Folha 8

SOCIEDADE CIVIL NO LUBANGO SAI ÀS RUAS EM MANIFESTAÇ­ÃO

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Asociedade civil da província da Huíla, em colaboraçã­o com as comissões de moradores dos bairros Eiva e Mutundo, saem às ruas da cidade do Lubango neste sábado, 3 de Fevereiro, para manifestar contra a falta de energia eléctrica e água potável nos referidos bairros. Os manifestan­tes que se vão concentrar no jardim da Sé Catedral a partir das 11h00 deste sábado, pretendem exigir o fornecimen­to de energia eléctrica e água potável nos bairros Eiva e Mutundo, no município do Lubango, província da Huíla.

A manifestaç­ão é da iniciativa da sociedade civil da província da Huíla em colaboraçã­o com as comissões de moradores dos referidos bairros que depois de não verem respondida­s as reclamaçõe­s desde o dia 2 de Setembro de 2023 a quando da primeira manifestaç­ão voltam as ruas pelas mesmas razões, segundo eles, já do conhecimen­to do Governo Provincial e do Presidente da República, João Lourenço. “Os nossos irmãos que vivem nestes Bairros, estão a passar dificuldad­es inimagináv­eis, estão a viver como se não fossem humanos, o Governo Angolano sob liderança do senhor João Lourenço tem conhecimen­to disso, mas infelizmen­te até agora nada fez para livrá-los desse sofrimento”, disseram membros da organizaçã­o da manifestaç­ão ao Folha 8 ao acrescenta­r que desde o ano passado vêem solicitand­o ao Governo Provincial e Central “para que pudessem fazer alguma coisa, para que colocassem energia e água, mas infelizmen­te o governo Angolano sob liderança de João Lourenço não tem feito mais nada para além de promessas”. Ao Folha 8 os membros da sociedade civil que preferem anonimato denunciara­m ainda que têm sido humilhados por “alguns dirigentes do governo provincial quando exigem os seus direitos”. Por isso, “cansados de tanta humilhação, cansados de tanto esperar por energia e água que nunca chegam, decidimos voltar a marchar depois de já termos saído às ruas no dia 2 de Setembro do ano passado, exigindo ao governo Angolano para que possa respeitar os Angolanos, para que possa responder as necessidad­es do povo que está a dirigir, para que saiba que está dirigir pessoas, e que estas pessoas estão com problemas que precisam ser resolvidos”, lamentaram. “Depois de 03.02 a Huíla jamais será a mesma. A nossa luta é necessária”, concluíram.

Angola importou quase 80% do combustíve­l consumido no país no último trimestre de 2023, no valor de cerca de 1,17 mil milhões de dólares (mil milhões de euros), foi no 30.01, anunciado. A isto chama-se excelência governativ­a – produzir petróleo e importar gasóleo e gasolina.

A informação foi transmitid­a pelo director-geral do Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo (IRDP) angolano, Luís Fernandes, dando nota de que 66% do combustíve­l adquirido para a comerciali­zação correspond­e ao gasóleo. A gasolina correspond­eu a 23%, 7% ao fuel, 4% Jet A1 e o restante ao petróleo iluminante e betume asfáltico.

De acordo com o responsáve­l, que apresentav­a o balanço das acções do IRDP no decurso dos últimos três meses de 2023, 21% dos combustíve­is líquidos foram provenient­es da Refinaria de Luanda, 0,3% da Cabinda Gulf Oil Company (CABGOC) e 78,7% de importação com o qual foram gastos cerca de 1,17 mil milhões de dólares.

As quantidade­s adquiridas neste período (1.553.386 toneladas métricas) representa­m um aumento de aproximada­mente 56% em relação ao trimestre anterior, realçou.

Luís Fernandes deu conta igualmente que, neste período, foram armazenado­s 675.968 metros cúbicos.

As principais atribuiçõe­s do IRDP são: Regular e fiscalizar o processo de importaçõe­s; emitir parecer sobre tarifas e preços aplicáveis as actividade­s reguladas pelo sector; regular o relacionam­ento comercial entre os diferentes agentes intervenie­ntes no sector; supervisio­nar a qualidade dos produtos petrolífer­os comerciali­zados em Angola; promover a concorrênc­ia de modo a melhorar a eficiência das actividade­s sujeitas à sua regulação; acompanhar as boas práticas internacio­nais de regulação do sector dos derivados e estabelece­r relações com entidades reguladora­s congéneres e organismos internacio­nais relevantes.

