OBRIGADO, SIMÃO SOUINDOULA
Obrigado, Simão Souindoula, que soubeste, sob a égide da UNESCO, mostrar que nós, africanos, fomos os grandes fazedores não só materiais, mas também culturais da América e da Europa.
Obrigado, Simão Souindoula, incansável e dedicado companheiro das inócuas armas da ensaística histórico-cultural, tu, que foste o primeiro a responder ao nosso apelo de contribuir com uma peça para o número inaugural deste jornal em 2012.
Obrigado, Simão Souindula, irmão de tertúlias e debates, nosso maisvelho conselheiro, dono de um saber alicerçado no rigor da pesquisa e que connosco soubeste partilhar, com as inúmeras colheitas da tua lavra literária aqui dados para alimento dos leitores.
Obrigado, Simão Souindoula: partiste do nosso seio, desde o passado dia 8 de Janeiro (Dia da Cultura Nacional), mas o teu legado permanece gravado nas páginas deste órgão e nas páginas da nossa memória sobre as quais a tua palavra deixou marcas indeléveis.
Obrigado, Simão Souindoula, em nome dos nossos antepassados, os que lutaram e venceram, os que perderam e pereceram e os que arrastaram entre grilhetas a dignidade humana na longa travessia do Atlântico e, depois, numa diáspora gravada a ferro em brasa no dorso e pesada de trabalhos forçados, para recuperá-la no traço da Rota do Escravo, que tu soubeste, sob a égide da UNESCO, tão bem delinear, ao mostrar que nós, africanos, fomos os grandes fazedores não só materiais, mas também culturais da América e da Europa.
Obrigado, Simão Souindoula, a quem dedicamos, em preito de homenagem, estas palavras nós que, como o apóstolo Pedro, não temos ouro nem prata, mas, aquilo que temos, isso te damos, para que a tua alma, perdido o corpo, connosco permaneça.
Obrigado, Simão Souindoula.
Simão Souindoula nasceu em 11 de Maio de 1956 na aldeia Maquela do Zombo, província de Uige, Angola. Dedicou a sua carreira ao enriquecimento da história de Angola e de África, mais especi icamente na vertente relacionada ao fenómeno de trá ico de escravos. Quadro sénior do Ministério da Cultura, Simão Souindula começou a sua carreira em 1976, no Laboratório Nacional de Antropologia; trabalhou no Centro Internacional das Civilizações Bantu (CICIBA), em Libreville, de 1983 a 2003, e reintegrou-se no Ministério da Cultura em 2004, ocupando o cargo de director do Museu Nacional da Escravatura. Fez parte da Comissão Cientí ica do Projecto Mbanza Kongo.
Foi membro do Comité Cientí ico Internacional do Projecto UNESCO "The Slave Route", Professor de História e Director do Bantulink de Rede Internacional.
Autor de centenas de artigos e comunicações cientí icas, milhares de comunicados de imprensa, críticas e co-autor de uma dúzia de obras relacionadas com diferentes aspectos da evolução proto-histórica e histórica, realidades antropológicas e linguísticas, bem como ligada às expressões artísticas (artes visuais, música) da África Bantu e sua diáspora.