CRÓNICA “SEMPRE SERÁ O NOSSO CARNAVAL DA VITÓRIA”
OCarnaval sempre foi a maior festa cultural do País. A minha infância foi marcada pelas grandes e belas memórias vividas no carnaval onde se aproveitava para usar as máscaras que representavam o verdadeiro semblante das nossas personalidades. Pra frente e pra trás lá eu subia e descia com os amigos podendo assistir de perto ou do alto da varanda de frente a Marginal da Avenida 4ºde Fevereiro. Naquele tempo não haviam bancadas para o povo e sim o empurra-empurra para poder tirar uma casquinha do que se podia ver e sentir dos grupos carnavalescos. O tempo passou e com ele mudaram as vontades. Os des iles distanciaram-se do nosso endereço mas não dos nossos corações. Este ano de 2018 foi marcado pelo facto ter passado pela experiência de des ilar no carnaval para o grupo “EtuMudietu”no 2ºdia de des iles. Foi uma experiência fantástica desde ensaios, provas de roupa e o calor e agitação do público. O que me chamou a atenção é que a força dos grupos carnavalescos vem de uma geração bem mais atrevida com um nível de criatividade fora de série. E para uma mente criativa e cheia de ideias não há nada pior do que seguir regras principalmente quando estas interferem no processo e liberdade de criação. O nosso carnaval é único e nada pe- de emprestado ao que se faz em outros Países mas acredito que tal como muitas pessoas, tanto os integrantes dos grupos carnavalescos, tanto quanto o público em geral,pede-se e espera-se mais inovação. É claro que sem apoio inanceiro pouco ou nada se faz mas também é verdade que a força da imaginação e do querer conseguem mover montanhas. Lamentei o facto de que os grupos apresentados nos primeiro dois dias não tiveram privilégio de uma cobertura televisiva em directo para poder partilhar com o País inteiro o seu árduo trabalho, mas en im...Atenta, assisti as entrevistas dos ilustres convidados durante a cobertura do 3º e último dia onde des ilaram os grupos da classe A no qual concordei com muito do que se abordou. Realmente o nosso Carnaval deve deixar de ser um evento organizado exclusivamente pelo governo e que deve passar a envolver o maior número possível de pessoas que venham a contribuir de diversas formas. Os grupos necessitam de apoios de grandes empresas e instituições, parcerias com designers e fazedores de arte. Os carros alegóricos pedem por melhores acabamentos e colossal extravagância. Há quem diga e tenha medo do nosso carnaval igualar-se a outros em especial ao do Brasil que diga-se de passagem é o maior do mundo. Mas o nosso carnaval está a precisar de umaincrementada e de maior opulência. Para melhor entender perguntei com todo interesse e curiosidade quais as regras obrigatórias a serem seguidas pelos grupos carnavalescos. Portanto os grupos têm que escolher um tema e fazer uma apresentação baseada neste mesmo tema e ter as alas compostas por comandantes, reis e rainhas, pelas varinas, grupo de bailado, pescadores, bessanganas e claro os carros alegóricos que des ilam ao som de uma canção original ao ritmo do semba, kabetula, kazukuta ou a dizanda. Pessoalmente não vejo nada demais em casar a tradição com a inovação e se possível adicionar uma lantejoula ali ou uma pluma acolá . A Tradição deve ser valorizada e preservada, a inovação vai fazer a diferença entre os grupos que competem entre si e a expectativa e entusiasmo do público torna-se maior.
Sonho com o nosso carnaval grandioso que arrastará multidões dos quatro cantos do planeta e sabemos bem que precisamos de muitos motivos para atrair turistas e pintar de coisas boas o nome do nosso País pelo mundo fora. Eu olho para o futuro do nosso carnaval com entusiasmo pois eu sei que este está muito bem entregue, em mãos de jovens que têm uma visão que faz jus ao apetite de por pra fora as ideias que inundam suas mentes brilhantes. Não deve haver medo de perdermos a nossa essência pois muito pelo contrário devemos fortalece-la com propriedade e orgulho pois o carnaval em Angola com mais ou menos extravagância, mais ou menos brilho e luz nunca deixará de ser o “Nosso carnaval da Vitória”.