EXPOSIÇÃO ITINERANTE
“A LÍNGUA PORTUGUESA EM NÓS” CONHECER O IDIOMA PELA VISÃO DOS FALANTES
Uma das principais perguntas que o ser humano procura responder há séculos é “quem somos nós?”. A resposta já foi objecto de muitos debates ilosó icos e cientí icos. O primeiro passo para descobrir a resposta é conhecer melhor a nossa origem. E este é o convite que o Centro Cultural Brasil Angola (CCBA) faz a todos os citadinos da capital, falantes do português, com a abertura da exposição “A língua portuguesa em nós”.
Através da evocação da beleza e multiplicidade dos falantes da língua portuguesa, a exposição procura fazer um enfoque sobre diversos aspectos culturais e sociais, que tornam esta língua única no mundo. Numa forte aposta na simplicidade, para explicar quem somos, a exposição faz um percurso sobre a história dos países da lusofonia.
Nesta viagem pela narrativa e conhecimento sobre diversos povos unidos pela mesma língua, a informação faz a diferença, principalmente para quem visita a exposição e conhece pouco sobre o português. Porém, a mente aberta para descobrir novas perspectivas é fundamental, porque como disse o psicanalista Sigmund Freud: “Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais: somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos ‘sem querer”.
Por meio de descrições sobre a história dos países falantes de língua portuguesa, número de falantes, rotas marítimas, referências literárias, alguns dos seus principais aspectos culturais, vídeos e jogos, os visitantes têm a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os países lusófonos e quem somos.
Entre os aspectos que chamam atenção sobre a história da língua portuguesa em Angola está a exibição de um extracto da carta enviada pelo rei Mbemba-a-Nzinga ao Papa Júlio II, depois do seu baptismo e da mudança de nome para Dom Afonso.
Outro aspecto de realce é a exposição de uma resenha sobre a literatura angolana e alguns livros que se tornaram decisivos para o seu desenvolvimento, como “Luuanda”, de Luandino Vieira, que marcou uma era e teve grande repercussão por mostrar o modo de vida na era salazarista, e “Undengue”, de Jacinto de Lemos, por mudar todo um paradigma, na forma de escrever, ao apresentar uma linguagem mais próxima das comunidades suburbanas.
As variantes da língua portugue- sa também foram analisadas nesta exposição, que tem uma secção para mostrar algumas variações desta em diversos países. Para aproximar mais os visitantes de algumas das obras mencionadas na exposição, o CCBA decidiu colocar estas à disposição de todos. Quem for visitar a mostra pode sentar-se e ler parte das obras mencionadas. Assim como jogar um pouco para avaliar o seu nível de conhecimentos sobre o português. No inal, os visitantes podem deixar o seu depoimento gravado para a posteridade, com a sua opinião sobre a língua portuguesa. Os depoimentos passam a fazer também parte do acervo do Museu da Língua Portuguesa.
Aberta ao público até o dia 3 de Agosto, de terça a domingo, das 10h00 às 20h00, na sede do CCBA ( no espaço onde foi o Grande Hotel de Luanda, próximo ao Museu de Antropologia), na baixa de Luanda, a mostra itinerante segue depois para Moçambique.
A MOSTRA
A exposição, que retrata a história e a diversidade do idioma, é uma iniciativa do Museu da Língua Portuguesa, e já esteve em cartaz em Cabo Verde.
Actualmente em reconstrução, o museu brasileiro criou a exposição “A Língua Portuguesa em Nós”, como uma forma de propor diálogos e trocas com os falantes do idioma. O conteúdo da mostra foi organizado a partir de quatro eixos temáticos: Nós da Língua Portuguesa no Mundo, História da Língua Portuguesa no Brasil, Poesia e Prosa e Diálogos.
Com consultoria de conteúdo do compositor, escritor e professor de Literatura brasileiro José Miguel Wisnik, a exposição faz um passeio pela presença da língua portuguesa no mundo, o contacto com outros idiomas, sua participação na formação cultural brasileira e sua presença na música, nas expressões culinárias e na literatura. O percurso pela exposição inclui curiosidades sobre os países que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), assim como procura descobrir as suas origens e como os idiomas vivem em constante movimento, nascem, se cruzam e se transformam.
Para ajudar a orientar os visitantes foram seleccionados 30 jovens estudantes de Letras, Comunicação Social, Artes Visuais, Produção Cultural e áreas afins, que ao longo da permanência da mostra no país vão actuar como mediadores das visitas educativas e auxiliar na programação cultural.