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UM É BOM. DOIS É DEMAIS?

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O fato é que tanto a mulher quanto o homem são livres para seguir o seu rumo, vai da consciênci­a de cada um, a única condição é que devemos estar preparados para as consequênc­ias das nossas escolhas. Essa coisa de “ela é safada”, “ele é garanhão”, não deve ser levada em consideraç­ão, pois, está embasada em julgamento­s discrimina­tórios, ou seja, são ponderaçõe­s sem fundamento, servem, somente, para impor um peso aonde não deve existir, acabam intimidand­o uma camada – que deseja ser independen­te e feliz – privando-a de ser dona do seu próprio nariz.

Outro dia vi na internet umas esquisitic­es sobre sexo. Alguns países têm leis bem estranhas relacionad­as a esse assunto. Dizem por aí que no Bahrain um médico pode legalmente examinar a genitália feminina, mas, ele é proibido de olhar directamen­te para ela durante o exame, ele pode apenas olhar através de um espelho. Em Hong Kong, talvez, em alguma época, não sei, uma mulher traída podia legalmente matar seu marido adúltero, mas, devia fazê- lo apenas com suas mãos. Em contrapart­ida, a mulher adúltera podia ser morta de qualquer outra maneira pelo marido.

No Brasil, a mulher que faz sexo com vários parceiros é considerad­a uma Gallus gallus domesticus, mais conhecida como galinha, já o homem que pratica relação sexual com diversas mulheres é tido como garanhão. A única semelhança aí é a primeira sílaba, pois, como sabemos, o conceito de cada uma dessas qualidades – vamos dizer assim – é bem distinto. Felizmente, isso não está na nossa legislação – ou está? É certo que consta nas “leis” criadas pela massa, advindas de pensamento­s generaliza­dos de uma sociedade machista.

Bem, o ginecologi­sta no Bahrain não pode olhar directamen­te para a genitália feminina, porém, nós, mulheres brasileira­s, podemos olhar para a genitália masculina directa e indirectam­ente, ou por WhatSapp, ou Snapchat, etc., inclusive, de qualquer sujeito que escolhermo­s. A questão é que somos taxadas por essa iniciativa. Mas, será que isso realmente importa? Considerem­os o caso surreal de Hong Kong: a mulher traída pode matar o marido, porém, usando apenas as mãos. Imagina uma chinesinha miúda, com seu corpinho frágil, tentando matar uma pessoa usando só a sua força ou seu Kung Fu? Já, o marido, pelo o que eu entendi, pode usar uma serra-eléctrica, uma faca, um taco de beisebol, uma arma de fogo, qualquer coisa que ele queira para dar fim à vida de sua linda esposa adúltera. É isso mesmo?

Voltando ao nosso contexto, a realidade nos mostra que o homem é dispensado de ser julgado pelo seu comportame­nto sexual, entretanto, a mulher é constantem­ente avaliada e tudo o que ela izer em termos sexuais vai ser analisado e, muito provavelme­nte, ela não vai gostar dos resultados dessa análise. É assim, a nossa sociedade idealiza regras, denominaçõ­es e conceitos próprios que acabam criando barreiras. Ora, se uma mulher quer ter vários parceiros que tenha. Por que eu devo apontar o dedo para ela dandolhe um título pejorativo? Ah! Porque eu aprendi na igreja que não devemos sair por aí praticando sexo com todo mundo. Quem não deve fazer isso? O homem? A mulher? Segundo as regras religiosas as quais eu cresci ouvindo, ambos não devem sair por aí sassarican­do. Entretanto, não é bem assim que funciona. O macho não leva nenhuma punição quando “pega” várias gurias, ele é encarado como algo do tipo “esse é o cara”, enquanto que a mulher vira uma pecadora se se relaciona com parceiros variados.

O fato é que tanto a mulher quanto o homem são livres para seguir o seu rumo, vai da consciênci­a de cada um, a única condição é que devemos estar preparados para as consequênc­ias das nossas escolhas. Essa coisa de “ela é safada”, “ele é garanhão”, não deve ser levada em consideraç­ão, pois, está embasada em julgamento­s discrimina­tórios, ou seja, são ponderaçõe­s sem fundamento, servem, somente, para impor um peso aonde não deve existir, acabam intimidand­o uma camada – que deseja ser independen­te e feliz – privando-a de ser dona do seu próprio nariz. Como todos nós sabemos, existe uma coisa chamada livre-arbítrio. O livrearbít­rio é pregado nas igrejas, até com certa frequência, e eu considero um tema de extrema importânci­a, mas, as religiões fazem mal-uso desse assunto. Para a maioria dos religiosos o livre-arbítrio é aquele que está pautado em seus próprios conceitos, ou seja, onde ica a liberdade de escolha? Obviamente se eu tenho que seguir consideraç­ões de determinad­o culto estou presa a algo que talvez não faça parte daquilo que eu realmente queira para minha vida, nem preciso dizer que o livre-arbítrio aí foi pra cucuia. O que as pessoas precisam entender, é que o julgamento Divino está nas mãos de ninguém mais do que o próprio Divino. Aliás, que eu saiba, foi Ele quem sancionou o livre-arbítrio. E eu tenho certeza de que Ele não sai por aí xingando as pessoas por causa do seu comportame­nto, pelo contrário, o que é pregado nesse mundão de Deus, é que Deus é Amor. Não é isso?

Pra dizer a verdade, eu tenho a impressão de que quem ica nomeando as pessoas pelas suas atitudes é porque, no fundo, tem alguma pendência consigo mesmo, então, aponta o dedo para outro para camu lar seus próprios perrengues. Por isso, não vale à pena se sentir ofendido. O que devemos fazer é seguir o nosso caminho, é ser a gente mesmo. Cada um faz o que quer da vida. Cada pessoa arca com as consequênc­ias do caminho que escolheu. Se o outro elegeu se relacionar sexualment­e com várias pessoas, é isso aí. Sejamos francos, o que eu tenho com isso? Portanto, sinceramen­te eu acho que a gente deve mesmo é cuidar das nossas próprias vidas e dar uma banana pra essa babaquice de “Ela é isso, ela é aquilo. Ele é isso, ele é aquilo.”.

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