POR UMA POLÍTICA CULTURAL PÚBLICA
são simplesmente invenções da indústria cultural que recorrem à padronização/massi icação, visando apenas ao lucro. Ou ainda servem a interesses populistas e dominantes.
Neste sentido, uma Política Cultural Pública deve incentivar e provocar a auto- organização dos sectores culturais, a fim de que a produção cultural não fique sujeita aos interesses do Estado e/ ou iniciativa privada, contribuindo para que a pluralidade cultural que compõe o município assuma o destino de suas práticas, não abdicando de sua herança ancestral, nem do direito à invenção. Essa política deve ainda resgatar a memória cultural do povo, preservar a sua identidade e estimular o intercâmbio dentro e fora do país.
É preciso romper com a lógica privatista, onde o poder público procura se desenvencilhar de sua função social. A inal de contas porque pagamos impostos, a serviço de que e de quem deve estar o Estado? É fundamental e urgente cobrar dos gestores da coisa pública a responsabilidade perante as necessidades culturais da cidade, que leve em consideração os artistas, os produtores culturais e a população.
Por im, uma Política Cultural Públi- ca deve estimular a produção e possibilitar o acesso aos bens culturais sem privilégio de qualquer espécie e contribuir para a efectiva construção da cidadania, onde sujeitos críticos — verdadeiros fazedores da história — tomem em suas mãos o controle das práticas culturais.
Em tempos neoliberais, de endeusamento do mercado, de exacerbado culto ao individualismo, de selvagem competitividade e egoísmo nunca foi tão importante valorizar a cultura como identidade genuína de um povo e da nação. Pois a acção cultural pode propiciar espaços que resgatem, preservem e criem novos vínculos de solidariedade, em que o ser humano se sobreponha a todas as coisas.