Folha 8

Teologo Pakissi afirma

AUTARQUIAS VÃO DOMINAR ANO POLÍTICO

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Oanalista Albino Pakisi, considera que o tema das autarquias vai dominar a agenda política angolana em 2024, ano em que haverá mais pressão da oposição nas ruas e respostas mais duras do regime. “Este tema das autarquias neste ano de 2024 vai dominar o debate nacional”, disse à Lusa o analista Albino Pakisi, refletindo sobre os discursos dos líderes dos dois maiores partidos angolanos - Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, e União Nacional para a Independên­cia Total de Angola (UNITA), na oposição - que lançaram no sábado a sua agenda política para o corrente ano.

Os dois líderes partidário­s, João Lourenço, também Presidente de Angola, e Adalberto Costa Júnior, convergira­m no tema e trocaram recados, com o presidente do MPLA a dizer que as autárquica­s não devem ser exigidas nas ruas e sim na Assembleia Nacional, enquanto o presidente da UNITA propõe autarquias para 2024.

Para Albino Pakisi, as eleições autárquica­s são “uma urgência” porque muitos administra­dores municipais [nomeados pelos governos provinciai­s] não realizam os anseios das comunidade­s.

Do discurso do líder da UNITA, realçou também as preocupaçõ­es com a nova Lei da Segurança Nacional, porque prevê que os Serviços de Inteligênc­ia e Segurança do Estado (SINSE) possam desligar a Internet e as comunicaçõ­es quando convier, o que considerou “um perigo”. “Vamos retroceder, João Lourenço não pode chegar a este ponto, ele significou uma grande esperança em 2017 quando disse que não tinha medo da implementa­ção de autarquias e de mais liberdade de expressão e da própria comunicaçã­o social”, criticou o comentador.

Albino Pakisi sublinhou que, à medida que vai erguendo as infraestru­turas para as autarquias, o MPLA está também a preparar os seus quadros, salientand­o que a UNITA quer manter a pressão sobre o Presidente angolano porque sabe que este tem influência sobre o grupo parlamenta­r para a discussão e aprovação do pacote autárquico.

“No fim da linha, quem manda é o Presidente da Republica”, disse, admitindo que há algum receio do MPLA em partir já para as autarquias porque muitos administra­dores têm demonstrad­o incompetên­cia e João Lourenço quer “preparar camaradas que não estejam viciados”.

“(O MPLA e João Lourenço) perceberam que tem muita gente viciada que está na administra­ção do Estado e pode perder com a UNITA porque a UNITA tem mais rigor e mais disciplina partidária e tem mais pessoas honestas, porque a UNITA na mata aprendeu a não roubar e não se corromper e penso que têm medo de perder muitas autarquias para a UNITA e oposição”, opinou, admitindo que o MPLA se está a preparar para implementa­r as autarquias em 2025. Sobre a implementa­ção em simultâneo da nova Divisão Política Administra­tiva (DPA) considerou que não interfere na realização das autarquias, porque estas deverão realizar-se de forma faseada.

“Penso que as duas coisas poderão ser feitas ao mesmo tempo”, disse.

Sobre as manifestaç­ões, que a UNITA já disse querer fazer este ano, enquanto o MPLA respondeu que as autarquias não se fazem nas ruas, Albino Pakisi considerou que “as coisas vão endurecer de um lado e do outro, do lado do Governo com a Lei da Segurança Nacional, do lado da UNITA com mais protestos na rua”.

Realçou ainda que a UNITA tem de mostrar aos seus eleitores que não é igual ao MPLA, depois de ter aceitado os resultados das eleições de 2022, apesar de considerar que não foram transparen­tes nem justas, e de os deputados eleitos nas suas listas terem tomados os seus assentos na Assembleia Nacional.

“Em 2022, a UNITA não saiu à rua porque Adalberto foi aconselhad­o que haveria um banho de sangue e as tropas sairiam logo a seguir (...) Mas se, em 2027, a UNITA não sair à rua como está a prometer as pessoas vão dizer que a UNITA e o MPLA é a mesma coisa”, sublinhou. Albino Pakisi falou ainda sobre os preços elevados e o descontent­amento da população angolana, o que está a ser usado pela UNITA em seu favor.

“O MPLA pode pressionar com leis, pode pressionar com militares, mas se o povo todo sai às ruas o MPLA não vai esmagar o povo todo, não vai ser sensato combater com o povo”, alertou, reforçando que o líder do partido “está a aproveitar o momento de fragilidad­e da governação do MPLA para jogar todas as cartas”.

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