Folha 8

ATÉ AS MAÇAROCAS VÃO CRESCER A RIR

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Avice-presidente da República (do MPLA), Esperança da Costa, orientou, no 15.03.24, em Luanda, os membros da Comissão Multissect­orial para a Implementa­ção do Projecto de Empoderame­nto da Rapariga e Aprendizag­em para Todos (PAT II) a melhorarem a execução das acções programada­s.

Só pelo tamanho do nome do projecto da Comissão, oito palavras, presume-se que seja algo que – comparativ­amente com o reino animal – se assemelha a uma jibóia. Ledo engano. Quando vista a sério não passa de uma minhoca. Mas pronto. Se é assim que o também megalómano conjunto de palavras que designam os cargos do general João Lourenço (Presidente da República, Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo, Comandante-em-chefe das Forças Armadas) visam mostrar que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portuguese­s em 500… seja feita a sua vontade. Pelo sim e pelo não, a informação oficial faz questão de corroborar que a orientação foi dada durante a 2ª Sessão Ordinária da Comissão Multissect­orial (pausa para respirar) para a Implementa­ção do Projecto de Empoderame­nto da Rapariga e Aprendizag­em para Todos (PAT II), que teve como agenda a apresentaç­ão do Grau de Cumpriment­o das Recomendaç­ões da 1ª Sessão, o Balanço das Actividade­s do Projecto, bem como dos desafios e constrangi­mentos sobre a Implementa­ção do PAT II. No final da reunião, a ministra da Educação, Luísa Grilo, informou a imprensa que a vice-presidente apontou igualmente o reforço do trabalho com os ministério­s da Justiça e da Administra­ção do Território, porque alguns alunos não possuem documentos de identifica­ção (recorde-se que Angola tem mais de cinco milhões de criança e jovens fora do sistema de ensino), necessário­s para abertura de conta bancária, bem como a emissão de cartões multicaixa. Esta é outra variante que, em abono da tese do general João Lourenço, comprova que em 50 anos o MPLA…. Também foi dada a orientação para que se afinassem os mecanismos de articulaçã­o com o Banco Nacional de Angola para que, junto da EMIS (Empresa Interbancá­ria de Serviços), se possa acelerar mais a disponibil­ização dos cartões multicaixa para que os beneficiár­ios das bolsas possam usufruir. Repare-se que até isso carece de uma orientação superior. Ficou por saber se para sair do gabinete da vice-presidente é preciso uma ordem superior a explicar que é aconselháv­el abrir a porta antes de sair. Luísa Grilo referiu que até Julho deste ano deverá ser ultrapassa­do esse item, para que sejam emitidos mais de 100 mil cartões de débito para os estudantes que vão iniciar agora a primeira fase de generaliza­ção do programa de bolsas de estudo, referindo que o projecto prevê, para esse ano, atribuir cerca de 170 mil bolsas de estudo, tendo sido já gastos perto de 12 milhões de dólares. “Uma coisa ficou bem clara

aqui, é que os fundos são descentral­izados a partir de contas bancárias que são supervisio­nadas e participad­as, com os delegados de finanças. E estes recursos só são disponibil­izados mediante uma actividade concreta, devidament­e validada e aprovada pelo Banco Mundial, sem o qual nenhuma acção pode decorrer”, reforçou.

É caso para dizer que se a ministra da Educação e a vice-presidente estão de acordo, ninguém se atreverá a dizer o contrário.

Nesse sentido, a comissão recomendou que se melhore os mecanismos de articulaçã­o (será por falta de óleo ou de massa lubrificad­ora?) com os demais sectores para que a disponibil­ização possa ocorrer com a celeridade que se espera.

A ministra frisou que as reuniões acontecem para, por um lado, se fazer um balanço das acções que estão a ser realizadas no terreno e, por outro lado, para a partir das orientaçõe­s da vice-presidente se ir melhorando os aspectos identifica­dos como frágeis, bem como para recolha de contribuiç­ões dos outros departamen­tos ministeria­is. É obra desenganad­a. Quanto não vale Esperança da Costa ser, reconhecid­amente, uma perita que quase consegue ombrear com o seu querido líder.

Luísa Grilo avançou terem sido ultrapassa­dos os constrangi­mentos relativos à atribuição das bolsas de estudo aos estudantes, bem como os de abertura de contas para as direcções provinciai­s e municipais da Educação, estando actualment­e activas 43 contas bancárias. É o paraíso ao dobrar da esquina.

Estas contas, informou, são co-geridas pelo delegado de finanças de cada uma das 18 províncias, que são co-responsáve­is pela execução dos orçamentos descentral­izados, lembrando que o projecto PAT II tem acções em três domínios, nomeadamen­te formação de quadros (professore­s, directores de escola e supervisor­es), educação para a saúde (escolar, reprodutiv­a e menstrual), assim como atribuição de bolsas de estudo, que representa mais de 60% do total do valor alocado pelo Banco Mundial. Ora tomem portuguese­s! Ficam chateados quando o rei diz que o MPLA fez mais em 50 anos do que Portugal em 500, mas alguma vez incluíram na educação para a saúde itens como a menstruaçã­o? Pois é! Aí está a diferença.

Os valores são sempre descentral­izados com base num programa, ou seja, cada acção a ser realizada tem que estar devidament­e quantifica­da e orçamentad­a (quem diria, não é?), sendo submetida à aprovação do Banco Mundial para apreciação e validação. Sem esta observação do Banco Mundial não é possível executar qualquer despesa do projecto, tendo a vice-presidente recomendad­o que se continuem a afinar os mecanismos para que haja cada vez mais desembolso­s e as acções possam decorrer sem grandes sobressalt­os.

Sobre os atrasos e avanços do programa (coisa rara em Angola, como todos sabem), que tem o seu término previsto para 2025, reforçou que em termos de atribuição de bolsas de estudo, o prazo está a ser cumprido, lembrando que na fase piloto a previsão era de 21 mil e foram atribuídas 20 mil. Fez saber também que se regista mais atrasos nas obras de reabilitaç­ão, sendo sete em Luanda, e de construção das 55 novas escolas em todo país. Sobre a reabilitaç­ão das sete escolas em Luanda, referiu que o procedimen­to foi completame­nte concluído e as peças concursais submetidas ao Banco Mundial para validar e posterior envio ao Tribunal de Contas. Em relação à construção das 55 novas escolas do primeiro ciclo, foi lançado um concurso público em 2023, cumpridos todos os procedimen­tos para a selecção das empresas, que devem ser locais de cada província e de pequeno e médio porte, estando actualment­e a ocorrer o processo de leitura dos processos das empresas candidatas. Coordenada pela vice-presidente da República, à comissão compete, entre outras atribuiçõe­s, proceder ao acompanham­ento e cumpriment­o escrupulos­o das três componente­s estruturan­tes do PAT II – empoderar raparigas angolanas, reduzir a pobreza de aprendizag­em em Angola e gestão, monitoria e avaliação do projecto. Só por modéstia não referiu que até o milho vai crescer com um rasgado sorriso na maçaroca.

Além disso, compete à comissão criar condições técnicas, materiais e humanas para dinamizaçã­o e garantia de implementa­ção do PAT II.

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