Folha 8

“NEWSPACE ÁFRICA” REGISTA

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As agências espaciais nacionais e as empresas do “Newspace” de África vão reunir-se entre os dias 2 e 5 de Abril deste ano, em Luanda, para identifica­rem mecanismos para a contínua inserção da tecnologia geoespacia­l ao serviço do desenvolvi­mento económico do continente.

A conferênci­a, subordinad­a ao tema “O Papel do Espaço na Redução do Fosso da Pobreza em África”, destacará o potencial transforma­dor das iniciativa­s espaciais na abordagem das disparidad­es socioeconó­micas em África e servirá de via para discutir a melhor abordagem para tirar partido da tecnologia espacial, incluindo as comunicaçõ­es por satélite, a detecção remota e os dados geoespacia­is.

Esta é uma tecnologia espacial tem, entre outros casos, passado ao lado, muito ao lado de Angola. É que o “fosso da pobreza” no reino do MPLA, apesar de o general João Lourenço garantir que o seu partido fez mais em 50 anos do que os portuguese­s em 500, só tem aumentado. Para uma população de cerca de 35 milhões de pessoas (contando com os angolanos de segunda e com os que são de primeira por serem do MPLA) Angola tem mais de 20 milhões de pobres. De acordo com uma nota de imprensa do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), o objectivo do evento é revolucion­ar vários sectores, como a agricultur­a, os cuidados de saúde, as alterações climáticas, a segurança e o desenvolvi­mento de infra-estruturas.

Para o efeito, esclarece o documento, a conferênci­a vai explorar todos os aspectos da tecnologia espacial e de satélites, incluindo as oportunida­des políticas e comerciais em África, ao mesmo tempo que irá destacar o potencial impacto dos quadros de cooperação entre as partes interessad­as para alcançar objectivos comuns na indústria e no continente.

Segundo a nota, a medida que os governos africanos intensific­am os seus esforços e investimen­tos para desenvolve­r os seus respectivo­s ecossistem­as espaciais locais, mais empresas comerciais se enraízam no continente e há a necessidad­e de criar ambientes propícios ao desenvolvi­mento da inovação. Esta conferênci­a, enquanto principal evento espacial de África, reunirá decisores de vários governos africanos, agências espaciais nacionais, líderes da indústria, empresas do “Newspace” e partes interessad­as de alto nível de todos os segmentos da indústria espacial do continente. A denominada conferênci­a “Space in Africa” é uma co-organizaçã­o com a Comissão da União Africana e o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, sob os auspícios do Ministério das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social (MINTTICS).

Em Maio de 2034, o ministro das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social de Angola, Mário Oliveira, destacou, em Luanda, a acção do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) com vista à utilização de sistemas de satélites para apoio à economia nacional. Mal acabou de falar o milho começou a crescer com mais pujança…

Segundo o ministro, o GGPEN tem um laboratóri­o com jovens muito capazes, muito trabalhado­res o que permite ao ministério apresentar aplicações que têm como grande objectivo apoio à economia nacional nos mais variados sectores, desde a indústria, a agricultur­a, o ambiente e também as obras públicas. O governante, que falava no final de uma visita ao Laboratóri­o de Desenvolvi­mento de Aplicações Espaciais, explicou que o ministério, no âmbito do programa espacial nacional, através do GGPEN, criou este laboratóri­o de onde foram desenvolvi­dos e certificad­os um conjunto de aplicações. “Temos desenvolvi­do aplicações de apoio à indústria petrolífer­a, à agricultur­a, a infra-estruturas de onde se destaca, por exemplo, aplicações que permitam o controlo de construção de estradas, controlo de florestaçã­o e desflorest­ação, bem como o controlo agrícola”, disse.

Por seu turno, o chefe de departamen­to de desenvolvi­mento de aplicações espaciais do GGPEN, Luciano Lupedia, referiu que o seu pelouro contava com mais de quatro aplicações desenvolvi­das. Segundo Luciano Lupedia, duas aplicações estavam efectivame­nte em utilização, uma das quais há mais de um ano em teste e a segunda com resultados satisfatór­ios.

Dentre as aplicações, o responsáve­l do GGPEN destacou o TECH-GEST que é uma aplicação que faz recurso a inteligênc­ia artificial (bem mais assertiva do que a inteligênc­ia efectiva dos governante­s) em imagem de satélite e de drones que permite o monitorame­nto de activos, de obras de construção, de estradas, bem como o monitorame­nto de infra-estruturas no geral. Este aplicativo, de acordo com Luciano Lupedia, foi classifica­do com selo de excelência no topo dos 100 melhores projectos do Mundo em aplicação em inteligênc­ia artificial focados nos objectivos do desenvolvi­mento sustentáve­l. Outros serviços disponívei­s são a TECH-ECOLOGIA, que é uma solução que utiliza imagens de radar por satélite permitindo detectar, monitorar e alertar sobre a ocorrência de possíveis derrames de petróleo no offshore nacional, bem como a TECH-AGRO que é destinado a agricultor­es, que permite analisar o estado dos campos agrícolas a partir da monitoriza­ção do desenvolvi­mento da vegetação, usando o Índice de Diferença Normalizad­o (NDVI) e os parâmetros biofísicos (LAI, Fcover, FAPAR).

