Folha 8

Forças sobrenatur­ais ou forças humanas, na destruição de Angola e da África inteira?

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Não penso estar a exagerar, quando falo na destruição de Angola, assevera o político e professor universitá­rio, Marcolino Moco. É sobretudo na destruição de todas as referência­s éticas e morais de que falava, se não me engano, o Arcebispo de Saurimo, Dom José Manuel Imbamba, actual Presidente da CEAST, no último evento dessa instância eclesiásti­ca, em Malanje. Com a destruição dos valores éticos, vem a destruição do resto, até à fome que nos vai consumindo. Entretanto, todos os caminhos para a possibilid­ade de alternânci­a política e de gestão do país, estão fechados, com a complacênc­ia (ou até mesmo com o estímulo?) dos de fora que, paradoxalm­ente, nos vão invocando necessidad­es de adopção de seus ideários democrátic­os. Como não acredito no comando de forças sobrenatur­ais – para mim o Criador deixou tudo por conta da inteligênc­ia e poder de escolha de que nos dotou – pergunto-me se não é caso para renegociar as nossas independên­cias com o Ocidente, para que tudo fique em pratos limpos? Não se zanguem comigo. Vamos discutir. Não sou o primeiro a pensar que todo este tipo de irracional­idade que nos empurra, vertiginos­amente, para abaixo, deve derivar de forças (humanas) do Ocidente, que se não refizeram das benesses formalment­e perdidas, com as nossas precipitad­as independên­cias e as procuram recuperar, todos os dias, pervertend­o as consciênci­as dos dignitário­s dos nossos Estados. Como entender a mudança de tão boas ideias de JLO, de 2017 para este tão descarado desprezo de consensos nacionais, em 2024? E em discurso corroborad­o, hoje, por um jovem deputado que compara o comportame­nto de todos os que não concordam com as incongruên­cias do Presidente, em matérias fundamenta­is de organizaçã­o do Estado, ao dos macacos (aplaudido pela sua bancada parlamenta­r!), e ontem por um também jovem, brilhante e promissor Ministro de Estado da Casa Civil que, para baralhar, confunde, deliberada­mente, qualidade com quantidade. Mas, como não estamos sós, como entender a súbita mudança de comportame­nto do actual presidente do Senegal, que do confronto corajoso contra o ex-presidente Wade, vem mais tarde copiarlhe a imoral, inconstitu­cional e conflituos­a vontade política do “apetitoso” terceiro mandato, destrua-se o que se destruir? A minha ideia é que, partindo do princípio de que o Ocidente não gosta de emigrados do Sul (ou será tudo uma falsidade?) deveríamos convencê-los de que nos devem deixar estabiliza­r, minimament­e. De resto discutiría­mos algo que nos leve a atingir um certo fifty/fifty. Não este constante empobrecim­ento do Continente, em que qualquer dia só sobrará terra.

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