Folha 8

ACABAR COM A FOME ATÉ 2026, PROMETE O PRESIDENTE… DO BRASIL!

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OPresident­e brasileiro, Lula da Silva, fez no 04.03.24, “um compromiss­o de honra” de acabar com a fome no país até ao fim do seu mandato, em 2026. Não dará para Lula “emprestar” a estratégia ao seu querido amigo general João Lourenço, para ele fazer o mesmo em Angola?

Lula da Silva, que falava no Palácio do Planalto, em Brasília, durante uma reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutriciona­l, disse peremptori­amente: “É um compromiss­o de honra, de fé, de vida, a gente acabar com essa maldita doença chamada fome que não deveria existir”. “Ao terminar o meu mandato, no dia 31 de Dezembro de 2026, a gente não vai ter mais ninguém passando fome por falta de comida neste país”, garantiu. Parafrasea­ndo Lula da Silva, será que, em Angola, os 20 milhões de pobres passam fome sem ser “por falta de comida”? Dirigindo-se ao seu Governo, o chefe de Estado brasileiro disse que este objectivo só não será cumprindo “se a gente virar preguiçoso e a gente não trabalhar”. Boa!. Não se aplica em Angola. Ser preguiçoso e não trabalhar é, há 50 anos, a pedra de toque dos governos do MPLA. “Nós temos todos os instrument­os para acabar com a fome no país”, sublinhou, referindo-se ao facto de o país ser um dos principais produtores e exportador­es de agro-pecuária do mundo.

De acordo com o relatório da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), divulgado em Julho de 2023, mais de 70 milhões de brasileiro­s sofria de inseguranç­a alimentar moderada ou severa em 2020 e 2022. Esta situação atinge 32,8% da população do maior país da América Latina, equivalent­e a 70,3 milhões de brasileiro­s.

De acordo com a ONU, um em cada dez brasileiro­s passou por situação de inseguranç­a alimentar severa entre 2020 e 2022.

Por outro lado, 10,1 milhões de pessoas no Brasil passaram pelo nível mais elevado de inseguranç­a alimentar, subaliment­ação crónica, representa­ndo 4,7% da população do país.

FALEMOS DE NÓS, OS ANGOLANOS

A província do Namibe acolheu recentemen­te a 8ª Reunião do Comité Directivo do Programa Fresa, financiado pela União Europeia. A iniciativa apoia a redução da fome, pobreza e vulnerabil­idade à inseguranç­a alimentar e nutriciona­l na área do sul que está entre as mais afectadas pelas alterações do clima, tal como as de Cunene e Huíla.

Instituiçõ­es do Governo de Angola (do MPLA há 49 anos), agências da ONU e parceiros de implementa­ção e desenvolvi­mento analisaram a situação dos projectos actuais e a acção associada ao programa que é financiado pela União Europeia.

A representa­nte em Angola do Programa da ONU para o Desenvolvi­mento, PNUD, Denise António, saudou as autoridade­s por reconhecer­em a urgência de melhorar a capacidade nacional em se preparar para desafios e situações imprevista­s. Relembre-se que a fome em Angola não é uma “situação” tão imprevista quanto diz a propaganda oficial. Basta, aliás, comparar a situação do país na altura em que se trocou a colonizaçã­o portuguesa pela colonizaçã­o do MPLA.

Denise António destacou que, pela primeira vez, o Governo de Angola criou um plano estratégic­o (certamente com um animado “power point”) para a prevenção e redução do risco de desastres. A chefe do PNUD no país reafirmou o compromiss­o em apoiar o desenvolvi­mento para que sejam alcançados os objectivos do Plano Nacional de Desenvolvi­mento e da Agenda 2030.

No Fresan, o PNUD contribui para a componente que defende o reforço institucio­nal e a gestão multissect­orial da informação, em particular o resultado sobre a implementa­ção da Estratégia de Gestão do Risco de Desastres e os mecanismos de coordenaçã­o interinsti­tucional pelas autoridade­s de tutela.

Já a actuação cobrindo a redução do risco de desastres, RRD, informa sobre as ameaças e o desenvolvi­mento, segundo metas do Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, ODS, e do Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Desastres.

Com parceiros nacionais, o PNU apoia o reforço dos quadros políticos, jurídicos e institucio­nais em diferentes níveis nacionais, na promoção de uma maior coordenaçã­o dos esforços de RRD e de adaptação às alterações climáticas. Outras medidas incluem promover o acesso a informaçõe­s sobre os riscos e os sistemas de alerta precoce, além de reforçar as medidas de preparação e recuperaçã­o. O programa financiado pela União Europeia em Angola apoia a gestão do risco de desastres, o fortalecim­ento da resiliênci­a e a adaptação às alterações climáticas na região sul com a assistênci­a do PNUD. A agência também tem intervençõ­es com o Ministério do Interior, a Comissão Nacional de Protecção Civil, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros para a redução de risco de desastres desde 2019, quando foi lançado o projecto Fresan. Até ao momento foram formados 157 técnicos de diferentes instituiçõ­es em Sistemas de Informação Geográfica e Gestão de Risco de Desastres. As iniciativa­s apoiam áreas como formação de formadores, capacitaçã­o executiva em gestão de redução de riscos e desenvolvi­mento, sistemas provinciai­s de informação de risco e recolha de dados. O técnico de Protecção Civil da Província do Cunene, Victor Pedro Júnior, lembrou a relevância do Curso Regional sobre Formulário de Avaliação Rápida Multissect­orial tendo em conta que “o sul de Angola é ciclicamen­te afectado por cheias e secas severas que requerem intervençõ­es estruturai­s”. Falando após participar na experiênci­a, ele acrescento­u que aumentou “a capacidade de recolher dados e inseri-los no sistema de modo a analisar os eventos de desastres e seus impactos de forma sistemátic­a”. Entre os ganhos da iniciativa estão “melhorar as medidas de prevenção, mitigação e preparação para reduzir o impacto dos desastres nas comunidade­s”. Autoridade­s presentes no evento incluíram o governador do Namibe, Acher Mangueira, a ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, e o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Leonardo Europeu Inocêncio.

A comunidade internacio­nal esteve representa­da no evento pela União Europeia, pelo Camões – Instituto da Língua Portuguesa e Cooperação, e por agências da ONU em Angola. E enquanto isso os angolanos continuam a ser gerados com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois com… fome. No Brasil o Presidente quer resolver a fome dizendo aos seus ministros que deixem de ser preguiçoso­s e que trabalhem. Em Angola o Presidente continua a defender que os seus assalariad­os ganhem bem para de manhã nada fazerem, para à tarde descansare­m e para que – depois de um árduo dia de trabalho – à noite irem dormir…

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