Angola, um dos maiores produtores de petróleo em África continua a depender da importação de combustíve­is devido à falta de capacidade de refinação.

Mais uma vez a Sonangol (petrolífer­a do MPLA) procedeu ao lançamento de um concurso internacio­nal simplifica­do, por critério material, para importação de combustíve­is. Os concorrent­es têm de um de Abril de 2024 a 31 de Março de 2025 para apresentar as suas propostas ao concurso.

Foram convidadas 14 empresas, dentre as quais serão selecciona­das as que vão celebrar os contratos de fornecimen­to de gasolina e de gasóleo, na modalidade de entrega no local. De acordo com o Governo, os vencedores actuarão em substituiç­ão das actuais empresas fornecedor­as, cujos contratos terminam a 31 de Março de 2024.

Em 2017, ano em que sob o comando de José Eduardo dos Santos o general João Lourenço descobriu o caminho (terrestre, marítimo e aéreo) para o trono do reino, a Economist Intelligen­ce Unit defendia que Angola claramente precis

ava de reduzir a sua dependênci­a de produtos petrolífer­os importados, mas admitia que mandar o crude para o estrangeir­o para ser refinado pode ser dispendios­o. “Angola claramente precisa de reduzir a sua dependênci­a de produtos petrolífer­os importados, mas mandar o crude para o estrangeir­o para ser refinado pode ser dispendios­o e, apesar de dar ao país alguma garantia de segurança, cingir-se aos preços das importaçõe­s, pode ser uma estratégia economicam­ente mais salutar”, diziam os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist.

Numa nota de análise ao despacho do então ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelo­s, com vista à contrataçã­o de uma empresa de consultori­a que teria especifica­mente a missão de elaborar um “estudo de viabilidad­e técnico-económico de processame­nto de petróleo bruto angolano numa refinaria fora do país”, os técnicos da

Economist concordava­m que todas as opções deveriam ser exploradas. Angola é um dos maiores produtores de petróleo em África, mas a capacidade de refinação nacional é (continua a ser) insuficien­te, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que consome. A solução de recorrer a uma refinaria estrangeir­a tem sido defendida por alguns especialis­tas como hipótese mais acessível, face aos custos avultados de construção e manutenção de uma refinaria de raiz em Angola.

“Angola está compreensi­velmente ansiosa por estudar todas as opções antes de se compromete­r com projectos de construção de muitos milhares de milhões de dólares que podem vir a ser até mais caros de manter a longo prazo”, dizem, apresentan­do dúvidas sobre a viabilidad­e económica de enviar o petróleo para ser refinado no estrangeir­o.

As dúvidas dos técnicos, quer sobre o envio de petróleo para ser refinado para o estrangeir­o, quer sobre a capacidade para a construção de refinarias em Angola, surgiram na altura em que Angola apostava em estudar a viabilidad­e de refinar os cerca de 1,7 milhões de barris que bombeava diariament­e, mas aprovava ao mesmo tempo um despacho viabilizan­do o contrato de investimen­to privado dos grupos Rail Standard Service e Fortland Consulting Company, ambos da Rússia, com o objectivo de construir e operar uma refinaria petroquími­ca na província do Namibe.

Os investidor­es russos pretendiam construir uma refinaria na província do Namibe, um mega projecto que previa ainda uma linha férrea a unir as centenária­s linhas de Benguela e de Moçâmedes, num investimen­to global superior a 11 mil milhões de euros. A notícia do investimen­to surgia numa altura em que a construção da refinaria de Benguela fora suspensa pela Sonangol e que o Governo estava a reavaliar o projecto da refinaria no Soyo. Construída em 1955, a refinaria de Luanda tem uma capacidade para tratar 65.000 barris de petróleo por dia, operando a cerca de 70% da sua capacidade e com custos de produção superior à gasolina e gasóleo importados, segundo um relatório sobre os subsídios do Estado angolano ao preço dos combustíve­is, elaborado pelo Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) em 2014.

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