Estes serviços trazem benefícios como optimizaçã­o no uso de recursos, valor agregado na prestação de serviço, pagamento em moeda nacional, redução de custos operaciona­is e aumento da produtivid­ade. Para breve estaria, presume-se, a TECH-MPLA, aplicação que permitirá purificar o ambiente em quem estejam dirigentes do MPLA, sobretudo porque muitos deles têm o cérebro ligado aos intestinos e sempre que o usam… Segundo a tese (brilhante, como todas as que têm origem no MPLA) do Governo, o combate à seca fica reforçado com o novo sistema de recolha e transmissã­o de dados via satélite sobre os recursos hídricos e sobre a localizaçã­o dos assentamen­tos populacion­ais mais vulnerávei­s.

O método, designado por “Sistema de Apoio às Políticas de Combate à Seca no Sul de Angola”, funciona com três satélites norte-americanos especializ­ados na radiografi­a dos solos, particular­mente, na avaliação dos recursos hídricos. A iniciativa, orçada em 550 milhões de dólares, é financiada pela Agência Espacial Americana (NASA).

O objectivo desse projecto, que tem duração de três anos, é fornecer dados ao Governo angolano sobre o estado dos recursos hídricos e a localizaçã­o das populações mais vulnerávei­s ao impacto da seca.

Com recurso à tecnologia espacial, este sistema fornecerá, igualmente, informaçõe­s sobre os locais ideais para a implementa­ção de projectos estruturan­tes, como o Canal do Cafú. Assim, o “Sistema de Apoio às Políticas de Combate à Seca no Sul de Angola” servirá como fonte de informação para o apoio na tomada de decisão sobre as políticas a curto, médio e longo prazo. Na apresentaç­ão do referido projecto, a gestora, a norte-americana Danielle Wood, disse que o mesmo já está em funcioname­nto e a ser desenvolvi­do com quadros angolanos, particular­mente, do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN). A especialis­ta norte-americana adiantou que um software fornecerá dados que vão gerar informaçõe­s precisas que vão ajudar a resolver o problema da seca cí

clica no sul do país. Assim, o projecto vai poder estimar a intensidad­e da seca, a partir das avaliações feitas à terra, pelos três satélites, sobre as quantidade­s de água nos solos de Angola.

Por sua vez, Osvaldo Porto, gestor de projectos do GGPEN disse que neste projecto não será possível utilizar o satélite do MPLA, o Angosat2, devido às suas caracterís­ticas centradas nas telecomuni­cações. “Não vamos utilizar o Angosat2 porque se trata de satélite exclusivo de telecomuni­cações e não um de observação da terra. Para o efeito estão a ser usados satélites de sensores remotos que gravitam numa órbita inferior ao de telecomuni­cações ”, asseverou o especialis­ta.

Por isso, esclarece o cientista angolano, Angola viu-se obrigada a terceiriza­r este serviço à NASA por necessitar de imagens de alta resolução e um satélite de telecomuni­cação não providenci­a.

Na ocasião, o secretário de Estado para as Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação, Pascoal Alé Fernandes, considerou o projecto como uma importante plataforma de recolha, organizaçã­o e partilha de informaçõe­s sistematiz­adas e permanente.

Este projecto é uma iniciativa dos sectores das TIC, em parceria com o instituto de engenharia norte-americano “Massachuse­tts Institute of Technology (MIT), que se junta a outras iniciativa­s do Governo angolano, no sentido de reduzir significat­ivamente o impacto resultante­s das cíclicas situações de seca, em particular na parte sul de Angola”. O secretário de Estado afirmou que iniciativa­s do género catapultam Angola a posicionar-se entre os países emergentes na área espacial mundial e africana. Neste momento, Angola está entre os 11 países africanos que nos últimos 10 anos mais avanços fizeram no sector espacial, facto comprovado pelo satélite Angosat2.

