Jornal Cultura

O QUE CANTARIA LUÍS DE CAMÕES

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O raper Dji Ta inha também forjou, vertendo a sua querida inteligênc­ia em defesa da beldade, o seu talento vocal para criar a música em que narra o episódio da negação do visto à modelo americana. Se pelo assunto Bernice ou pela qualidade, certamente a primeira razão deve ser apontada como a que motivou o sucesso da música, fazendo furor nos meios sociais onde os admiradore­s da musa convivem. A mesmíssima acusação se pode atribuir ao espaço que estas linhas ocupam nesta página, dado que o assunto continua a ser a Bernice, motivo de clicks no Face, Istagram, e outros meios de fama.

Em termos de exposição ísica, quase não há diferença entre Bernice e Nick Minaj. Bem, Nick canta e encanta. Fez-se cantora de rap e R&B. Bernice não: só encanta. Move jeitosamen­te o seu corpo e mais nada, com um pouquinho de olhar imobilizad­or de gueixa, e é esta a receita da sua pro issão milionária. O mundo de hoje está assim, e até ousou em dar-lhe um nome pro issionaliz­ante: modelo. Mas ninguém se admira que daqui a dias apareça a cantar, e a ter sucesso, porque o reboque aos músicos e conquista mediática a favorecem, visto que Bernice chega à boca do mundo através das suas aparições em clips americanos e pela notícia de ter vivido um romance com Drake, estrela pop americana de grande propensão mediática.

Aline Frazão, numa sua crónica no REDEANGOLA, espaço onde ela e Luísa Rogério expressam vários assuntos atinentes à nossa sociedade e catapultam atitudes positivas com sabor feminista, mostrou todo o seu repúdio. Já bem contrário, antes Ta inha questionar­a na música em causa: “Porquê não deram o visto à Bernice”, referindo-se à polémica do fracasso da primeira tentativa de entrada da Bernice, que gerou uma onda de protesto por parte da sociedade e em especial da opinião das mamãs de organizaçõ­es femininas, sempre em prol da decência e dos bons costumes. Nas redes sociais, outras mulheres diziam que a brevíssima estadia da Bernice não podia ser possível porque abalava as certezas dos lares de muitas mulheres luandenses, que viam os seus homens a cobiçarem a latino-americana de um modo tão inconscien­te e indiscreto como nunca antes tinham cobiçado as mulheres com as quais repartem a vida diariament­e, com as quais se izeram homens. Ta inha certamente deu voz aos homens que viram lesado o seu direito de macho-hétero. A fotogra ia é esta: muitos homens desgastam-se a trabalhar para conseguir grandes somas de dinheiros que lhes permita ter acesso a modelos como a Bernice, certamente o limiar do seu sonho hétero.

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