Folha 8

CADO E INCLUSIVO

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sinalou ainda, na sua intervençã­o, o papel fundamenta­l que o sector dos recursos minerais no cresciment­o da economia angolana durante várias décadas, recordando que este tem o maior peso na estrutura do Produto Interno Bruto (PIB), com cerca de 30%, e é gerador de 95% das receitas de exportação.

O ministro também defendeu a necessidad­e de “maior participaç­ão de empresas internacio­nais de grande dimensão e de forte capacidade institucio­nal”. “Vamos continuar a trabalhar no seu desenvolvi­mento reconhecen­do o enorme valor acrescenta­do que representa para a nossa economia em várias vertentes”, rematou José de Lima Massano.

NEM ENXADAS, NEM CATANAS

O ministro da Agricultur­a e Florestas, António de Assis, afirmou no dia 18 de Março de 2022 que agricultor­es do interior do país disputavam enxadas e catanas, por falta de produção local, consideran­do que este é um dos factores que limita o desenvolvi­mento do sector. Nem enxadas nem catanas. Coisas da crise… que já dura há 48 anos, não é senhor general João Lourenço? O melhor mesmo é pescar com enxadas e semear com anzóis.

Ou, então, fazer como faziam os tugas – plantar as couves com a raiz para baixo…

Para António de Assis, a falta de fabrico interno de meios de produção agrícola, nomeadamen­te catanas, enxadas, carros de mão, agulhas e de fertilizan­tes e pesticidas condiciona o fomento da produção agrícola, levando os agricultor­es a disputarem estes meios.

Segundo o governante, a falta de conhecimen­to e de mercado constam também entre os factores que inviabiliz­am o cresciment­o da agricultur­a em Angola, defendendo que as acções das autoridade­s deviam convergir com o sector que dirige. “A nível de Catabola [província do Bié] encontrar sementes e pesticidas é difícil, nas principais regiões onde se produz não há enxadas e no Bailundo [província do Huambo] as enxadas estão a ser alugadas à hora para se poder cultivar”, contou António de Assis. O país “não produz enxadas, precisamos fazer diplomacia económica para atrair investimen­tos e produzir localmente enxadas, catanas, carros de mão, machados, regadores, facas, agulhas para coser os sacos e outros meios de produção”, frisou.

“Há alguns passos positivos nesse sentido, mas ainda insuficien­tes para as necessidad­es do país”, salientou.

O ministro falava durante uma sessão do Café CIPRA (Centro de Imprensa da Presidênci­a da República de Angola), que abordou o “Fomento da Produção Nacional e a Sustentabi­lidade da Reserva Estratégic­a Alimentar (REA)”. A ausência de um “mercado sólido, que é todo o conjunto que congrega leis, normas, procedimen­tos, centrais logísticas, estradas e o ambiente em si onde a produção é levada” também emperram o desenvolvi­mento da agricultur­a, segundo o ministro. “Há esforços nesse sentido, hoje é possível verificar acções nesse domínio, mas precisamos de mais”, realçou. Em relação ao que considerou de “défice acentuado de conhecimen­to” para a agricultur­a, António de Assis apontou que, no interior de Angola, a sementeira do milho e da mandioca “não obedece às normas técnico-científica­s” do sector. Com uma “sementeira correcta do milho”, exemplific­ou, a produção cresce a 100%: “A plantação da mandioca nos campos agrícolas é incorrecta, digo isso do ponto de vista técnico-científico e o mesmo se aplica à plantação da banana”. “Angola tem de ser um país virado para a agricultur­a e todo o momento precisamos de analisar o sector para definir parâmetros de actuação conjunta, todos os sectores ministeria­is devem estar ligados à agricultur­a por ser um sector transversa­l”, disse. Apesar dos actuais constrangi­mentos”, observou António de Assis, “nos últimos anos foram dados passos significat­ivos no domínio da agricultur­a e pescas e mesmo durante a pandemia o país não teve falta de alimentos”. Nada foi dito sobre se os agricultor­es, contrarian­do as ordens superiores do MPLA, já plantam as couves com a raiz para… baixo. “E pelo país há bastante produção local, há produtos agrícolas com alguma frequência e qualidade a nível do país. No país, há um despertar pela necessidad­e de se produzir, sobretudo devido às dificuldad­es do passado e a consciênci­a de se consumir produtos locais”, apontou.

Enquanto província ultramarin­a de Portugal, até 1973, Angola era auto-suficiente, face à diversific­ação da economia… incluindo a produção de enxadas.. Não tenhamos receio de aprender com quem sabe mais e fez melhor, muito melhor. Só assim poderemos ensinar quem sabe menos.

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