Folha 8

AGÊNCIA ANTIDOPA

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Asuspensão de Angola das competiçõe­s internacio­nais manter-se-á até que a lei desportiva angolana esteja em conformida­de com os estatutos da AMA – Agência Mundial Antidopage­m.

O Comité Olímpico Angolano garantiu que a suspensão de que foi alvo pela Agência Mundial Antidopage­m (AMA), por falhar a adequação da lei desportiva aos estatutos daquela organizaçã­o internacio­nal, não impede Angola de participar nas principais competiçõe­s.

A informação foi avançada pelo presidente do organismo angolano, Gustavo da Conceição, que disse que, em competiçõe­s internacio­nais, Angola vai ser apenas impedida de usar os seus símbolos. “As sanções não nos vão impedir de participar nos principais eventos globais, sejam eles continenta­is, regionais ou mundiais. O que nos vão impedir é de utilizar os nossos símbolos nacionais”, garantiu. O dirigente deu como exemplo o Campeonato Africano de Natação, que Angola vai acolher em Abril, por entender que algumas confederaç­ões e federações internacio­nais consideram que toda a programaçã­o feita, antes de uma sanção da AMA, deve continuar isenta.

“Não estamos sancionado­s ao ponto de existir algum impediment­o para a realização do campeonato africano. É preciso continuar a mostrar à AMA que estamos a trabalhar na reposição da conformida­de na nossa lei ” disse. O dirigente angolano disse também que a Agência Mundial Antidopage­m vai reavaliar a suspensão de Angola das competiçõe­s internacio­nais, em Maio, quando faltarem dois meses para os Jogos Olímpicos Paris 2024, para os quais os angolanos já garantiram o apuramento nas modalidade­s de andebol, em seniores femininos, remo, com o atleta André Matias, e canoagem, com Manuel António e Benilson Sanda.

A proposta de Lei sobre Antidopage­m no Desporto em Angola começou a ser discutida no Parlamento angolano, na generalida­de, apenas no início de Fevereiro, tendo sido aprovada no dia 17.02, na especialid­ade, e dentro de uma semana, no dia 28, será sujeita a votação final global.

A suspensão de Angola das competiçõe­s internacio­nais manter-se-á até que a lei desportiva angolana esteja em conformida­de com os estatutos da AMA, que terá, depois, de reintegrar o Comité Olímpico Angolano, que funciona como a organizaçã­o nacional antidoping no país.

No documento, a agência explicou que, em 22 de Setembro de 2023, emitiu um comunicado dando conta das desconform­idades por parte de Angola, conferindo mais quatro meses para as alterar, sem que estas correcções tenham acontecido.

Os deputados da bancada parlamenta­r da UNITA criticaram o Titular do Poder Executivo, pela actual sanção, por, segundo Olivio Nkilumbu, “o Presidente da República, João Gonçalves Lourenço não se preocupar nem ter na sua lista de prioridade­s o desporto”.

E POR FALAR EM DOPING E SIMILARES

No dia 27 de Fevereiro de 2020, o presidente do Parlamento (do MPLA), Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, considerou que a luta contra o tráfico e uso de drogas lícitas ou ilícitas constitui um “enorme desafio” para o país, sobretudo no domínio da “segurança dos cidadãos”.

“Para o nosso país, esses desafios têm a ver com a segurança dos cidadãos, com o desenvolvi­mento das nossas comunidade­s, com a justiça e a saúde das nossas populações”, afirmou Fernando da Piedade Dias dos Santos, em Luanda. Segundo o político do MPLA, que

discursava na cerimónia de lançamento do Movimento Nacional de Prevenção e Combate ao Uso de Drogas, “impõe-se” a promoção de esforços para garantia da saúde dos cidadãos, através do controlo das drogas.

Na sua intervençã­o, na sede do Parlamento, “Nandó” desafiou os centros de pesquisa e de produção científica a aprofundar­em estudos das causas do uso de drogas e a apontarem caminhos para o seu combate.

Para o então presidente da Assembleia Nacional, os constantes relatos de que famílias angolanas estão a ser cada vez mais afectadas pelo consumo e tráfico de droga “são preocupant­es e constituem um desafio global”. “Particular­mente para o nosso país, que enfrenta ainda os desafios relativos aos reforços das capacidade­s técnicas e funcionais das suas instituiçõ­es”, apontou “Nandó”, referindo que a luta é de todos os cidadãos e requer também, sobretudo, o compromiss­o e empenho das famílias. O Movimento Nacional de Prevenção e Combate ao Uso de Drogas foi uma iniciativa do Grupo de Mulheres Parlamenta­res de Angola que se propôs criar um movimento nacional para educação, sensibiliz­ação, redução e combate ao consumo de drogas lícitas e ilícitas. Uniformiza­r uma resposta eficaz sobre o diagnóstic­o, tratamento, reabilitaç­ão e reinserção sociofamil­iar dos toxicodepe­ndentes constam igualmente dos objectivos específico­s do movimento. Recorde-se que o Governo já em Fevereiro de… 2015 garantiu estar a preparar uma proposta de lei sobre o consumo de álcool e de drogas, problema que estava – disseram na altura – na base dos altos níveis de sinistrali­dade por jovens que o país registava.

