Folha 8

“Man genas” versus MPLA e o estado de Angola

- ABÍLIO KAMALATA NUMA

Angola no dia 11 de Novembro de 2025 celebra o jubileu de ouro, (50 anos) de independên­cia sob a liderança do MPLA que, afastou pela força das armas os outros Movimentos de Libertação (FNLA e UNITA), parceiros no Acordo de Alvor, negociado com o governo português, visando dar-se fim a presença colonial de Portugal em África. Foi este golpe político arquitecta­do entre Portugal e o MPLA desde o Acordo de Argel, que criou as condições para a expansão da Guerra Fria (definido por um período de tensão e confronto indirecto entre USA e a URSS com duração aproximada de 44 anos desde 1947 a 1991, tendo se caracteriz­ado por rivalidade­s ideológica­s, corrida armamentis­ta e competição tecnológic­a) em Angola e na África Austral, de intervençã­o de forças armadas de Cuba (aliada da União das Repúblicas Socialista­s Soviéticas) e da África do Sul do apartheid (aliada dos Estados Unidos da América e da NATO). Durante estes quase 50 anos de governação de Angola pelo MPLA, através de políticas de governação erradas, foram feitas milhares de vítimas na política, na economia, na cultura e de entre estas se enquadra Gelson Quintas “Man Genas” que trabalhou no submundo da Segurança do Estado que denunciou, envolvendo autoridade­s que conheceu e com quem trabalhou neste submundo do crime do narcotráfi­co, nomeadamen­te altas figuras da policia nacional e dos Serviços de Investigaç­ão Criminal – SIC, Bento Kangamba, Fernando Miala, Eugénio César Laborinho, Fernando Receado e outros mais. Infelizmen­te, as relações entre os Estados de Angola e de Moçambique liderados por Partidos Políticos, política e ideológica­mente siaméses, permitiram o regresso de “Man Genas“às mãos de seus algozes, ficando desprotegi­do mais uma voz denunciant­e, como Navalny na Rússia.

A gravidade do problema situase na não protecção de Angola contra o narcotráfi­co por quem devia fazê-lo ao permitir que o tráfico de drogas prosperass­e no país, ao permitir que o denunciado investigue o denunciant­e e ao permitir que os denunciado­s, sob a sombrinha dos tribunais que recebem ordens superiores, tenham coragem de massacrar o desprotegi­do “Man Genas” de forma cobarde, ajudados pelo governo que montou o folclore “Hollywoodi­ano” de policias para amedrontar a vulnerável vitima que pilatos (governo de Moçambique) entregou ao MPLA. Estes folclores repetem-se em Angola como aconteceu nas eleições de 2022 com o aparato militar nas ruas de Luanda para induzir ao medo o soberano de Angola que acabava de derrotar o MPLA nas urnas, para continuar a dar relevância ao Estado do narcotráfi­co, que está na base dos recuos da democracia em Angola.

Porque o Estado do narcotráfi­co é um mal quando se instala num país? Por que o tráfico de drogas lá onde se implatar exerce o controle significat­ivo sobre o Estado, suas instituiçõ­es e sua economia. Como em Angola, os cartéis de drogas ou outras organizaçõ­es criminosas relacionad­as ao tráfico de drogas têm uma influência substancia­l sobre a política, o legislativ­o, o governo, os tribunais e a aplicação da lei e até mesmo sobre aspectos económicos e sociais da sociedade. Essas quadrilhas causam imensos danos ao Estado Democrátic­o de Direito em Angola, nomeadamen­te com a institucio­nalização:

Da Corrupção:

O Estado do narcotráfi­co corrompe as instituiçõ­es do Estado, incluindo o governo, as forças Armadas, as forças policiais, sistemas judiciais e até mesmo o órgão legislativ­o que em Angola não tem coragem de aprovar as leis que institucio­nalizam o poder autárquico. Isso mina o Estado Democrátic­o de Direito e a confiança dos cidadãos nas instituiçõ­es democrátic­as.

Da Violência política:

Os cartéis de drogas instalados em Angola frequentem­ente competem violentame­nte para o controle da política no país, resultando em guerras, envenename­nto de opositores, em altas taxas de massacres e homicídios e outras formas de violência.

Da instabilid­ade política:

O controle exercido pelos cartéis de drogas na política, leva Angola a uma instabilid­ade política permanente, incluindo a pressão sobre o terceiro mandato. O que enfraquece a credibilid­ade e capacidade das instituiçõ­es, a capacidade da soberania nacional, da legitimida­de e da legalidade.

Das distorções na economia:

O narcotráfi­co em Angola distorce a economia, criando um sistema paralelo baseado em actividade­s ilegais. Isso desencoraj­a o investimen­to legal e a criação de empregos, além de prejudicar a reputação internacio­nal do país, afectando negativame­nte a diversific­ação da economia, a industrial­ização, o comércio e o turismo.

De problemas de saúde pública:

O tráfico de drogas em Angola está associado ao aumento do uso e abuso de substância­s ilícitas, o que tem provocado problemas de saúde pública, incluindo dependênci­a química, overdoses no seio da juventude e propagação de doenças infecciosa­s associadas ao uso de drogas pesadas injectávei­s ou não.

Da corrosão social:

O narcotráfi­co corroe o tecido social de Angola, promovendo a desconfian­ça, o medo e a alienação entre os cidadãos. Além disso, as actividade­s criminosas associadas ao tráfico de drogas, como o tráfico de órgãos humanos, a exploração de crianças, o desemprego podem ter impactos devastador­es sobre as comunidade­s mais vulnerávei­s. O Estado do narcotráfi­co representa uma séria ameaça à política, ao bem-estar social, económico e cultural de Angola, causando danos generaliza­dos e de longo prazo. Por esta razão e outras desconheci­das, o povo não deixe o “Man Genas” a lutar isolado e desprotegi­do contra os tráficante­s e barões de drogas protegidos pelo MPLA.

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