimentos pedagógicos;
Formação dos professores
A qualidade do quadro docente no país é débil. É necessário que se formem professores com elevado espírito de responsabilidade e comprometido com a transformação do homem.
A construção de escolas deve obedecer a parâmetros bem definidos e rigorosos. Como a obrigatoriedade de haver biblioteca, salas de informática, laboratórios para todas as disciplinas teórico-prática, internet, refeitório, etc.. Formação de supervisores pedagógicos, que façam cumprir os princípios organizativos e didácticos. Investimento na investigação científica.
Remuneração condigna dos profissionais do sector. Sensibilização dos pais e encarregados de educação, de modo que percebam que o acompanhamento dos educandos é fundamental (…)”.
Atento aos objectivos da agenda de África 2030-2063 e a Lei de Base do Sistema de Educação e Ensino, o docente universitário, Gilberto Sonhi, conclui que “tendo em conta os resultados que se têm alcançado ao longo dos últimos anos, podemos afirmar que temos que fazer para que tenhamos uma educação capaz de transformar homens que sejam capazes de transformar as sociedades, assegurando o desenvolvimento sustentável da sociedade angolana”.
“Se reflectíssemos em volta dos objectivos da educação previstos na lei de base do sistema de educação e ensino; nos objectivos da agenda 2030 e 3063 para África, notaremos que há aqui uma bifurcação entre o que aqui se materializa com aquilo que os documentos referenciados defendem. Ou seja, a não materialização dos objectivos locais, previstos na lei de base de educação e ensino não nos garante o cumprimento dos objectivos previstos na agenda 2030 e na agenda 2063 para África.
Em suma, podemos afirmar que a educação em Angola tem qualidade, tendo em conta o tipo de escola que temos, mas uma qualidade que deixa muito a desejar para se inverter o quadro sombrio, é preciso aposta na formação e na capacitação dos quadros da educação, dando a estes o