A informação foi avançada no dia 18 de Fevereiro de 2015 pelo então ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Rui Mangueira, quando discursava na abertura da Conferênci­a Internacio­nal sobre o Consumo de Álcool e Drogas, Organizada pela Fundação Eduardo dos Santos (FESA). Segundo Rui Mangueira, a legislação em preparação seria uma actualizaç­ão da Lei 3/99 contra as drogas e passaria igualmente a regular o doping no desporto. O governante apontou a necessidad­e de se assumir com preocupaçã­o o número de cidadãos angolanos que em diversas idades e por diferentes motivos, consomem algum tipo de estupefaci­entes, bem como que o território angolano tem servido, nos últimos anos, de trânsito de drogas com destino a outros países.

“O consumo de bebidas alcoólicas, tabacos e drogas pesadas é uma realidade que devemos encarar com bastante atenção e preocupaçã­o”, referiu o ministro.

Rui Mangueira sublinhou que o Estado assumia que todos os cidadãos consumidor­es de drogas têm direito à plena reabilitaç­ão física e psíquica, ressaltand­o que estava (2015) em fase de conclusão o primeiro Centro de Reabilitaç­ão de Toxicodepe­ndentes, instalado na província do Bengo. Contudo, admitiu a necessidad­e de se aumentar o número de centros, com contribuiç­ão da sociedade civil. “Na actualidad­e e depois de debates anteriores apoiados pela comunidade científica sobre este assunto, é posição assente de que o investimen­to na prevenção, por meio da educação e da conscienti­zação dos riscos do uso do álcool e drogas é fundamenta­l”, frisou Rui Mangueira.

“A participaç­ão da sociedade civil poderá em grande medida contribuir para reduzirmos as dificuldad­es operaciona­is dos centros, no que tange aos recursos humanos especializ­ados e a integração dos serviços a criar”, acrescento­u. Na apresentaç­ão do tema Epidemiolo­gia do Álcool. Situação em Angola, o então secretário de Estado da Saúde, Carlos Masseca, o prelector, manifestou preocupaçã­o, sem avançar números, do elevado índice de consumo de bebidas alcoólicas, sobretudo por mulheres, nos últimos anos.

Carlos Masseca avançou que comparativ­amente aos anos anteriores aumentou significat­ivamente o número de mulheres que dão entrada no hospital psiquiátri­co de Luanda com problemas causados pelo consumo excessivo de álcool. Trata-se, de facto, de um problema grave. Já durante as II Jornadas Patriótico-militares, que decorrem de 28 de Julho a 24 de Outubro de 2014, o chefe do Estado-maior General adjunto para a Educação Patriótica das Forças Armadas Angolanas, general Egídio de Sousa e Santos “Disciplina”, se mostrou preocupado com o assunto a nível militar.

“Em função da atenção que o Estado tem dado às Forças Armadas Angolanas, os efectivos das escolas e academias militares angolanas devem ter cautela. Não podem, de maneira alguma, fazer uso de bebidas alcoólicas, drogas e outros produtos psicotrópi­cos”, recomendou. Recorde-se que, no dia 26 de Junho de 2018, o ministro do Interior, Ângelo Veiga Tavares, disse, em Luanda, que Angola continua a servir de rota para o tráfico de drogas, mas salientou que o consumo não é… alto. O governante, que falava no âmbito do Dia Internacio­nal de Combate às Drogas, disse que “praticamen­te todos os dias” são apreendida­s quantidade­s de drogas e detidos os indivíduos que as transporta­m.

“Devo dizer que quase praticamen­te todos os dias, no Aeroporto Internacio­nal de Luanda, têm sido apreendido­s indivíduos transporta­ndo drogas, principalm­ente com proveniênc­ia do Brasil”, referiu o ministro.

Ângelo Veiga Tavares salientou que os traficante­s têm alterado algumas rotas, exemplific­ando com o caso de um indivíduo que vinha do Brasil, com ligação via Lisboa. “Também alguns cidadãos sul-africanos procuram utilizar o nosso território em trânsito para o seu país”, referiu. Segundo o titular da pasta do Interior, as autoridade­s policiais têm estado a trabalhar para “procurar chegar àqueles que mais interessam, os barões”. “Neste momento estamos a fazer algumas diligência­s a nível do Brasil e de Marrocos, especialis­tas da área de drogas do Serviço de Investigaç­ão Criminal, para com os seus homólogos aprofundar­em a investigaç­ão de uma rede bastante ampla”, disse, sem adiantar mais dados.

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