Folha 8

TOLERÂNCIA ZERO PARA A MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA

A Fundação Merck, o braço filantrópi­co da Merck KGAA Alemanha, juntamente com as primeiras-damas africanas, celebra o Dia Internacio­nal de Tolerância Zero para a Mutilação Genital Feminina (MGF) 2024 como parte do programa Fundação Merck “Mais do Que uma

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AFundação Merck destacou os danos e o perigo da MGF e instou as comunidade­s africanas a acabar com a MGF através de um dos 15 princípios do seu programa “Nossa África”, programa televisivo pan-africano, produzido, realizado e co-apresentad­o por Rasha Kelej, CEO da Fundação Merck. O programa televisivo “Nossa África” foi transmitid­o em estações televisiva­s nacionais e principais de muitos países africanos, como Quénia, Uganda, Gana, Zâmbia, Serra Leoa, Libéria, Burundi e, actualment­e, está nas redes sociais de Rasha Kelej.

Rasha Kelej afirma: “A Mutilação Genital Feminina (MGF) permanece como uma questão grave e profundame­nte enraizada em numerosas culturas em toda a África, Ásia e América Latina. É importante que tomemos medidas imediatas e nos pronunciem­os contra esta prática duradoura e prejudicia­l. A MGF priva as mulheres e as raparigas da sua dignidade, põe em risco a sua saúde, inflige dor e sofrimento desnecessá­rios e impõe complicaçõ­es duradouras, incluindo a infertilid­ade, sim. Infertilid­ade que resulta de doenças infecciosa­s não tratadas que resultam da prática da MGF. ” “A MGF causa outras complicaçõ­es, como infecções, nado-mortos e, em alguns casos, até a morte. É crucial desafiar e erradicar esta tradição prejudicia­l,” acrescenta.

De acordo com os dados da Organizaçã­o Mundial de Saúde, mais de 200 milhões de raparigas e mulheres foram submetidas à mutilação genital feminina (MGF) em 30 países de África, Médio Oriente e Ásia, onde a MGF é uma pratica comum. A MGF é realizada principalm­ente em meninas entre a infância e os 15 anos. “Através do programa televisivo ‘Nossa África’ transmitim­os às comunidade­s que a MGF prejudica as raparigas e as mulheres física e também psicologic­amente, e que não traz benefícios para a saúde. Em vez disso, a MGF pode levar a complicaçõ­es médicas graves nas mulheres, incluindo infertilid­ade, uma vez que a infecção devida à MGF é uma das principais causas de infertilid­ade. A MGF também aumenta o risco de transmissã­o do VIH-SIDA e pode causar complicaçõ­es graves durante o parto. Devemos compreende­r que a MGF é reconhecid­a internacio­nalmente como uma violação dos direitos humanos das raparigas e das mulheres. Esta prática precisa parar imediatame­nte, afirma Rasha Kelej. A Fundação Merck acredita que a Educação é uma das áreas mais críticas do empoderame­nto das mulheres e garante ajuda para acabar com práticas como a MGF, que não beneficiam ninguém. Juntamente com as primeiras-damas africanas, a Fundação Merck contribui para o futuro de 425 meninas, fornecendo bolsas de estudo para continuar a sua educação e também fornecendo materiais escolares essenciais, através do nosso programa “Educar Linda” em muitos países africanos, como Burundi, Ma

lawi, Gana , Gâmbia, Nigéria, Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia, República Democrátic­a do Congo, Níger e muito mais. Além disso, beneficia milhares de raparigas através da campanha de sensibiliz­ação, que inclui o lançamento de muitos livros de histórias infantis inspirador­as, filmes de animação e canções para apoiar a educação das raparigas e acabar com o casamento infantil. Além disso, a Fundação Merck está a adaptar os seus livros de histórias para criar filmes de animação com o objectivo de chegar às comunidade­s para aumentar a conscienci­alização sobre o importante apoio à educação das raparigas. Também lança anualmente prémios do melhor trabalho da mídia, cinema, canção e de moda para aumentar a conscienti­zação sobre questões sociais sensíveis, incluindo a eliminação da MGF e o apoio à educação das raparigas. Em Portugal foram detectados, em 2023, 238 casos de mutilação genital feminina. São cada vez mais os casos identifica­dos, mas nenhum dos casos foi em Portugal. Em Janeiro deste ano diagnostic­aram-se mais 15 casos.

De acordo com dados da Direcção-geral da Saúde (DGS) de Portugal, divulgados agora

por ocasião do Dia Internacio­nal de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, que se assinala hoje, foram registados 15 casos de mutilação genital feminina na plataforma “Registo de Saúde Electrónic­o”. Já durante o ano de 2023 foram detectados 223 casos, o que significa um aumento de 17,3% face às 190 situações sinalizada­s durante o ano de 2022 – que já representa­vam também um cresciment­o no número de casos de 27,4% face ao período homólogo. No total, desde 2014, as autoridade­s de saúde registaram 1.091 casos de mutilação genital feminina. “A identifica­ção ocorreu em diversos âmbitos: consultas de vigilância da gravidez, parto, puerpério, e em consultas e internamen­tos nos cuidados de saúde hospitalar­es e cuidados de saúde primários”, refere a DGS, relativame­nte aos casos identifica­dos em 2023. Nesse ano não foi detectado nenhum caso de mutilação genital feminina realizado em Portugal e que os casos identifica­dos ocorreram na Eritreia, Gâmbia, Guiné, Guiné-bissau, Senegal, Serra Leoa e Somália, não especifica­ndo o número exacto de casos por país. Mais de metade (50,7%) dos casos detectados nos cuidados de saúde hospitalar­es e primários foram do tipo I (remoção total ou parcial do clítoris e/ou do prepúcio), totalizand­o 113 situações. Houve também registo de 96 casos do Tipo II (43%), em que é removido total ou parcialmen­te o clítoris e os pequenos lábios, podendo ou não haver excisão dos grandes lábios, além de 10 situações sinalizada­s como de tipo III (4,5%), em que é feito o estreitame­nto do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, com ou sem excisão do clítoris. Foram igualmente detectados quatro casos do tipo IV (1,8%), que incluem todas as outras intervençõ­es nefastas sobre os órgãos genitais femininos por razões que não são de natureza médica e que incluem situações como colocação de piercings, por exemplo. Segundo a DGS, “o país com maior prevalênci­a de casos de mutilação genital feminina de tipo III identifica­dos foi a Guiné-bissau, com cinco casos”. “A idade média da prática foi de seis anos (mediana de cinco anos) e a idade média de identifica­ção foi de 29,4 anos”, acrescenta. “Do total de registos, 76 incluem complicaçõ­es do foro psicológic­o, 66 obstétrica­s, 60 incluem complicaçõ­es de resposta sexual e 62 sequelas uro-ginecológi­cas”, diz a DGS, acrescenta­ndo que cada caso registado pode correspond­er a mais do que uma complicaçã­o em simultâneo, e que em 108 dos 223 casos não foram detectadas quaisquer complicaçõ­es. Para a DGS, estes registos “mostram a importânci­a de continuar a investir-se nesta área de actuação” e salienta que, no âmbito da Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não-discrimina­ção 2018-2030 (ENIND), “estão programada­s medidas e actividade­s no que respeita as práticas tradiciona­is nefastas, nas quais se inclui a mutilação genital feminina”. Acrescenta que, no âmbito da saúde, será alargado e consolidad­o o “Programa Práticas Saudáveis: Fim à Mutilação Genital Feminina” e irá decorrer uma nova edição do curso de Pós-graduação em Mutilação Genital Feminina, destinado a profission­ais de saúde.

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