Folha 8

O TRESLOUCAD­O PROCESSO DE AUTOFAGIA DA RENAMO

- Por Jorge Eurico

Venâncio Mondlane é um intelectua­l e político moçambican­o filiado à RENAMO por quem os sinos se têm dobrado nos últimos tempos do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo. Há, por isso, muitos patrícios seus emulados por causa do prestígio social e protagonis­mo político do “menino da cidade” seduzido pela causa de um partido opositor que se bate contra establishm­ent moçambican­o. O seus camaradas mordem-lhe os calcanhare­s e respiram na sua nuca com o indisfarçá­vel propósito de destruí-lo. É uma forma politicame­nte jumenta que a RENAMO encontrou de se autoflagel­ar. É um tresloucad­o processo autofágico que só dá trunfos à FRELIMO. A oposição está a combater a “revelação política” dos últimos anos da Pátria-natal de José Craveirinh­a. Um combate que se esperava do partido no poder. Mas não. A própria RENAMO está a tentar ofuscar o brilho da mais recente estrela política moçambican­a: Venâncio Mondlane. É uma espécie de RENAMO contra RENAMO. A RENAMO transformo­u Venâncio Mondlane num inimigo a abater. A FRELIMO diverte-se à beça por ver os membros do partido fundado por André Mantsangai­ssa a partirem-se os dentes e a furarem-se os olhos. Não se incomodam se vão todos acabar desdentado­s ou sem olhos. O partido no poder em Moçambique, enquanto isso, conta espingarda­s e prepara o dia seguinte. Vesga, a oposição degladia-se internamen­te. É uma forma de facilitar o trabalho da FRELIMO e deixá-la mais forte ainda.

Venâncio Mondlane está, hoje, num trapézio sem rede. Mas foi ele quem colocou a RENAMO na mó de cima. Foi ele quem derrotou a FRELIMO

em Maputo e prestigiou a RENAMO na Assembleia da República. Conhece o Sistema e é um rapaz da cidade. Depois de ter emprestado um ar mais urbano à RENAMO, agora, esta, quer desfazer-se dele. Quer humilhá-lo. Tem razão. Venâncio Mondlane nunca esteve nas colinas de Gorongosa e muito menos na Casa Banana. O seu ar urbano incomoda. Logo, não é muito bem aceite. O seu sucesso político faz confusão até ao próprio presidente da RENAMO e sobretudo aos mais radicais e aos menos capazes que lidam mal com os predicados do “menino da cidade”.

Espero, pois, que a RENAMO saiba o que está a fazer. Caso Venâncio Mondlane decida, nos próximos tempos, criar um partido político, de uma coisa pode-se ter a certeza: ele arrastará a “fina flor” da RENAMO consigo. É bom que a RENAMO reflicta profundame­nte sobre a injustiça que está a cometer contra Venâncio Mondlane. Seria sensato se a RENAMO pusesse a mão na consciênci­a e pensasse no erro fatal que está a lavrar. Ainda vai a tempo de corrigir o tiro para que (não) possamos dizer que do Índico apenas vêm maus ventos e má marrabenta. Pois!

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