NA PELE DE UM MONA A NGAMBNGAMBA
BARROS NETO
Em Nzaji,zaji, o Último Contratado,C Barros Neto vestee a pele de um mona a ngamba, em virtudetude da sua hipersensibilidade peranteper o sofrimento humano.
Uma boa estória é aquela que resulta da hipersensibilidade do escritor perante o sofrimento humano. É o caso de Nzaji, o Último Contratado, em que Domingos de Barros Neto veste a pele de um mona a ngamba (contratado).
Desde Sombras do Passado, romance também centrado no Dondo, que Barros Neto nos coloca perante situações extremas da vida dos seus personagens principais. Em Nzaji, o último contratado da história colonial de Angola, vemos um ser humano aniquilado pelo próprio destino da submissão, que acaba por morrer de doença, depois de tentar inserir-se na sociedade que antes o escravizara.
Como a irmou António Costa, na apresentação da obra, no passado dia 16 de Novembro, no Palácio de Ferro, “na presente narrativa, Nzaji avulta como a igura prototípica do contratado. Foi arrancado do seu ambiente natural e levado a uma terra distante, onde é obrigado a trabalhar involuntariamente e em condições precárias, como escreve o autor “… saía para a faina, desbravando terrenos, aplanando super ícies acidentadas, plantando laranjeiras, palmeiras, colhendo dendém, sob vigilância do capataz colono, armado de chicote ‘cavalo-marinho’”
A recensão crítica de A. Costa aponta ainda que “Nzaji, o Último Contratado obedece a uma sintaxe de encaixamento (…) Somos confrontados com uma macro-estória que con igura a narrativa primária e que é relativa à vida de Nzaji, mas também com outras micro-estórias, como o relato da vida de Rocha.” Rocha era um assimilado negro, “a quem o colono concede um certo estatuto social”, mas, mesmo assim, não estava imune a certas implicações (…) como a acusação sem culpa formal e a condenação gratuita”. Rocha era senhor de um emprego certo, e “gozou de uma vida relativamente folgado, até ao dia em que foi arrolado como sendo um dos instigadores, no rescaldo da famosa Revolta do Libolo” e desterrado para a Baía dos Tigres
“O estila da obra”, continua A. Costa, “é caracterizado por uma escrita disciplinada, cuidadosamente submetida às leis gramaticais, manifestando o autor uma preocupação na busca de uma denotação plástica da realidade, bem como uma preocupação com a representação detalhada dos factos.”