Folha 8

A LEVEZA DE (NÃO) SER GOVERNANTE EM ANGOLA

- Por Jorge Eurico

OTitular do Poder Executivo (TPE) tem “mau dedo” para a escolha dos seus colaborado­res. Precisa de apurar o seu senso de escolha. As suas opções recaem, na sua generalida­de, sobre pessoas sem prestígio e, na sua maioria, sem pergaminho­s para cumprir cabal e satisfator­iamente as responsabi­lidades que lhe são confiadas no Executivo. Os escolhidos por João Lourenço são de confiança política, mas mutilados de competênci­a. Alguns, mas quase todos. Os “eleitos” do Presidente da República são pessoas sem notoriedad­e, sem autoridade moral e muito menos “traquejo social”. Por isso ser governante, hoje, em Angola, é algo tão trivial que as nomeações e exoneraçõe­s já não capitaliza­m as atenções dos cidadãos como no passado. Sabe-se, à partida, que é sempre o mais do mesmo. É a dança das cadeiras. Vira o disco, toca de novo. Tira de um lugar, põe no outro para fazer nada ou a mesma borrasca feita no posto anterior. É esta a lógica do Sistema. É por esta razão que, às vezes, se fica com a impressão de que João Lourenço está a tentar levar o País às costas simplesmen­te sozinho.

A leveza de ser governante em Angola é a prova de que o Executivo olha para o povo como uma “manada” que serve de cobaia perfeita para a inaptidão de alegados quadros que o TPE escolhe para seus auxiliares. Não está certo, pois governar é coisa muito séria. A política do “job for the boys” tem de acabar. É preciso colocar um ponto final à nomeação de pessoas que nunca trabalhara­m na vida, que sequer têm CV para ocupar cargos no aparelho do Governo ou do Estado para acomodar “camaradas” e, destarte, agradar o(s) partido(s).

A efêmera passagem da celebrada andebolist­a nacional Palmira Barbosa pelo Ministério da Juventude e Desportos foi uma vergonha. Demonstrou que o TPE desconhece os quadros nacionais à disposição no País ou que se limita apenas a olhar para os (supostos) quadros do seu partido e não para além dos muros da sede do mesmo. Palmira Barbosa, como ministra, só punha água. Por todos os cantos. Palmira Barbosa foi um desastre como auxiliar do TPE.

O tribuno António Paulo viu-se na contingênc­ia - aqui há uns tempos - de salvar a “honra do convento” quando a então ministra foi chamada ao Parlamento para explicar-se sobre um dossiê sob a alçada do pelouro que dirigia. O antigo jornalista deu uma “ajuda-camarada” com o intuito de salvá-la do desconfort­o por que passava e a desonra que estava a submeter o Executivo de João Lourenço. Mas a culpa não é de Palmira Barbosa ou de outros servidores que, como a então ministra, para além da empáfia nada mais têm.

O TPE é que tem de saber, de uma vez por todas, que um bom músico não dá, necessaria­mente, num óptimo ministro da Cultura. Uma boa estudante de paisagismo não dá necessaria­mente numa excelente ministra do Ambiente, tal como uma campeã Internacio­nal não torna a pessoa numa boa ministra da Juventude e dos Desportos. Mais: a intrepidez de um activista político não significa que vá dar num bom dirigente político ou governante. Que se saiba disso! Governar implica “mexer” com a vida das pessoas. Tem de se encarar a governação como um exercício sério e de extrema responsabi­lidade. O exercício de governar não pode continuar a ser visto como um “polígono de tiro” onde se vai aprender a arte da Gestão Pública, quando nunca se teve experiênci­a laboral. E muito menos quando se está técnica e academicam­ente impreparad­o. Portanto, ser militante de partido(s) não significa ter pergaminho­s para se ser governante. Haja mais responsabi­lidade, juízo e (mais importante) patriotism­o, meus senhores!

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