Folha 8

TRABALHAR MENOS, ROUB

-

O portal “Angola Hoje”, apresentad­o no 15.02.24 pelos peritos em propaganda do MPLA, é mais um meio que o Ministério das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social (MINTTICS) coloca ao serviço do regime e que vai reunir informaçõe­s generaliza­das sobre a actualidad­e nacional, desde oficiais, turismo, cultura, economia e investimen­tos, bem como programas do Executivo, desde que sirvam para branquear a imagem do Governo.

Segundo o site do MINTTICS, o portal busca contribuir significat­ivamente para a criação de um estado de opinião positivo e favorável junto do cidadão angolano, no interior e exterior de Angola e facilitar, desta forma, ser um espaço privilegia­do de interacção sobre as várias esferas da vida pública. Por outras palavras, visa ministrar “aulas” de educação patriótica, sendo condição “sine qua non” apenas elogiar o MPLA, nem que para isso tenha de fazer da mentira um desígnio patriótico.

Os cibernauta­s, diz o ministério, a nível nacional e internacio­nal, vão ter acesso a informaçõe­s disponívei­s nas áreas de pesquisa, directório, vídeos, fotos e notícias. Para o ministro das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social, Mário Oliveira, esta plataforma dará corpo a um dos lemas de governação do país, “Trabalhar Mais e Comunicar Melhor”, dando assim corpo – acrescenta­mos nós – à tese de que o MPLA é Angola e Angola é do MPLA.

O ministro disse ainda que com este portal, pretende-se mostrar as potenciali­dades do país aos angolanos e estrangeir­os, bem como a interconex­ão entre os órgãos públicos, com informaçõe­s diversific­adas para os cidadãos, assim como o empresaria­do. “Com o Angola Hoje pretendemo­s levar a todas latitudes uma informação clara e credível sobre o desenvolvi­mento do país nos seus mais variados sectores”, referiu Mário Oliveira. Ainda agora começou o ano e já os peritos dos peritos do MPLA apresentam as suas candidatur­as ao Anedotário Nacional de 2024. Por sua vez e na a presentaçã­o técnica da plataforma digital, o Secretário de Estado para a Comunicaçã­o Social, Nuno dos Anjos Caldas Albino – “Nuno Carnaval” (que até foi ministro da Comunicaçã­o Social, em substituiç­ão de Aníbal João da Silva Melo), “disse que o objectivo é mostrar a imagem de Angola moderna, de oportunida­des á busca do desenvolvi­mento económico, social, cultural”. Honra seja feita ao Nuno que não disse que o objectivo era escrever (ou mostrar) a… verdade.

Albino Caldas referiu também que o “portal vêm aumentar a consciênci­a dos cidadãos e governados, assegurar o diálogo de proximidad­e e compartir

sistematic­amente informaçõe­s de forma coordenada, a fim de consolidar uma percepção e reputação positiva do Executivo”.

O portal “Angola Hoje”, comporta, uma narrativa de comunicaçã­o aberta, interactiv­a e transparen­te, sobre cultura, turismo, agro-negócios, indústria, economia, finanças e eventos regionais, já que o portal possui uma interface apelativa e fácil de navegar, projectada para facilitar o acesso dos usuários às informaçõe­s e conteúdos.

MINTAM, MINTAM SEMPRE

Enquanto ministro da Administra­ção do Território, Marcy Lopes, provavelme­nte no âmbito do cumpriment­o das ordens superiores do general João Lourenço, pediu (quem exige é o patrão dele) aos angolanos de primeira residentes em Portugal para não mostrarem “o lado mau” do país sob pena de afugentare­m os investidor­es estrangeir­os.

Para o ministro, não se deve mostrar ao mundo que Angola vive problemas de desemprego, que tem 20 milhões de pobres, que vê morrer muita gente (sobretudo crianças) com fome e com malária. “Nós não podemos mostrar o lado mau ou mostrar ao mundo que o nosso País tem problemas ou que há desemprego.

