OBRA E PRODUTO
linguagem cinematográ ica, o convencionalismo, a linearidade ou super icialidade e toda linhagem de macetes pré-estabelecidos em consonância com as indicações obtidas.
Nessa conjuntura, o director e a equipe não ultrapassam o nível técnico- profissional, no qual se dirige filme como se guia veículo ou se pilota avião. Nada, pois, de pessoal, próprio, criativo, apenas restrito ao conhecimento indispensável à utilização e funcionamento da parafernália técnica respectiva. * Quando o propósito é artístico e cultural, ocorre total inversão das e nas disposições e posições acima relacionadas, conquanto também seja imprescindível conhecer e dominar os meios técnicos necessários à ilmagem.
O ilme, nessa hipótese, perfaz não mero objecto descartável, mas, obra autoral, aliando inventividade ou pelo menos perícia formal e substância temática, que, por força de série de circunstâncias, pode até não con igurar arte ou pelo menos não atingir seus maiores patamares, por dependentes de aptidão, talento, esforço, informação e consciência artística, além de persistente e exaustiva elaboração.
Nesse caso, a temática e seu conteúdo não visam agradar ao público, mas, ao contrário, externar estética e criticamente visão pessoal do mundo, pressupondo criatividade e elaboração formal, análise e questionamento dos fundamentos e organização da sociedade e do comportamento colecti- vo e individual dos seres humanos. O produto procura manipular o sentimento e a emoção. A obra destina-se à inteligência e à sensibilidade.