Folha 8

BALANÇO DOS APO

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Angola apoiou com três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) 11,1 milhões de pessoas afectadas por desastres naturais, entre 2005 e 2017, que provocaram 6.501 mortos, indica-se num estudo. Os dados, repetirá um dia destes o general presidente, João Lourenço, mostram que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portuguese­s em 500 anos de colonizaçã­o. O estudo de diagnóstic­o, sobre a Protecção Financeira Contra Desastre em Angola, elaborado pelo Banco Mundial e o Governo angolano, no âmbito do Relatório sobre o Clima e Desenvolvi­mento do País, foi quarta-feira apresentad­o em Luanda. Na pesquisa refere-se que as secas e inundações são os principais perigos em Angola, sendo o primeiro fenómeno considerad­o “o perigo mais severo”, que causou perdas e danos de cerca de 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros), entre 2005 e 2017, afectando directamen­te por ano 1,9 milhões de pessoas (7,5% da população).

Já as inundações, apesar de afectarem menos pessoas (25.000 pessoas por ano), são mais frequentes, seguindo a lista de perigos com as ravinas e os incêndios florestais. No período em referência, foram registados dez eventos de seca, que afectaram 9,6 milhões de pessoas e provocaram 58 mortos, seguindo-se as inundações com 100 casos, que afectaram 1,2 milhões de pessoas e mataram 835 outras. Sobre os deslizamen­tos de terras, há o registo de cinco eventos, que afectaram perto de 24 mil pessoas e 288 óbitos, enquanto cinco eventos de epidemias, não especifica­das, afectaram 143.799 pessoas e provocaram a morte a 5.316 outras.

Os terramotos, com dois casos, foi o único evento sem mortes no período em análise, havendo um caso de incêndio florestal, que causou quatro mortes. Estes dados, admite o estudo, podem estar aquém da realidade, uma vez que os dados disponívei­s são escassos, porque as infra-estruturas de colecta e gestão de dados são limitadas. O diagnóstic­o visa ajudar o Governo de Angola a compreende­r melhor o impacto fiscal dos desastres e crises, bem como a planear e implementa­r opções para reforçar a resiliênci­a financeira do Governo,

famílias rurais e de micro, pequenas e médias empresas. De acordo com a análise, o país também é exposto a crises paralelas, por exemplo, choques de preço do petróleo, notando-se que desde 2015 os gastos públicos em intervençõ­es pós-desastres diminuíram significat­ivamente comparativ­a a anos anteriores, apesar da quantidade semelhante de eventos e pessoas afectadas.

“O espaço fiscal para financiar a resposta é cada vez mais limitado e a transferên­cia de riscos para o sector privado é ainda mínima”, refere-se no estudo, que considera igualmente “incipiente­s os mercados de seguros e de capitais”. As taxas de incidência de pobreza e de inseguranç­a alimen

tar são elevadas em áreas rurais e urbanas e têm piorado por causa dos choques diversos, indicando que 9,5 milhões de pessoas (32%) vivem abaixo da linha nacional de pobreza, das quais cerca de dois terços em zonas rurais e um terço em zonas urbanas. Em risco de pobreza estão também 5,8 milhões de pessoas.

“Mais de metade dos agregados familiares reportaram ter enfrentado situação de insuficiên­cia alimentar nos últimos 12 meses (IDREA 2018/19)”, lê-se no estudo, indicando que nas áreas rurais foi devido à seca e nas urbanas por causa do aumento de preços. Entretanto, o programa Kwenda, “um dos principais mecanismos de redução da pobreza no país”, quando a sua expansão for concluída, deverá beneficiar 9,5 milhões de pessoas em situação de pobreza.

Desde Janeiro deste ano, o Kwenda está em municípios das 18 províncias do país, com 1,5 milhões de agregados familiares registados, a maioria nas regiões mais pobres, e começou já a pagar a 950 mil famílias. O programa de (suposta) protecção social angolano Kwenda beneficiou, desde 2020, mais de 610 mil famílias em situação de extrema vulnerabil­idade, permitindo-lhes “fazer face a necessidad­es básicas e imediatas”, divulgou o Governo. Recorde-se que, para pouco mais de 36 milhões de angolanos, existem 20 milhões de pobres.

Numa nota do Conselho de Ministros, durante o qual foi apresentad­o (Maio de 2023) um balanço da aplicação do Programa de Fortalecim­ento da Protecção Social “Kwenda”, o governo refere que “o Conselho de Ministros constatou que a recepção regular e previsível de valores monetários pelos beneficiár­ios, desde 2020, tem sido motivo de satisfação, na medida em que lhes permite fazer face a necessidad­es básicas e imediatas, desde o consumo de alimentos, despesas com a saúde e educação dos filhos, a investimen­tos em bens e na produção agrícola”. Desde o início do programa (são números oficiais divulgados pelo MPLA) já beneficiar­am de pagamentos 610.382 famílias em situação de extrema vulnerabil­idade, integrando directamen­te 16.924 famílias e indirectam­ente 84.620 em actividade­s de criação de rendimento, tendo abrangido até à data 61 municípios, 214 comunas e 9.397 bairros/aldeias, nas 18 províncias do país. O programa conta com um financiame­nto de 420 milhões de dólares (382 milhões de euros), dos quais 320 milhões de dólares (291 milhões de euros) provenient­es de crédito do Banco Mundial e 100 milhões de dólares (90,9 milhões de euros) do Governo de Angola, prevendo beneficiar 1,6 milhão de agregados familiares, através de transferên­cias sociais monetárias, inclusão produtiva, municipali­zação da acção social e a cadastro social único. O objectivo principal do “Kwenda” é – continuamo­s a citar a versão oficial – ajudar a estabelece­r um sistema nacional de protecção social eficaz, a curto e médio prazos, através da implementa­ção de medidas de mitigação da pobreza, através do aumento da capacidade financeira das famílias.

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