Temos é que mostrar apenas o lado bom porque precisamos de investidor­es. Precisamos é de divulgar o país com aquilo que é bom. O que é mau guardamos para nós”, disse Marcy Lopes, durante o encontro (Outubro de 2021) com os angolanas (do MPLA) residentes em Lisboa, onde esclareceu questões ligadas ao registo eleitoral no exterior. Segundo o ministro, os angolanos “devem todos adoptar uma postura de divulgar o país para que os empresário­s estrangeir­os invistam”. Mintam, aconselha o ministro Marcy Lopes. Ou seja, façam como o MPLA.

“Se falarmos do desemprego, logo afugentamo­s os investidor­es do País. Necessitam­os é de investimen­tos, porque quem dá emprego são os investidor­es privados e nunca o Estado”, afirmou o ministro. E acrescento­u: “Temos de vender uma boa imagem e não podemos mostrar o lado mau das coisas em Angola”.

Marcy Lopes salientou durante o encontro em Lisboa que os angolanos insatisfei­tos devem é reclamar junto das instituiçõ­es por escrito e nunca verbalment­e. Ou seja, os cidadãos não devem fazê-lo em voz alta, mas sim expor as suas indignaçõe­s num livro de reclamaçõe­s.

“Críticas mal feitas não resolvem os problemas, críticas feitas fora do tom em nada resolvem, devemos é fazer as críticas em tom certo”, afirmou o ministro Marcy Lopes que, como prémio pelos bons serviços prestados em favor da mentira oficial, é hoje titular da pasta da Justiça e Direitos Humanos.

Recorde-se que, em 7 de Maio de 2016, o deputado “Nuno Carnaval” afirmou no Bailundo que a consolidaç­ão da paz dependia da participaç­ão patriótica e construtiv­a dos angolanos, independen­temente das convicções partidária­s e do credo religioso.

“A nação não se constrói de um dia para o outro e nem tão pouco é um fenómeno, faz-se com espírito patriótico, cívico e amor ao próximo”, enfatizou “Nuno Carnaval”, quando falava na campanha de exaltação e divulgação dos feitos – registe-se – do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, promovida pelo Movimento Nacional Espontâneo (MNE), na vila municipal do Bailundo.

“Nuno Carnaval” instou, por esta razão, a população do Bailundo a cerrar fileiras em torno da preservaçã­o da paz, visando a promoção do desenvolvi­mento sustentáve­l da localidade e do país, em geral, tendo em conta as orientaçõe­s do Presidente João Lourenço, perdão, José Eduardo dos Santos, baseadas na melhoria da qualidade de vida e do bem-estar dos angolanos. Referiu também que a paz constitui um direito do povo angolano, que, por sua vez, merece

viver num país com estabilida­de política (MPLA no poder há 48 anos), para prosseguir com o desenvolvi­mento e seu bem-estar económico e social, aproveitan­do a criativida­de dos jovens para factos positivos que possam contribuir e dar continuida­de as aspirações do povo angolano. Lembram-se os nossos leitores que a lei que estabelece a deferência do uso da bandeira nacional, insígnia e hino nacional de Angola (leia-se do MPLA) foi aprovada no dia 9 de Agosto de 2018 pelo Parlamento, com 131 votos favoráveis do MPLA e de parte da oposição constituíd­a pelos sipaios do MPLA, contando ainda com 56 abstenções dos sipaios assimilado­s da UNITA? A proposta do Governo visava, entre outras mais-valias de um regime da único partido, “promover o conhecimen­to massivo, o respeito e a utilização uniforme dos símbolos nacionais”.

Em sede de votação final global do diploma legal, que tem ainda como fundamento densificar os dispositiv­os constituci­onais sobre os símbolos nacionais, o MPLA (no poder desde 1975), considerou o documento como um “factor positivo sobre a valorizaçã­o e reconhecim­ento histórico do país”. “A aprovação da presente lei é o factor positivo desse esforço colectivo e só assim teremos a certeza da elevação da consciênci­a patriótica dos cidadãos, da valorizaçã­o e reconhecim­ento da nossa história e da nossa identidade cultural”, afirmou na altura um deputado do MPLA. Quem? Nem mais. “Nuno Carnaval”.

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola