TPA ESCLARECE CASO “CALVÁRIO DE JOCELINE”
Paulo Julião, directorgeral do canal 1 da TPA explica as razões que impediram o filme “O Calvário de Joceline” de não passar na televisão: “há no filme cenas aliadas a uma linguagem que entram claramente em desacordo com a orientação editorial da TPA.
O jornal Cultura fez uma entrevista ao cartoonista e escritor Lito Silva que nos trouxe o caso do ilme por ele produzido, “O Calvário de Joceline”, argumentista e produtor. Ele diz que o ilme não passa na TPA. Mas não avançou as razões. Paulo Julião, director-geral do canal 1 da TPA explica essas razões.
Jornal Cultura – O que tem a TPA a dizer sobre a proibição da passagem no tempo de antena da TPA do ilme “O Calvário de Joceline”?
Paulo Julião
– Essa questão em torno do ilme “O Calvário de Joceline” é uma questão que já se arrasta há algum tempo. Nós visionámos o ilme um pouco antes do ano terminar, creio que 2 ou 3 vezes antes do im do ano, quando recebemos esse material e vimos que o ilme continha cenas que iam contra aquilo que é a política editorial da TPA. Nós não temos nenhuma autorização do produtor do ilme, no caso Lito Silva, para editar o mesmo e preferimos não colocá-lo na grelha de emissão da televisão. A menos que entremos num acordo com o produtor, ou ele próprio faça a edição das cenas que nós achamos que não vão ao encontro da politica editorial da TPA.
JC – Além das cenas, a TPA tam- bém levou em consideração a linguagem? A linguagem menos correcta está ligada às cenas impróprias para consumo da TPA, ou é independente delas?
PJ – É um pouco de tudo. Linguagem, cenas, há momentos em que o conteúdo é inapropriado à nossa politica editorial, estamos realmente a referir- nos à linguagem que usada no filme. Sei que o filme passou em alguns países dos PALOP, mas cada estação define a sua própria orientação e há no filme cenas aliadas a uma linguagem que entram claramente em desacordo com a orientação editorial da TPA.
JC – Mas, o Paulo Julião acha que o ilme podia passar nas salas de cinema? Qual a sua opinião pessoal, como cidadão?
PJ – Como cidadão, acho que sim. Desde que seja cotado como um filme para maiores de 18 anos, com uma referência à faixa etária do público que deve assistir ao mesmo. É um filme censurado, porque a linguagem do filme não deve atingir todos os estratos sociais.
JC – Qual seria a solução para este caso?
PJ – Nós temos 2 alternativas. A primeira é Lito Silva permitir que edi- temos o filme. Nós podemos editar o filme. Eu sei que os criadores não gostam muito que se mexa nos seus produtos. Também para nós não seria bom, por uma questão de honestidade intelectual, não desejamos mexer no filme. Deve ser o próprio Lito Silva a editar o filme, pode sentar- se connosco e vermos quais são as cenas contrarias àquilo que definimos como nossa política editorial e passar- mos normalmente o filme. Nós temos estado a passar filmes de autores nacionais, nós não temos nenhum problema em passar esse filme, simplesmente achamos que o filme tem conteúdo que contraria a nossa política editorial. Se Lito Silva estiver disponível para editar o filme, de modo a ajustar o filme ao nosso perfil editorial, podemos passá- lo sem problemas nenhuns.