A “AGENDA POLÍTICA” DO MPLA
No passado, 03 de Fevereiro, os dois maiores partidos políticos, MPLA e UNITA, apresentaram aos seus militantes e simpatizantes o que deveriam ser as respectivas agendas políticas para 2024, lembra o jornalista Graça Campos. Chamados ao município da Camama, em Luanda, os militantes do MPLA ouviram do seu líder não uma agenda política com acções coerentemente identificadas e programadas, mas, um discurso em que João Lourenço alternou a contradição com a exclusão e o egocentrismo. Embora estejam consagradas na Constituição da República de Angola desde 2010, João Lourenço reclamou para si a “invenção” das autarquias em Angola. “Fomos nós quem, no Conselho da República, pela primeira vez, e sem que tivéssemos sofrido pressão de lado algum, falou na necessidade da implementação do poder autárquico em Angola”, gabou-se aquele que se tem a si próprio como o melhor Presidente que o País já alguma vez teve. Estranhamente e embora reivindique o “pioneirismo” da implementação do poder autárquico em Angola, João Lourenço, que já entrou no sétimo ano no poder, mais uma vez não se comprometeu com datas e toma antecipadamente por arruaceiros e preguiçosos todos os que exigirem, nas ruas, a realização das autarquias. O momento mais constrangedor para os militantes e simpatizantes do MPLA aconteceu quando, sem invocar quaisquer parâmetros, João Lourenço disse que em apenas 50 anos, o MPLA fez mais obra do que os ocupantes portugueses em 500 anos. Maioritariamente constituída por angolanos nascidos depois de 1975, a “massa militante” possivelmente atribuiu a despropositada comparação a algum delírio do líder do Partido.
Noutro ângulo, muito assustada com a possibilidade, muito real, da sua aprovação pela Assembleia Nacional, a sociedade angolana quer saber todos os contornos da proposta de Lei de Segurança
Nacional. Se aprovada, a Lei de Segurança Nacional dará ao Presidente da República mais um instrumento para institucionalizar no País práticas apenas aplicáveis em Estados totalitários