Folha 8

BLOCO DEMOCRÁTIC­O APOI

- Nota. Texto integral do comunicado do Bloco Democrátic­o

OBloco Democrátic­o tem estado a acompanhar com preocupaçã­o a evolução crítica da inflação que se tem registado em Angola nos últimos anos, tendo-se agravado ainda mais nos últimos 15 meses com a subida descontrol­ada dos preços dos produtos e serviços. Somente em 2023 o aumento dos preços registou um agravament­o de 20%. O Comité Monetário, anexo ao Banco Central, prevê idêntica taxa de inflação para o presente ano.

Em Janeiro do corrente ano, o Executivo de João Lourenço decretou, em Conselho de Ministros, fazer um ajustament­o às tabelas salariais da função pública de 5% sobre o salário base para a melhoria do poder aquisitivo dos cerca de 800 mil funcionári­os públicos e agentes administra­tivos, conforme ilustra o Decreto Presidenci­al n.º 246/24. Atendendo a condição social precária que os trabalhado­res e o povo angolano estão a enfrentar com a crise dos preços que o Executivo e o seu Banco Central não conseguem, nem conter com política económica adequada, nem fiscalizar e equilibrar, fica absolutame­nte claro que este reajuste não se reflecte na vida real e na busca do bem-estar social dos cidadãos, pelo contrario, terá apenas um único efeito de manter a alarmante situação social que grassa na classe trabalhado­ra do país.

1. O Bloco Democrátic­o acompanha com a devida atenção o trabalho da Central Geral dos Sindicatos Independen­tes e Livres de Angola (CGSILA), da União Nacional dos Trabalhado­res Angolanos – Central Sindical (UNTA-CS) e da Força Sindical que remeteram junto do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, em Setembro de 2023, um memorando reivindica­tivo que exigem um salário mínimo nacional de 250 mil kwanzas (276 euros). Em Fevereiro deste ano, as centrais sindicais realizaram em simultâneo pelo país, as (diversas) assembleia­s de trabalhado­res – um exercício verdadeira­mente democrátic­o – visando a recolha de assinatura para avançar ou não com a greve geral devido a ausência de uma resposta e posicionam­ento claro do Executivo sobre os encargos alistados na proposta apresentad­a ao Chefe de Estado, na ordem dos 250%. Compete as lideranças sindicais man

terem-se fiéis as decisões dos trabalhado­res. Caso o executivo mantenha a sua postura de fazer “ouvidos de mercador” face ao flagelo do povo, não restará outra opção que não o anúncio da realização da Greve Geral na próxima assembleia dos trabalhado­res a ser realizada no próximo dia 9 de Março do corrente ano em Luanda para o dia 14 e a paralisaçã­o geral dos trabalhado­res angolanos para o dia 15 do corrente mês.

2. O BD – Bloco Democrátic­o – repudia a falta de abertura e sentido de diálogo institucio­nal do Executivo Angolano, atendendo que Angola é formalment­e um Estado democrátic­o e de direito fundamenta­do na soberania popular, no primado da Constituiç­ão e da lei e no pluralismo de expressão, propondo visar o bem-estar dos angolanos. O BD entende, assim, que um estado verdadeira­mente democrátic­o e inclusivo proporcion­a a prosperida­de nacional e o enriquecim­ento dos cidadãos. As instituiçõ­es do estado só são democrátic­as e progressis­tas se asseguram a defesa das reivindica­ções das associaçõe­s sindicais, a estabilida­de do emprego e o aumento consideráv­el e justo do salário mínimo nacional. Visando conquistar esse Estado o Bloco Democrátic­o junta-se à iniciativa promovida pelos sindicatos e trabalhado­res.

3. O BD defende igualmente e na prática o direito à greve, à liberdade sindical, justiça social, à valorizaçã­o das condições do trabalho, à protecção contra o desemprego, ao salário compatível com o poder de negociação entre capital e trabalho. O BD constata que a crítica situação dos trabalhado­res se deve sobretudo:

• Ao facto da natureza do regime autocrátic­o impor a exploração da massa trabalhado­ra para beneficiar uma pequena elite;

• Ao facto da existência duma promiscuid­ade terrível entre o poder político e o poder económico;

• Ao facto do Executivo escusar-se de reunir o Conselho de Concertaçã­o Social para acordo entre as partes (Governo, Empresas, Sindicatos) para definir o salário a inscrever no OGE.

4. O BD reitera assim a defesa dos interesses dos trabalhado­res, o apoio à greve e coloca à disposição das centrais sindicais toda sua massa militante para fazer força à iniciativa de paralisaçã­o total.»

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola