Jornal Cultura

INGOMBOTA UMA ANÁLISE TOPONÍMICA

-

Geralmente,, os especialis­tas defendem que o topónimoop­ónimo Ingombota significar­ia “locallocal dos foragidos”. O termo seriaia compos-compos-c toto de “ngômbo” (foragido,foragidoid­o, em kimbûndu) e de “kûta” (esta-eestabelec­er-belecer-se, em kimbûndu).imbûndu).imbûndu). CCom isso, percebe-se porqueque Ingom-Ingom-I botabota foi tido por váriosios autores,aut Ladislau Batalha por exemplo,exemploemp­lo, como “local dos escravosos foragi-fforagidos”dos” (Batalha,talha, 1889:12). Essa é a “Tradição” que chegou atéaté nósnós..

“mercados-chão de nzîmbu e lubôngo” (Dapper, 1685). Razão pelas quais uns são mbûmba, outros são chamados de ndêmbu, há quem são agrupados em Nsôngo, Nzengo, etc.

Por último ngômboque tem o protobantu +omb, relaciona-se com: (1) “comércio; economia; inanças”; (2) “pastoricia; exploração; guerra/vida militar”. Jan Vansina é de opinião que os primeiros reinos em Angola nasceram com uma personalid­ade nkani (nós defendemos que seja nkayi) que é acompanhad­o pelos nkômbi ou ngômbe tidos como chefes militares possuidore­s de riquezas (Vansina, 2015:108).

O termo “kuta” que se junta a Ngombo pode também é discutível, também. Há uma hipótese interessan­te: o nome de “cobre” que os Ndêmbu utilizavam como dinheiro quando se instalaram em Luwânda, depois da Batalha de Mbwîla que equivalia a 30 réis português ainda em 1685.Sabe-se que uma das razões desta Batalha de Mbwîla foi a disputa das minas, pois nesta zona existiriam minas de cobre. Ainda háuma linhagem, entre os Kôngo, que se denomina “Ngômb’e Kuta” que é a rami icação de Mayaka (Cuvelier, 1934). Seria nesse caso receoso limitar a compreensã­o de Ingombota no mosaíco mbundu apenas. A própria anatomia social de Luwânda entre 16681800 apresenta-nos uma divergênci­a “étnica”, pelo facto de ser uma cidade portuária que fornecia imensas peças de qualidade para o Trá ico negreiro.

Na nossa humilde opinião Ingombota signi icaria “Local onde os comerciant­es de dinheiro se instalaram”. Não se tratava de escravizad­os. São nobres senhores!São chefes militares: “Ngômbo kuta” signi icaria – em kimbûndu ou kikôngo antigo – comerciant­es de dinheiro, antes de passar a signi icar “militares foragidos” e não “escravizad­os foragidos”. Rua dos Mercadores terá sido precedida por eles.

Apenas abrimos o debate. Nada mais! _______________

Bibliogra ia

ANTT Inquisição de Lisboa, Processo 2522, fol. 144, Veja o testemunho de Francisco de Medeiros, 4 Junho 1584

BATALHA, L. (1890), Costumes angolenses, Lisboa

CARDOSO, M. (1954), São Paulo de Assumpção de Luanda, Luanda

DAPPER, O. (1668),Naukeurige Beschrijvi­nge der Africa gewesten,Amsterdam

JADIN, L. (1968), “Relations sur le Congo et l'Angola tiréesdes archives de la Compagnie de Jésus, 1621-1631, “Bulletin de l'Institut historique belge de Rome 39

RIBAS, O., (2014), Dicionário de regionalis­mos angolanos, Luanda: FenaCult

VANSINA, J. (2015), Como nascem as Sociedades, Mediapress: Luanda.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola