O FUTURO DE UM REINO DIVIDIDO CONTRA SI MESMO
É fácil compreender a incoerência entre o que Trump tem dito nas suas campanhas eleitorais, na inauguração da sua presidência e depois. Esta incoerência obriga- o a dividir o povo americano e os povos do mundo inteiro, criando assim um forte muro de separação entre americanos e não americanos.
No seu discurso inaugural no dia 20.01.2017, um discurso agressivo e de tom nacionalista, o novo presidente dos Estados Unidos da América do Norte (emseguida: EUA) prometeu fazer coisas incríveis, o mais depressa possível, por exemplo “erradicar completamente o terrorismo islâmico da face da Terra”. Como tudo que o Sr. Trump prometeu fazer, serve para reconstruir América (EUA) e fazê-la outra vez GRANDE, vou tentar desconstruir o seu discurso concentrando-me no que, em meu entender,é o seu ponto mais fraco.
No que se segue quero,por isso, comentar a contradição entre a ética do im ou da meta queTrump quer atingir e a moral do meionecessário para alcançar tal im. Por outras palavras, é um grande paradoxo entre prometer “fazer a América Grande outra vez” (o que pressupõe a união de todos ou da maioria dos americanos) e ao mesmo tempo falar depreciativamente das mulheres, dos afro-americanos, dosemigrantes, dos mexicanos, dos muçulmanos, etc., representando todas estas categorias de pessoas, em conjunto, uma maioria da população americana, sem cuja boa vontadee cooperação ninguém pode fazer a América grande. Porém, em vez de tentar unir todos estes grupos étnicos como o meio adequado de atingir o seu desejado im, Trump violentou a dignidade humana deles e desprezou a sua identidade rácica, religiosa e cultural. Assim Trump contribui para dividir os americanos ainda mais do que estavam antes das campanhas eleitorais e da sua vitória duvidosa. A evidência disto são as muitas demonstrações emvárias cidades norte americanas durante a tomada de posse de Trump no dia 20.01.2017 e no dia seguinte, no mundo inteiro. Qual poderá ser a consequência deste protesto global? Ouçamos as palavras do nosso grande mestre e SALVADOR DO MUNDO, Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a divisão: “Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou ca- sa dividida contra si mesma, não subsistirá” (S. Mateus 12,25). À luz destas palavras não é di ícil conjecturar a futura grandeza destaAmérica dividida e odestino do mundo inteiro. Que Deus tenha a misericórdia da humanidade!
Há uma grande incongruência entre as promessas e as acções deTrump
Um problema fundamental da ética normativa é a relação entre o que dizemos e o que fazemos, entre os nossos pensamentos e as nossas obras ou omissões, entre a consciência do nosso dever ou da nossa obrigação moral e a implementação ou materialização do nosso dever ou obrigação moral que resulta na responsabilidade que temos pelo que fazemos ou deixamos de fazer. É inter aliaum triplo problema: filosófico ou lógico, pragmático e existencial- teológico. Aqui vou tentar descrever estes problemas tão simples quanto me for possível. Como problema lógico, implica que: da descrição do dever ético ou da obrigação moral de um agente moral – chamemo- lo Trump, pode- se logicamente deduzir a responsabilidade deTrump e indicar a acção que ele deve praticar. Mas a nossa experiência nos diz que muitas pessoas professandouma certa religião, exibindo um certo carácter moralou ideológico e falando com uma certa grandiloquência convincente, nem sempre agem de acordo com a sua obrigação moral e, muitas vezes, agem ao contrário, irresponsavelmente. Quando isto acontece com alguém que nos enganou, temos a tendência de dizer, em linguagem popular, infelizmente vemos o rosto mas não o coração das pessoas. Oquerer fazer algo bom mas, de facto, não conseguir fazê-lo é um problema não só para os que estão de fora a observar e avaliar jurídica ou eticamenteo agente moral ( o que pratica uma accão)., como para o agente. É um grande problema para o próprio agente moral. É, do ponto de vistamoral- psicológico, um problema pragmático que pode ser descrito assim: Se o agente moral, aqui Trump, estiver consciente doseu dever ou da sua obrigação moral, se houver coerência entre o que oTrumpdize faz, e se Trump possuir certas virtudes morais como: ser verdadeiro, justo, honesto, franco ou sincero, empático e corajoso, virtudes morais que o motivam a praticar o seu dever ou o bem em geral, então podemos, deuma maneirageral e comgrande probabilidade, predizer as boas acções ou omissões do Trump. Pois, tal predição é possível quando observamos e avaliamos pessoas com alta integridade moral comoGandhi, Nelson Mandela e MadreTereza de Calcutá. Mas o Sr. Trump é diametralmente diferente dessas pessoas.
O terceiro problema da ética normativa que vamos analisaré existencial e teológico, descrito pelo Apóstolo São Paulo da seguinte maneira: “… Porque eu sei que, em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bemque quero, mas,omal que não quero, esse faço.”(Romanos 7, 18-19). (o itálico é meu)
Caracterizar este problemanormativo ético como sendo também existencial, significa que a sua causa é a própria natureza humana e que é universal. Que é também um problema teológico significa que a natureza humana é deficiente em si, sem uma boa relação com Deus através do nosso senhor Jesus Cristo ( Rom. 7, 20- 25).
INCOERÊNCIA
À luz destes três problemas da ética normativa – entre conhecer o bem o praticar o bem – é fácil compreender a incoerência entre oque Trump tem dito nas suas campanhas eleitorais, na inauguração da sua presidência e depois (em 22.01.2017).Falta ver se esta incoerência abarca o que ele vai fazer nos próximos dias e meses. Esta incoerência obriga-o a dividir o povo americano e os povos do mundo inteiro, criando assim um forte muro de separação entre americanos enão americanos. Por isso, em vezde paz cria o ódio, em vez deunião cria a desunião, em vez de justiça, injustiça, e por isso tudo, em vez de tornar a América grande outra vez, poderá torná-la tão pequena como nunca foi.
Finamente convém sublinhar que um povo dividido, sobretudo por razões morais e espirituais ou religiosas, portanto sem um forte ideal superindividual e super regional ou supergrupal, não está preparado a lutar até a última gota de sangue pelo seu país. Os americanos não estão ideológica, moral e politicamente preparados para lutar contra um inimigo forte e unido, religiosa ou ideologicamente (por exemplo jiadistas islâmicos). Por isso,