Jornal Cultura

EXPOSIÇÃO ITINERANTE

“A LÍNGUA PORTUGUESA EM NÓS” CONHECER O IDIOMA PELA VISÃO DOS FALANTES

- ADRIANO DE MELO

Uma das principais perguntas que o ser humano procura responder há séculos é “quem somos nós?”. A resposta já foi objecto de muitos debates ilosó icos e cientí icos. O primeiro passo para descobrir a resposta é conhecer melhor a nossa origem. E este é o convite que o Centro Cultural Brasil Angola (CCBA) faz a todos os citadinos da capital, falantes do português, com a abertura da exposição “A língua portuguesa em nós”.

Através da evocação da beleza e multiplici­dade dos falantes da língua portuguesa, a exposição procura fazer um enfoque sobre diversos aspectos culturais e sociais, que tornam esta língua única no mundo. Numa forte aposta na simplicida­de, para explicar quem somos, a exposição faz um percurso sobre a história dos países da lusofonia.

Nesta viagem pela narrativa e conhecimen­to sobre diversos povos unidos pela mesma língua, a informação faz a diferença, principalm­ente para quem visita a exposição e conhece pouco sobre o português. Porém, a mente aberta para descobrir novas perspectiv­as é fundamenta­l, porque como disse o psicanalis­ta Sigmund Freud: “Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais: somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos ‘sem querer”.

Por meio de descrições sobre a história dos países falantes de língua portuguesa, número de falantes, rotas marítimas, referência­s literárias, alguns dos seus principais aspectos culturais, vídeos e jogos, os visitantes têm a oportunida­de de conhecer um pouco mais sobre os países lusófonos e quem somos.

Entre os aspectos que chamam atenção sobre a história da língua portuguesa em Angola está a exibição de um extracto da carta enviada pelo rei Mbemba-a-Nzinga ao Papa Júlio II, depois do seu baptismo e da mudança de nome para Dom Afonso.

Outro aspecto de realce é a exposição de uma resenha sobre a literatura angolana e alguns livros que se tornaram decisivos para o seu desenvolvi­mento, como “Luuanda”, de Luandino Vieira, que marcou uma era e teve grande repercussã­o por mostrar o modo de vida na era salazarist­a, e “Undengue”, de Jacinto de Lemos, por mudar todo um paradigma, na forma de escrever, ao apresentar uma linguagem mais próxima das comunidade­s suburbanas.

As variantes da língua portugue- sa também foram analisadas nesta exposição, que tem uma secção para mostrar algumas variações desta em diversos países. Para aproximar mais os visitantes de algumas das obras mencionada­s na exposição, o CCBA decidiu colocar estas à disposição de todos. Quem for visitar a mostra pode sentar-se e ler parte das obras mencionada­s. Assim como jogar um pouco para avaliar o seu nível de conhecimen­tos sobre o português. No inal, os visitantes podem deixar o seu depoimento gravado para a posteridad­e, com a sua opinião sobre a língua portuguesa. Os depoimento­s passam a fazer também parte do acervo do Museu da Língua Portuguesa.

Aberta ao público até o dia 3 de Agosto, de terça a domingo, das 10h00 às 20h00, na sede do CCBA ( no espaço onde foi o Grande Hotel de Luanda, próximo ao Museu de Antropolog­ia), na baixa de Luanda, a mostra itinerante segue depois para Moçambique.

A MOSTRA

A exposição, que retrata a história e a diversidad­e do idioma, é uma iniciativa do Museu da Língua Portuguesa, e já esteve em cartaz em Cabo Verde.

Actualment­e em reconstruç­ão, o museu brasileiro criou a exposição “A Língua Portuguesa em Nós”, como uma forma de propor diálogos e trocas com os falantes do idioma. O conteúdo da mostra foi organizado a partir de quatro eixos temáticos: Nós da Língua Portuguesa no Mundo, História da Língua Portuguesa no Brasil, Poesia e Prosa e Diálogos.

Com consultori­a de conteúdo do compositor, escritor e professor de Literatura brasileiro José Miguel Wisnik, a exposição faz um passeio pela presença da língua portuguesa no mundo, o contacto com outros idiomas, sua participaç­ão na formação cultural brasileira e sua presença na música, nas expressões culinárias e na literatura. O percurso pela exposição inclui curiosidad­es sobre os países que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), assim como procura descobrir as suas origens e como os idiomas vivem em constante movimento, nascem, se cruzam e se transforma­m.

Para ajudar a orientar os visitantes foram selecciona­dos 30 jovens estudantes de Letras, Comunicaçã­o Social, Artes Visuais, Produção Cultural e áreas afins, que ao longo da permanênci­a da mostra no país vão actuar como mediadores das visitas educativas e auxiliar na programaçã­o cultural.

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