Folha 8

QUE SÓ ANGOLA COMEMORA

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De uns anos a esta parte, os governante­s angolanos e a imprensa pública ao serviço do regime têm afirmado, alto e bom som, que o “23 de Março é o Dia da Libertação da África Austral”, na sequência da célebre batalha do Cuito Cuanavale, em que o poderoso exército sul-africano teria sido derrotado. Todos os anos, Angola tem assinalado a data como Feriado, a imprensa dedicado largos espaços à efeméride e o Executivo promovido acções, que incluem romarias ao local onde se desenrolar­am os violentos combates que envolveram os distintos exércitos, nomeadamen­te angolano, sul-africano, cubano e as forças militares da UNITA. De igual modo, gastam-se anualmente rios de dinheiro para as celebraçõe­s da data e, alguns sectores afectos aos círculos do poder já chegaram a congeminar a ideia de fazer do Cuito Cuanavale Património Mundial da Humanidade.

De forma a imortaliza­r o feito e alimentar o seu ego, Luanda havia apresentad­o uma proposta no sentido dos 16 países membros da SADC para que fizessem da data o «Dia da Libertação da África Austral».

Por razões que só cabem a cada Estado explicar, o facto é que Angola é o único país do bloco regional que fez da data feriado. Significa que a proposta de Angola, embora tivesse sido acolhida politicame­nte, não teve respaldo ao nível dos Parlamento­s dos distintos países.

Na Namíbia, na África do Sul e no Zimbabwe, onde Angola dizia que estava a “continuaçã­o da nossa luta”, que lhes levaria à independên­cia, o “23 de Março” não representa para eles o “Dia da Libertação da África Austral”. Por cá, a máquina de propaganda não se cansa de enaltecer até à exaustão a data, afirmando descaradam­ente que o “23 de Março é um feriado regional”, quando, na realidade, Angola é o único país que consagrou a data.

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