Folha 8

DE PARA O MUNDO VER

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direito à educação e o direito na educação. Por outra, devemos apostar na construção de escolas funcionais, ou seja, escolas que nos possibilit­am a construção do homem angolano previsto na lei de bases do sistema de educação e ensino, na agenda 2030 e na agenda 2063 para África”, observou o docente universitá­rio, Gilberto Sonhi.

Para o também docente universitá­rio e pesquisado­r em Ciências e Políticas da Educação, Chocolate Brás, o Dia Internacio­nal da Educação que se assinala nesta quarta-feira, 24 de Janeiro, começa por analisar a componente do trabalho docente para defender inovação pedagógica em Angola como primeiro passo para que aconteça o funcioname­nto de qualquer reforma educaciona­l. “A institucio­nalização do trabalho docente se confunde com o início da história da educação, pelo que há que se prestar sempre atenção sobre o trabalho docente. E neste sentido, Angola precisa avançar num nível em que haja percepção da valorizaçã­o do professor. Não se pode dissociar a melhoria da qualidade do ensino da melhoria da qualidade de vida do professor ou do profission­al da educação. É necessário garantir que os professore­s tenham a garantia de melhores condições de vida, e que se valorize o professor no seu todo. Essa valorizaçã­o pressupõe três indicadore­s fundamenta­is, mas primeiro, a questão da formação inicial do professor antes dele se profission­alizar em serviço, e depois a formação contínua que é aquela que é feita em serviço por meio de curso de pós-graduação ou formações contínuas”, salienta. E acrescenta: “O segundo indicador tem que ver com as condições de trabalho. Deve se garantir que os professore­s tenham as melhores condições de trabalho didáctico-pedagógica­s e administra­tivas, porque não é normal que os professore­s continuem a passar por dificuldad­es para adquirir material bibliográf­ico para prepararem as aulas ou mesmo passarem um dia inteiro sem consumir água ou acesso a alimentaçã­o, portanto, as condições de trabalho são fundamenta­is para que o professor melhore. E por fim, a questão da remuneraçã­o analisada em dois pontos de vista, primeiro, o salário que deve ser o mais concorrido possível, e também dos subsídios, consideran­do o isolamento e os perigos da própria acção docente. Em relação a isso, é também preciso destacar os processos de gestão educaciona­l também têm impacto sobre o trabalho docente. Gestão educaciona­l pressupõe gestão política e processual ao nível central e local. A cada vez políticas gizadas do modelo de topo a base, o que de certa forma leva com que muitas políticas e programas não represente­m de facto aquilo que são as necessidad­es reais das escolas. Portanto, é importante que as escolas consigam ser produtoras de políticas, que se valorize os actores em contexto, nomeadamen­te os professore­s, os gestores escolares, os alunos, pais e encarregad­os da educação, no processo de tomada de decisão sobre políticas e programas do sector da educação”.

Alinhado na mesma visão do gestor escolar, Manuel Mbanza, e do docente universitá­rio, Gilberto Sonhi, o pesquisado­r em Ciências e Políticas Públicas da Educação, Chocolate Brás, denuncia que Angola é dos poucos países no mundo que em 48 anos de Independên­cia ainda não tem criada pelo Governo uma Política de Infra-estruturas Escolares.

“Não se sabe em Angola, definir de facto que condições uma estrutura física deve ter para que seja uma escola. Continuamo­s a reduzir o conceito de escola a ideia de salas de aula, e com isso, vamos tendo mais escolas sem balneários funcionais, escolas sem ginásios desportivo­s, escolas sem biblioteca­s, escolas sem pátio, portanto, tudo isso, tem que ver com essa falta de uma lei de infra-estruturas escolares. A esse nível é também importante dizer que a própria escola joga um papel muito grande sobre a acção dos alunos”, diz Chocolate Brás.

O pesquisado­r em Ciências e Políticas da Educação e docente universitá­rio, Chocolate Brás, a pesar de muito ainda estar por se fazer e melhorar no sector em Angola, reconhece que houve “alguns avanços do ponto de vista da garantia do acesso a educação, não obstante termos uma média de crianças fora do sistema de ensino, em ronda de dois milhões de crianças. É um assunto que de facto demanda alguma intervençã­o urgente, e também o facto de termos pessoas na gestão das escolas ainda não muito bem preparadas, porquanto em muitos casos, o cargo de Director escolar ainda é encarado como uma espécie de recompensa entre militantes partidário. É necessário, de facto, profission­alizar a gestão escolar, seja através da eleição do gestor escolar, pelos seus pares nas escolas e pela garantia da formação específica para quem vai exercer o cargo”.

O pesquisado­r em Ciências e Políticas da Educação denuncia ainda a existência de professore­s em salas de aula “sem formação pedagógica, científica, humanista e hermenêuti­ca para actuar como professor, e como tal, tendem a pôr em causa essa nobre missão cujo objectivo é educar e instruir as novas gerações”, concluiu.

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