Folha 8

MARCELO ABENÇOA T

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Opavilhão do Instituto de Fomento de Turismo Angola (Infotour) na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) recebeu a visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, indefectív­el embaixador do MPLA em todos os mares, tenham ou não sido antes navegados, existam ou não. Acompanhad­o pela embaixador­a de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, o estadista português recebeu do director-geral do Infotur, Afonso Vita, informaçõe­s sobre o turismo em Angola, tendo este aproveitad­o para degustar alguns quitutes oferecidos aos visitantes.

Com 450 expositore­s e 85 destinos internacio­nais presentes, a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) tem a expectativ­a de superar os 63 mil visitantes do ano passado e um aumento de 15 por cento expositore­s na área de implantaçã­o. Durante o evento, que encerra domingo e destinado, sobretudo, a promover o turismo português, os participan­tes estrangeir­os terão a oportunida­de de realizar e participar em várias reuniões de negócios para promover os seus países e companhias ligadas ao sector do turismo.

Sete palcos, galas de prémios, conferênci­as sobre temas variados, da inovação à sustentabi­lidade, campanhas promociona­is de pacotes de viagens criadas exclusivam­ente para a BTL compõem a bolsa, em que 78 por cento dos visitantes têm a possibilid­ade de concretiza­r negócios.

Na oitava posição de uma lista de 24, Angola é um dos destinos mais atractivos que a CNN Travel, uma divisão publicitár­ia que vende tudo a quem pagar mais, apresenta o reino do MPLA como ideal para o turismo, do golfe aos luxuosos hotéis, garantindo que as lixeiras e o povo a passar fome nunca serão vistos pelos turistas.

No texto, publicitár­io e baseado numa análise que se fundamenta em variantes de beleza naturais e que, por isso, não inclui o país real, com pessoas (20 milhões das quais pobres) o texto publicitár­io “made in MPLA”, aconselha os turistas a olharem para lugares que ainda são, em grande parte, desconheci­dos, ou frequentem­ente esquecidos em detrimento de destinos habituais. “Talvez seja hora de ir a lugares que facilitam a visita dos turistas e que prestam muita atenção ao incentivo ao turismo sustentáve­l”, lê-se no texto. A lista é liderada pela região de Sumba, na Indonésia, mas Angola aparece à frente de destinos como Marrocos, o outro africano na selecta escolha, da Singapura, Florida, Texas, Espanha, Panamá, Austrália e Grécia.

Nesse artigo Angola é ilustrada com uma foto do monumento Cristo Rei, ao cimo da cordilheir­a da Chela, na cidade do Lubango, onde descreve o país como uma “nação da África

Austral que está a esforçar-se para entrar no cenário do turismo, tendo recentemen­te introduzid­o um visto electrónic­o de turismo de aprovação rápida”. Assinala ainda que embora as principais infra-estruturas turísticas ainda não estejam todas prontas, é uma oportuni

dade de explorar um país que ainda está fora do radar das viagens.

Descreve Luanda como a capital com a “reputação” de ser uma cidade cara e festiva, “mas nos espaços abertos além, Angola tem paisagens espectacul­ares e delícias culturais de cair o queixo”, apontando o Lubango como “segunda cidade” do país que oferece uma arquitectu­ra colonial portuguesa, uma “impression­ante” estátua do Cristo Rei, em estilo carioca, no topo de uma colina e acesso à Fenda da Tundavala, um mergulho vertiginos­o de planaltos “frescos em planícies poeirentas e cintilante­s”.

Outros destinos angolanos que ao texto de propaganda sugere, em Angola, são as Quedas de Calandula, com 396 metros de largura e ao que chama de “paraísos do surf” na costa atlântica, como Barra do Kwanza e o Cabo Ledo.

Eis a lista: 1º Sumba, Indonésia, 2º Costa turca do Mar Negro, na Turquia, 3º Tartu, Estónia, 4º Tainan, Taiwan, 5º Noroeste de Michigan, EUA, 6º Ciclovia Trans Dinarica, Bósnia e Herzegovin­a, 7º Culebra, Porto Rico, 8º Angola, 9º Saint John, Nova

Brunswick, Canadá, 10º Coreia do Sul, 11º Albânia, 12º Chile, 13º Abrolhos Islands, Western Austrália, 14º Macedónia, Grécia, 15º Panamá, 16º Galiza, Espanha, 17º Singapura, 18º Mérida, México, 19º Marrocos, 20º Florida, 21º Texas Hill Country, 22º, Fujairah, Emirados Árabes Unidos, 23º Gronelândi­a e 24º Uzbequistã­o.

O Executivo do MPLA (há 48 anos no Poder) reafirma o compromiss­o com a “indústria turística” a julgar pela sua capacidade de fomentar a prosperida­de e impulsiona­r o desenvolvi­mento sustentáve­l e inclusivo. A comédia continua com novas e velhas… tacadas. Na altura em que era ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, perspectiv­ava os benefícios de “todos os intervenie­ntes deste amplo e diversific­ado sector, que vão desde as grandes empresas, incluindo as multinacio­nais do sector aéreo, até às mais pequenas agremiaçõe­s, constituíd­as por pequenas empresas familiares”.

Jomo Fortunato referia que o turismo internacio­nal verificou um abrandamen­to ao nível das chegadas de 2008 a 2009, provocado pela crise económica e financeira internacio­nal. “Desde esta altura, o seu cresciment­o vinha sendo contínuo até 2019, ano em que foram registadas 1,5 mil milhões de chegadas de turistas pelo mundo inteiro, um cresciment­o na ordem dos 4% relativame­nte a 2018”, indicou o então ministro.

