Folha 8

E nos desportos: O caso dos Palancas Negras

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Com certeza, este Campeonato Africano de Futebol das Nações, a decorrer na Costa do Marfim, passará para a história como um dos melhores em termos de representa­ção angolana dos últimos anos. A juventude angolana, ali representa­da por Mabulu, Gelson Dala, Gibeile, Zini, Hélder Costa, Luvumbo, Neblú, Kialonga, Show e todos os presentes, apesar dos poucos meios que temos em todos os sentidos (equipament­os desportivo­s, meios económicos, sociais, entre outras problemáti­cas), está a tentar dignificar o nome do nosso país perante as nações africanas e o mundo. Os Palancas Negras estão a fazer a sua parte. Agora, cabe a quem de direito fazer as devidas anotações com o objetivo de reforçar a aposta no capital humano. É importante rever a gestão do setor dos desportos e da cultura no nosso país. Com seriedade, foco e responsabi­lidade, o grande talento angolano brilhará ainda mais em todos os setores, especialme­nte no desportivo.

Temos acompanhad­o igualmente o bom desempenho das nossas guerreiras da seleção de andebol, o bom trabalho dos basquetebo­listas. Nas artes marciais, o talento é cada vez mais visível e premiado, e o mesmo tem acontecido no motociclis­mo, no atletismo… e porquê não mencionar também a cultura: a nossa música, os nossos livros, as nossas artes cênicas (Pedro Hossi, Sílvio Nascimento, Lesliana Pereira, Gilmário Vemba, Maria Borges), o nosso jornalismo (Victor Hugo Mendes, Israel Campos)? Temos bons filhos de

Angola triunfando onde obtiveram uma oportunida­de. É necessário revisarmos as nossas prioridade­s. Desde já, a compra massiva de Lexus e as viagens milionária­s ao exterior não são prioridade­s. É prioridade, também, investir no desporto escolar, criar em cada município, comuna, bairro e aldeia infraestru­turas desportiva­s com profission­ais qualificad­os, para o incentivo à prática das modalidade­s desportiva­s desde a mais tenra idade a toda a população, assim como a promoção de hábitos saudáveis. O desporto é a chave para o triunfo de muitos jovens. Temos muitos exemplos (Akwá, Mantorras, Maradona, Pelé, Mohamed Ali, Messi, Cristiano Ronaldo, Samuel Eto’o, Drogba, Demarte Pena…). Urge trabalhar arduamente para que o nosso país tenha uma boa presença nas competiçõe­s internacio­nais, para a promoção, de forma positiva, do nosso país e para a atração do capital externo. O desporto afasta os jovens da delinquênc­ia, das drogas e de outros vícios. Um jovem que pratica o desporto, principalm­ente o de alta competição, é uma mais-valia para o seu país e para o mundo. Aproveitem­os esta oportunida­de oferecida pelos Palancas Negras para fazer melhor as coisas. Apostemos seriamente no desporto em todas as modalidade­s, para que daqui em diante tenhamos muitos bons embaixador­es. Não existe uma prática mais favorecedo­ra da igualdade de oportunida­des do que o desporto. No desporto, os filhos dos pobres, os filhos do gueto, também podem chegar a ser milionário­s. Com o desporto, quebra-se o ciclo da pobreza.

Desde já, dizer que, aconteça o que acontecer nos próximos jogos, Angola está grata pelo esforço dos Palancas Negras. Estes jovens, nascidos nos bairros do país, onde jogamos à bola descalços nos campos de areia vermelha, onde cresceram em lares desestrutu­rados e que, na maioria dos casos, tiveram que abandonar os estudos por falta de meios, encontram no desporto uma porta para outro futuro, um futuro de sucessos.

Gibeile, não esqueças a tua coluna. Continua a motivar a equipa através das nossas músicas, a música do gueto, dos nossos guetos, a voz e o sentir do povo. Vocês representa­m-nos. Ganhando ou perdendo, estamos juntos. Força Palancas Negras! Angola inteira está convosco. Viva a Juventude Angolana! Viva o Desporto Angolano!

Afrase é do líder da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, que demonstrou a sua grande paixão pelo torrão identitári­o a nunca ter dele saído, nem para empreender a luta contra a ocupação colonial fascista. Jonas Savimbi dos três líderes dos movimentos de libertação foi o único que montou o seu quartel general no interior do país. Inclusive na guerra pós independên­cia, também, manteve a mesma lógica, ficar no interior, no caso, na Jamba, sul do Kuando Kubango. Daí que o jornalista Orlando de Castro tenha esgalhado esta tese: “O mal dos angolanos, sobretudo dos políticos e dos jornalista­s, é que falam quando devem estar calados e estão calados quando devem falar”. E, por isso, num outro olhar, o jornalista assevera: “a ética em Angola é uma fantochada. A impunidade dos “nossos” é uma qualidade. Quando é dos “outros” é um crime”.

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