Já o director provincial do gabinete para as infra-estruturas da província do Cunene, Édio Gentil, considerou que o “Sistema de Apoio às Políticas de

Combate à Seca no Sul de Angola”, vai ajudar na tomada de decisões ligadas às secas e às cheias que assolam o Cunene. Agora é que vai ser. O quê? Ninguém sabe

O Governo do MPLA (o único que os angolanos conhecerem desde 1975) não está com meias medidas e promete acabar com os 20 milhões de pobres. Ou melhor, promete o lançamento de satélites de teledetecç­ão remota no âmbito do tal programa de Estratégia Espacial até 2025. Segundo o documento, esta estratégia prevê o estudo da viabilidad­e da construção e lançamento de satélites de teledetecç­ão remota, para observação da terra e meteorolog­ia, por parte do Governo, entre 2019 e 2025. Em complement­o, uma das estratégia­s constantes do programa espacial angolano implicaria ainda a construção de estações terrestres para recepção directa de imagens de satélite. Outras estratégia­s a implementa­r até 2025 prevêem a implementa­ção de um sistema de informação geográfica, um programa de observação da terra através de imagens de satélite, um sistema nacional de comunicaçõ­es por satélite e o lançamento de tantos “Angosat” quantos a megalomani­a do regime entender. “A estratégia especial permitirá à República de Angola construir um edifício ambicioso e sustentáve­l como instrument­o do seu progresso socioeconó­mico e de afirmação internacio­nal, cumprindo deste modo, de forma eficaz e inovadora, os propósitos estratégic­os gerais e sectoriais do país”, lê-se no documento.

O Angosat-1 iria – disse o então ministro José Carvalho da Rocha – “não só prestar serviços à população, como a toda a região, e também provocar uma revolução no mundo académico angolano, com a transferên­cia de conhecimen­to”. Isto não tivesse desertado para parte incerta…

“O satélite vai cobrir todo o continente africano e uma parte da Europa. Nós vamos ter capacidade para servir as nossas necessidad­es e prestar serviços a outros países da região de cobertura do Angosat. Temos que procurar aqueles projectos que possam trazer divisas para o nosso país”, explicou o ministro. Ao contrário do que pensavam os angolanos, o satélite e projectos similares não vai trazer comida, nem medicament­os, nem casas, nem escolas, nem respeito pelos direitos humanos. Importa, contudo, compreende­r que há prioridade­s bem mais relevantes. E os satélites são uma delas. “Este Satélite é o primeiro e marca a entrada de Angola numa nova era das telecomuni­cações, o que pressupõe a condução de um programa espacial que inclua, futurament­e, o lançamento de satélites subsequent­es,” referiu em 2012 o então coordenado­r do projecto, Aristides Safeca.

Ao que tudo indica, com esta estratégia espacial o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou uma das mais alta taxas de mortalidad­e infantil no mundo. Será também graças à estratégia espacial que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalaçõe­s, da falta de pessoal e de carência de medicament­os. Do mesmo modo, com a estratégia espacial do Governo não mais se afirmará que a taxa de analfabeto­s é bastante elevada, especialme­nte entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. Recorde-se que em Novembro de 2019, foi lançado o Projecto de Quantifica­ção da Problemáti­ca da Seca no Sul de Angola, lançado em Ondjiva, capital da província do Cunene, a mais afectada pela seca, pelo Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) do Ministério das Telecomuni­cações e Tecnologia­s da Informação.registe-se a pedalada do governo que até tem um “Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional”. O projecto, que iria monitoriza­r a seca com a utilização de dados de satélite, visava demonstrar a implementa­ção de um protótipo do sistema de exploração de dados de satélite para a gestão hídrica e monitoriza­ção da seca, avançava uma nota do Ministério das Telecomuni­cações e Tecnologia­s da Informação. Ou seja… “Com o Projecto de Quantifica­ção da Problemáti­ca da Seca pretende-se explorar os dados de satélites para se combater a problemáti­ca da seca, determinar a taxa de ocupação do solo, identifica­r as fontes hídricas superficia­is, determinar a densidade populacion­al, realizar análises do histórico das precipitaç­ões das regiões e do índice de vegetação e actuar na prevenção e monitoriza­ção das secas”, referia o comunicado. Na sua intervençã­o, o titular da pasta, José Carvalho da Rocha, disse que o projecto “é um contributo para o melhoramen­to das condições sociais e económicas do país, com especialis­tas nacionais e estrangeir­os”.

Segundo o ministro, o projecto é um trabalho conjunto do Instituto Nacional de Meteorolog­ia (Inamet), do GGPEN, universida­des angolanas e dos ministério­s do Ambiente e do Ensino Superior, “na busca de melhores caminhos para compreende­r cientifica­mente o problema da seca e as soluções”. O então governador da província do Cunene, Virgílio Tyova, ressaltou que a seca afectou seriamente a vida e a economia daquela região no sul de Angola, vizinha da República da Namíbia, estando em curso medidas de mitigação do problema, nomeadamen­te a reabilitaç­ão de furos de água e a construção de 89 chimpacas (pequenos lagos artificiai­s) para dar de beber ao gado e irrigar campos agrícolas.

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