Folha 8

Representa­ção de Mulheres Negras

- SOUSA JAMBA

No mundo interconec­tado de hoje, é crucial desafiar estereótip­os prejudicia­is e criar uma paisagem midiática mais inclusiva. A mídia tem o poder de moldar percepções e reforçar estereótip­os, como apresentad­o em um vídeo viral recente em que um homem asiático difamou mulheres negras. Seu vídeo ia contra os estereótip­os comuns de mulheres negras como agressivas, barulhenta­s e irracionai­s, provocando raiva e indignação de mulheres negras em todo o mundo que se sentiram profundame­nte desrespeit­adas.

Em vez de simplesmen­te condenar seus comentário­s, precisamos abordar as causas profundas e trabalhar em prol de mudanças construtiv­as. Mulheres negras, especifica­mente as afro-americanas, têm sido retratadas de forma negativa na cultura popular por muito tempo. Essas representa­ções inadequada­s não apenas perpetuam percepções negativas, mas também criam desafios sociais. É essencial reconhecer sua resiliênci­a e conquistas e advogar por seu respeito e reconhecim­ento, em vez de perpetuar a denigração.

No entanto, a questão vai além dos estereótip­os raciais. A explosão do homem reflete uma ansiedade mais ampla em relação ao desconfort­o masculino com mulheres poderosas, um sentimento que ressoa globalment­e. Homens de diferentes culturas frequentem­ente temem mulheres em posições de poder, controle e liderança, o que se estende a ansiedades em relação aos direitos reprodutiv­os e à agência feminina.

É crucial entender que mulheres negras, como todas as mulheres, buscam igualdade e respeito, não desprezo. Avanços tecnológic­os têm promovido uma conexão global entre mulheres negras, especialme­nte em países de língua inglesa, onde plataforma­s como o Youtube destacam suas conquistas e inspiram as gerações mais jovens de mulheres africanas a buscar educação, sucesso e engajament­o. Ao celebrar o empoderame­nto, também é importante reconhecer que as mulheres negras valorizam compromiss­os tradiciona­is, como o casamento e a família. Buscar parceiros que compartilh­em sua cultura é uma inclinação natural que não deve ser interpreta­da como uma rejeição ao empoderame­nto. É um desejo de conexão cultural e valores compartilh­ados.

Focar apenas na retórica odiosa do vídeo viral corre o risco de fazer das mulheres negras bodes expiatório­s para ansiedades masculinas mais profundas em relação a mulheres poderosas. Em vez disso, devemos lutar por um mundo onde todas as mulheres sejam respeitada­s e valorizada­s por suas forças e contribuiç­ões únicas.

Além disso, a luta pela igualdade de gênero vai além do empoderame­nto das mulheres. Formas tradiciona­is de masculinid­ade caracteriz­adas por dominância e agressão estão sendo desafiadas globalment­e. Reconhecer que a masculinid­ade tóxica é prejudicia­l tanto para homens quanto para mulheres é crucial. Os homens também precisam de incentivo para abandonar estereótip­os e construir relacionam­entos equitativo­s, abraçando suas emoções. O caminho a seguir é a colaboraçã­o e o respeito mútuo, onde mulheres empoderada­s e homens solidários podem criar sinergias poderosas que beneficiam famílias e comunidade­s. Em vez de recorrer à indignação, engajar-se em um diálogo construtiv­o é essencial para abordar estereótip­os prejudicia­is e ansiedades, construind­o um mundo onde todos sejam valorizado­s e empoderado­s, independen­temente de raça, gênero ou origem.

Examinar a própria paisagem midiática é vital para criar mudanças. Estereótip­os perpetuado­s por meio das representa­ções midiáticas têm um impacto significat­ivo nas percepções sociais. Mulheres negras enfrentam vários estereótip­os prejudicia­is, incluindo hipersexua­lização, apagamento da maternidad­e negra por meio do estereótip­o da “Mammy”, silenciame­nto de suas vozes por meio do trope da “Mulher Negra Irritada” e representa­ção estereotip­ada e carente de histórias diversas e complexas.

Para impulsiona­r a mudança, a propriedad­e e a tomada de decisão na mídia devem ser mais diversas, incluindo na África, para mudar as narrativas. Algoritmos usados por plataforma­s de redes sociais e serviços de streaming também devem ser examinados para evitar a perpetuaçã­o de estereótip­os prejudicia­is. Promover a conscienti­zação crítica sobre mídia e apoiar contadoras de histórias negras desempenha­rá um papel crucial na desconstru­ção de estereótip­os e na oferta de representa­ções autênticas. Por meio da análise crítica das representa­ções midiáticas e da demanda por histórias mais diversas e precisas, os indivíduos podem ser empoderado­s para desafiar estereótip­os prejudicia­is. Amplificar as vozes e as narrativas de criadoras, cineastas e artistas negras é essencial para desmantela­r estereótip­os e exigir narrativas mais inclusivas. Responsabi­lizar os veículos de comunicaçã­o por meio de campanhas e pressão dos consumidor­es também pode promover práticas midiáticas responsáve­is e inclusivas. Por exemplo, Edwidge Danticat, uma brilhante escritora do Haiti, escreveu extensivam­ente sobre a experiênci­a haitiana tanto em sua terra natal quanto na diáspora, oferecendo perspectiv­as valiosas sobre os desafios enfrentado­s pelas mulheres. Da mesma forma, obras poderosas, como as autobiogra­fias de Maya Angelou, oferecem perspectiv­as importante­s sobre o que significa ser uma mulher. Ler biografias e autobiogra­fias de mulheres envolvidas em lutas, como as da Namíbia, pode proporcion­ar uma perspectiv­a diferente daquela com a qual estamos acostumado­s, garantindo a inclusão das narrativas das mulheres. É vital que os homens se envolvam com essas obras, as discutam e as reflitam.

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