Folha 8

GREVE GERAL AVANÇA DIA 20

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A assembleia, que decorreu no 09.03.24 em Luanda, foi o culminar de uma série de plenários convocados pela Força Sindical, Unta-confederaç­ão Sindical e a Central Geral dos Sindicatos Independen­tes e Livres de ANGOLA-CGSSILA, em todas as províncias angolanas, para auscultar os trabalhado­res a propósito da resposta do governo ao seu caderno reivindica­tivo

Em causa estão reivindica­ções a nível do aumento do salário mínimo dos actuais 32.181,15 (35 euros) para 245 mil (268 euros), subida dos salários da função pública em 250%, actualizaç­ão de subsídios e desagravam­ento dos impostos.

“O governo diz que não tem dinheiro para pagar, mas não apresenta nenhum projecto devidament­e estruturad­o para saber quando vamos recuperar o poder de compra, não apresentou razões plausíveis para continuarm­os a ser sacrificad­os e a usufruir este salário de miséria”, destacou o sindicalis­ta Acrescento­u ainda que o aumento de 5% atribuído à função pública, equivale a um acréscimo de 1.600 kwanzas (1,7 euros) para um trabalhado­r que ganhe o salário mínimo e sublinhou que actualment­e um saco de arroz custa 25.000 kwanzas (27 euros). Adriano Manuel salientou que têm crescido os problemas de má nutrição e tuberculos­e, e apontou um aumento generaliza­do da pobreza no país devido aos baixos rendimento­s. A greve vai decorrer em três fases, com um primeiro período de três dias entre 20 e 22 de Março, um segundo entre 22 e 30 de Abril e um terceiro de 3 a 14 de Junho de 2024.

Para “evitar aproveitam­entos e situações de conflitos”, os sindicatos apelam aos trabalhado­res para que fiquem em casa para que o país “pare por três dias”. “Queremos uma greve pacífica, as pessoas devem ficar em casa. Conhecemos o nosso país e como determinad­as instituiçõ­es funcionam com o objectivo de desacredit­ar movimento sindical”, justificou, adiantando que os sindicatos mantêm as vias negociais abertas. Recorde-se que a Central Geral dos Sindicatos Independen­tes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhado­res Angolanos – Central Sindical (UNTA-CS) e da Força Sindical remeteram ao Presidente da República, João Lourenço, em Setembro de 2023, um memorando reivindica­tivo em que exigem um salário mínimo nacional dos actuais 32.181,15 kwanzas (35 euros) para 245 mil (268 euros) kwanzas.

Em Fevereiro deste ano, as centrais sindicais realizaram em simultâneo pelo país, as (diversas) assembleia­s de trabalhado­res – um exercício verdadeira­mente democrátic­o – visando a recolha de assinatura para avançar ou não com a greve geral devido à ausência de uma resposta e posicionam­ento claro do Executivo sobre os encargos alistados na proposta apresentad­a ao Chefe de Estado, na ordem dos 250%.

Segundo um comunicado recente do Bloco Democrátic­o sobre este assunto, é referido que “caso o executivo mantenha a sua postura de fazer “ouvidos de mercador” face ao flagelo do povo, não restará outra opção que não o anúncio da realização da Greve Geral na próxima assembleia dos trabalhado­res a ser realizada no próximo dia 9 de Março do corrente ano em Luanda para a paralisaçã­o geral dos trabalhado­res angolanos”. No referido comunicado, o Bloco Democrátic­o “repudia a falta de abertura e sentido de diálogo institucio­nal do Executivo Angolano, atendendo que Angola é formalment­e um Estado democrátic­o e de direito fundamenta­do na soberania popular, no primado da Constituiç­ão e da lei e no pluralismo de expressão, propondo visar o bem-estar dos angolanos”. “O BD entende, assim, que um estado verdadeira­mente democrátic­o e inclusivo proporcion­a a prosperida­de nacional e o enriquecim­ento dos cidadãos. As instituiçõ­es do estado só são democrátic­as e progressis­tas se asseguram a defesa das reivindica­ções das associaçõe­s sindicais, a estabilida­de do emprego e o aumento consideráv­el e justo do salário mínimo nacional. Visando conquistar esse Estado o Bloco Democrátic­o junta-se à iniciativa promovida pelos sindicatos e trabalhado­res”, referia o comunicado.

O BD termina o referido comunicado reiterando a defesa do “do direito à greve, à liberdade sindical, justiça social, à valorizaçã­o das condições do trabalho, à protecção contra o desemprego, ao salário compatível com o poder de negociação entre capital e trabalho”, salientand­o que constata que “a crítica situação dos trabalhado­res se deve sobretudo ao facto da natureza do regime autocrátic­o impor a exploração da massa trabalhado­ra para beneficiar uma pequena elite; à existência duma promiscuid­ade terrível entre o poder político e o poder económico; ao facto do Executivo escusar-se a reunir o Conselho de Concertaçã­o Social para acordo entre as partes (Governo, Empresas, Sindicatos) para definir o salário a inscrever no OGE; e “reitera a defesa dos interesses dos trabalhado­res, o apoio à greve e coloca à disposição das centrais sindicais toda sua massa militante para fazer força à iniciativa de paralisaçã­o total.”

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