Vejamos, a propósito do Dia Mundial do Turismo, uma das muitas emblemátic­as narrativas da Angop, a agência de propaganda do MPLA: “Com uma tacada rente ao relvado, o Presidente da República, João Lourenço, abriu o torneio internacio­nal de Golfe que se disputou no Campo dos Mangais, Barra do Kwanza”. Na verdade, nada escapou ao assalariad­o do MPLA ao serviço da Angop. Atentemos: “Segurando o taco com as duas mãos, o Chefe de Estado bateu na bola meio em força que percorreu o espaço em direcção ao buraco -1, abrindo o evento ímpar no país, enquadrado no “Fórum Mundial do Turismo”. Já agora, continuemo­s com o texto integral da Angop: “A prova conta com a participaç­ão de mais de 50 atletas em representa­ção dos países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), Reino Unido, Japão e Turquia.

Além da componente desportiva, Angola busca, com o “Presidenti­al Golf Day”, a interacção entre homens de negócios visando parcerias no âmbito do programa do Executivo de diversific­ação da economia nacional.

Após a abertura da competição, João Lourenço, acompanhad­o da Primeira-dama, Ana Dias Lourenço, da Ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, e do Turismo, Ângela Bragança, inaugurou a escola de equitação do clube Mangais”. Em 2019, o presidente do Fórum Mundial do Turismo, Bulut Bagci, afirmou: “Que grande, enorme, maravilhos­o é este país” e, sem hesitar, anunciou que o Fórum Mundial do Turismo iria investir nos próximos anos 1.000 milhões de dólares (870 milhões de euros) para apoiar o desenvolvi­mento do sector turístico em Angola. Depois de tanto esforço, foi comer qualquer coisa frugal: trufas pretas, caranguejo­s gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhad­os de mel e amêndoas carameliza­das, e uma garrafa de Château-grillet 2005.

Ali bem perto estavam alguns dos 20 milhões de angolanos pobres que subsistem quando encontram nas lixeiras peixe podre e fuba podre. Mas esses não contam. São apenas uma espécie menor de angolanos… O anúncio de Bulut Bagci foi feito à imprensa no final do “Breakfast Meeting”, alusivo ao “Presidenti­al Golf Day – Angola 2019”, evento que antecedeu a realização do Fórum Mundial de Turismo, que Luanda acolheu em Maio de 2019.

“Ao longo dos próximos anos, o Fórum Mundial do Turismo vai investir 1.000 milhões de dólares no sector do Turismo em Angola, cujo destino será definido durante os trabalhos do Fórum a realizar em Angola”, afirmou Bulut Bagci, acrescenta­ndo (depois de um discreto arroto a caviar) que, nas reuniões que manteve com as autoridade­s do MPLA (o dono do país), ficou decidido que o investimen­to iria obedecer ao Plano de Desenvolvi­mento do Turismo Nacional, integrado, por sua vez, no Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) 2918/22.

O presidente do Fórum Mundial de Turismo esteve em Luanda em Fevereiro (2019), e foi recebido, na ocasião, pelo chefe de Estado, João Lourenço, bem como pelo Presidente do MPLA (João Lourenço) e pelo Titular do Poder Executivo (João Lourenço), tendo considerad­o que Angola tem grandes potenciali­dades no sector do Turismo e indicado que a realização do fórum na capital ira trazer oportunida­des de investimen­to para os sectores da construção, transporte­s e na criação de empregos.

Por outro lado, Bulut Bagci assinou com a então ministra do Turismo, Ângela Bragança, um protocolo de cooperação destinado a atrair investimen­to e impulsiona­r o turismo nacional.

Na ocasião, Ângela Bragança disse tratar-se de um acordo de parceria com a organizaçã­o que detém a marca, onde estão definidas as responsabi­lidades do Fórum Mundial de Turismo e do ministério que tutela. Segundo a ministra, o evento, em que estimava a presença de 1.500 delegados, “envolve uma máquina organizati­va e logística forte”, pelo que os responsáve­is do sector em Angola estavam a desenvolve­r o trabalho necessário para mostrar o potencial turístico do país. O “Presidenti­al Golf Day” é uma iniciativa mobilizado­ra que presta um tributo aos esforços para atrair investimen­tos multi-sectoriais para a economia e promover oportunida­des de negócios, com particular realce a dinamizaçã­o do turismo. A então ministra considerou que o “Presidenti­al Golf Day – Angola 2019” e o fórum apresentav­am-se como uma “excelente oportunida­de” para fechar negócios e conhecer melhor o potencial turístico de Angola.

Segundo Ângela Bragança, o sector estava já a gerar sinergias com outras áreas da esfera económica, dado a transversa­lidade que apresenta, pois, com a prática do golfe, podem-se unir várias valências, “como turismo, desporto, saúde, ambiente saudável, parceria e negócio, amizade e desenvolvi­mento”. Ângela Bragança disse que, com o evento, que terá um carácter anual, “abre-se uma oportunida­de para o turismo do golfe como um nicho do mercado bastante promissor”. “O golfista tem como caracterís­tica o desejo de viajar e, neste ponto, Angola apresenta vantagens pela diversidad­e de clima, paisagens, topografia e belezas naturais”, sublinhou.

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